
Vista de uma janela superior da abadia Sacra di San Michele, Itália, em julho de 2025. | Emma Silvestri
Por Emma Silvestri
14 de jul de 2025 às 14:55
Desde os tempos antigos, peregrinos cristãos e observadores curiosos notaram uma linha invisível que atravessa o continente europeu até a Terra Santa, conhecida como Espada de São Miguel. A linha une sete santuários dedicados ao comandante das hostes celestiais, do extremo norte da Irlanda até Jerusalém, passando pela França, Itália e Grécia.
“As pessoas se surpreendem quando falamos de uma linha”, diz Tatiana Bogni, que é guia há 20 anos na basílica de São Miguel, no Piemonte, Itália, à CNA, agência em inglês da EWTN. “Se você olhar para um mapa, a linha não é perfeitamente reta”, diz ela. “Mas vivemos num globo — linhas são relativas. Para mim, o que importa é a direção que este símbolo indica”.
Bogni é apaixonada pela abadia Sacra di San Michele, que fica no centro da linha invisível que conecta os sete santuários, e fala incansavelmente sobre a construção medieval erguida sobre uma rocha onde dizem que são Miguel apareceu.
Ao longo dos séculos, vários peregrinos percorreram os caminhos dessa linha angelical em forma de espada, movidos pela devoção pessoal, pela busca de significado ou vinculados por um voto.
Segundo algumas tradições, é costume começar a peregrinação pelo norte e descer até Jerusalém. Bogni, no entanto, acredita que faz mais sentido começar na Terra Santa e viajar para o norte, até a Irlanda — representando a jornada dos monges bizantinos que trouxeram o culto a são Miguel do Oriente para o Ocidente.

Um mapa da espada de São Miguel pela Europa, chegando até Jerusalém. cortesia de Sacra di San Michele
Seja qual for a direção escolhida, essa linha invisível foi “criada” há muito tempo.
Os sete santuários têm uma característica notável: todos são de difícil acesso — isolados, longe de tudo, construídos em ilhas ou afloramentos rochosos. Às vezes, só para alcançá-los é preciso encarar a força bruta da natureza. Mais importante ainda, cada um deles tem uma história de séculos ligada ao arcanjo.
Os sete santuários de são Miguel
Na Irlanda, o santuário de Skellig Michael é uma ilha rochosa que se ergue do mar como um templo. Agora deserta e lar de aves marinhas, só é possível chegar de barco. Os peregrinos podem ver os restos mortais dos monges que viveram lá entre os séculos VI e XII e que dedicaram o local ao anjo que derrotou o demônio.
De lá, a segunda parada do santuário é no Reino Unido: o monte de São Miguel, outra ilha dedicada ao arcanjo. Reza a lenda que são Miguel apareceu aos pescadores para salvá-los dos recifes. O castelo-fortaleza ali construído serviu como reduto estratégico nas guerras europeias. Hoje, só 30 moradores preservam seu legado.
O terceiro local é o monte Saint-Michel, na França, cuja famosa abadia é um destino turístico mundial. De tempos em tempos, o monte sagrado — onde são Miguel apareceu ao bispo Aubert de Avranches no século VIII, pedindo-lhe que construísse um santuário — é cercado pelas ondas do oceano, deixado à mercê das marés selvagens.
A linha continua pela Itália com dois santuários ainda habitados por monges.
A primeira é a Sacra di San Michele, uma abadia medieval no Piemonte, a 965 metros de altura e visível de todo o vale de Susa. Para quem se aproxima, suas colossais fundações de pedra, que se projetam sobre o penhasco, ainda irradiam uma força mística e uma sensação da dureza da vida.
Mais ao sul, na região da Apúlia, fica o santuário de São Miguel Arcanjo, no monte Gargano, construído entre os séculos V e VI ao redor de uma caverna onde se diz que são Miguel apareceu. Entre os mistérios do local, a lenda diz que a pegada do arcanjo está impressa na rocha.
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Fonte: www.acidigital.com
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