segunda-feira, 18 de março de 2024

ORAÇÃO, ALTEROFOBIA E AMIZADE SOCIAL


Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)


O segundo domingo da Quaresma nos apresenta o mistério significativo e fascinante da Transfiguração, especialmente neste ano em que nos preparamos para o jubileu 2025 dos sessenta anos do Concílio aprofundando a experiência da oração especialmente do Pai Nosso e que a CF 2024 reflete o tema fraternidade e amizade social.

A Transfiguração nos permite saborear e antever as transformações provocadas com o encontro com o Pai, a oração que nos une plenamente com Deus e ilumina com o resplendor da humanidade nova e inteira. A oração é sempre um Tabor, que aprofunda nossa filiação e imagem divina em Cristo. Contemplando Cristo Transfigurado, alcançamos a visão plena de nossa vocação e a alegria da posse de Deus na nossa alma. Nos devolve aquilo que o pecado tinha separado e fragmentado: a nossa união com o Pai da Consolação e da Misericórdia.

Ao entrarmos na “nuvem” da oração, acolheremos a Palavra do Pai que nos fará reconhecer no Filho seu projeto de salvação e nos convocará a obediência e fidelidade da Aliança batismal. Orar é sempre um chamado à conversão, a comunhão e a missão. Por isso a oração possibilita curar no nosso coração e na nossa mente a fissura do síndrome de Caim, da prisão do ódio e da ira assassina que nos faz ver nos outros um inimigo e uma ameaça.

Pela oração cristã nos libertamos no medo, da discórdia e da subjetivação radical que nos isola e nos torna cegos ao amor e a comunhão com Deus e os irmãos. Somente aprendendo a rezar e a viver a Oração do Pai Nosso, tornando-a regra e programa de vida seremos capazes de irradiar a alegria e gozo de ser filhos e filhas do Pai amado e testemunhar a felicidade de sermos irmãos e irmãs de todas as pessoas e criaturas.

Que o Espírito Santo nosso mestre e amigo interior nos leve sempre a uma oração centrada no seguimento e configuração de Cristo, passando pela Cruz amorosa, compassiva e solidária com todos os sofrimentos e angústias da humanidade e de toda a Criação, para na Páscoa ressuscitarmos com Jesus imagem perfeita do Pai, e do homem e mulher renascidos e mensageiros da Nova Criação, membros vivos da fraternidade universal, que somos chamados a esperar e testemunhar com entusiasmo e paresia. Deus seja louvado!


Papa: dom e perdão são a essência da glória de Deus

Papa da janela do apartamento pontifício para o Angelus (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

"A glória, para Deus, não corresponde ao sucesso humano, à fama ou à popularidade: não tem nada de autorreferencial, não é uma manifestação grandiosa de poder seguida de aplausos do público. Para Deus, a glória é amar até dar a vida (...). E isto aconteceu de forma culminante na Cruz, onde Jesus manifestou ao máximo o amor de Deus, revelando plenamente o seu rosto de misericórdia, dando-nos vida e perdoando".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

"Para Deus, a glória é amar até dar a vida. Glorificar-se, para Ele, significa doar-se, tornar-se acessível, oferecer o seu amor (...). Dom e perdão são a essência da glória de Deus."

Chegamos ao V Domingo da Quaresma. E ao nos aproximarmos da Semana Santa, o Papa nos recorda que Jesus diz-nos algo importante no Evangelho: que na Cruz veremos a sua glória e a do Pai.

Para Deus, a glória é amar até dar a vida

Dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro para o Angelus dominical, Francisco pergunta "como é possível que a glória de Deus se manifeste precisamente ali, na Cruz?". "Poder-se-ia pensar que isto acontece na Ressurreição, não na Cruz, o que é uma derrota, um fracasso", observa, mas ao invés disso, hoje Jesus, falando da sua Paixão, diz que "chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado". Mas, que exatamente Ele quer nos dizer ao afirmar isso?

Ele quer dizer-nos que a glória, para Deus, não corresponde ao sucesso humano, à fama ou à popularidade: não tem nada de autorreferencial, não é uma manifestação grandiosa de poder seguida de aplausos do público. Para Deus, a glória é amar até dar a vida. Glorificar-se, para Ele, significa doar-se, tornar-se acessível, oferecer o seu amor. E isto aconteceu de forma culminante na Cruz, onde Jesus manifestou ao máximo o amor de Deus, revelando plenamente o seu rosto de misericórdia, dando-nos vida e perdoando os seus crucificadores.

Verdadeira glória de Deus feita de dom e perdão

Da Cruz, “cátedra de Deus” - disse o Santo Padre - "o Senhor ensina-nos que a verdadeira glória, aquela que nunca se apaga e nos faz felizes, é feita de dom e perdão":

Dom e perdão são a essência da glória de Deus. E são para nós o caminho da vida. Dom e perdão: critérios muito diferentes do que vemos ao nosso redor, e também em nós, quando pensamos na glória como algo a ser recebido mais do que dado; como algo a ser possuído em vez de oferecido. Mas a glória mundana passa e não deixa alegria no coração; nem mesmo leva ao bem de todos, mas à divisão, à discórdia, à inveja.
Quando damos e perdoamos, resplandece em nós a glória de Deus

E então, o Papa propõe que nos perguntemos:

Qual é a glória que desejo para mim, para a minha vida, que sonho para o meu futuro? A de impressionar os outros pelo meu valor, pelas minhas capacidades ou pelas coisas que possuo? Ou o caminho do dom e do perdão, o de Jesus Crucificado, o caminho de quem não se cansa de amar, confiante de que isto testemunha Deus no mundo e faz brilhar a beleza da vida? Recordemo-nos, de fato, que quando damos e perdoamos, resplandece em nós a glória de Deus.

Que a Virgem Maria, que seguiu com fé Jesus na hora da Paixão - disse ao concluir - nos ajude a ser reflexos vivos do amor de Jesus.


EVANGELHO DO DIA (Jo 8,1-11)

ANO "B" - DIA: 18.03.2024
5ª SEMANA DA QUARESMA (ROXO)

— Glória a vós, Senhor Jesus, Primogênito dentre os mortos!
— Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida. (Ez 33,11)
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1 Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2 De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3 Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Levando-a para o meio deles, 4 disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5 Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?”

6 Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7 Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8 E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.

9 E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio, em pé. 10 Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11 Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIOS:
"Deixe a oração produzir frutos em sua vida"

Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. Os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Levando-a para o meio deles, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”.(Jo 8,1-7)

Meus irmãos e minhas irmãs, Jesus está no Monte das Oliveiras. Esse dado geográfico é importante, porque o Monte das Oliveiras era um lugar privilegiado por Jesus, onde Ele passava muitas horas em oração. Foi nesse mesmo lugar que Ele, rezando ao Pai, suou sangue, angustiou-se, teve medo, lutou contra a tentação de fazer a Sua vontade e não a vontade do Pai. Jesus faz uma experiência de intimidade com Deus no Monte das Oliveiras.

Por isso a oração não é uma espécie de yoga, não é uma meditação para o nosso bem-estar, a oração cristã é pôr-se diante de Deus, que, às vezes, nos pede coisas muito exigentes, um fruto da oração por exemplo: é a consciência de quem somos e não de quem o outro é. Por isso que o que deriva da oração é o comportamento das pessoas; se nós nos colocarmos em oração diante de Deus, isso terá que mudar o nosso comportamento, a nossa forma de agir, a nossa forma de pensar.

Aqueles que se diziam homens de Deus, homens da lei, homens do templo, fiéis defensores da moral, da justiça, a vida espiritual deles produz um desejo de morte em relação àquela mulher, a vida espiritual deles não produziu um comportamento conforme a vontade de Deus.
O que deriva da oração é o comportamento das pessoas

Que oração era aquela? A qual Deus eles se dirigiram, que doença espiritual tomava conta do coração deles? Esqueceram-se do Deus que os salvara do Egito, passaram uma espécie de uma borracha na lei do amor, que prevaleceu na vida dos seus antepassados. Será que o Salmo 78 não tinha desaparecido de suas mentes? Foi jogado fora? O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas. Esqueceram-se! Povo sem memória, povo sem memorial da libertação de Deus amor e misericórdia.

Nós corremos esse risco, meus irmãos, nós também corremos o mesmo risco; em vez de apresentar nossos irmãos a Jesus para que o Senhor os salve de seus pecados, nós os apresentamos para condená-los. Por isso a Quaresma é o tempo de purificar os nossos lábios que se dizem tão orantes, que repetem fórmulas e mais fórmulas, mas, muitas vezes, sentenciam a condenação eterna dos nossos irmãos.

Tem boca por aí que só se abre para falar do inferno e de condenação. Melhor que tivessem fechadas, melhor que anunciassem a misericórdia de Deus, melhor que falassem da casa de Deus, que é o Paraíso, do que falar da casa do demônio, que é o inferno. Que nosso Senhor converta a nossa forma de rezar!

Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Padre Donizete Heleno Ferreira
Sacerdote da C. Canção Nova

Os efeitos do Sacramento da Confissão


Os efeitos espirituais do sacramento da Penitência, conforme o Catecismo (§1496) são:

1. a reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a graça;
2. a reconciliação com a Igreja;
3. a remissão da pena eterna devida aos pecados mortais;
4. a remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, sequelas do pecado;
5. paz e serenidade da consciência, e consolação espiritual;
6. o acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.

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Veja quantas bênçãos nos traz este sacramento. Certa vez o Papa João Paulo II disse que “os consultórios dos psiquiatras estão lotados, porque os confessionários estão vazios”.

A Confissão cura a mente e põe a paz no coração, pois cura as chagas da nossa alma. Além disso, faz crescer em nós as forças espirituais para sermos fiéis a Deus.

Sem o auxílio do sacramento da Penitência não podemos almejar a santidade, uma vez que, após o pecado mortal, é através desse sacramento que podemos obter a reconciliação com Deus e com a Igreja (Cat. § 1497).

É de todo lamentável que muitos batizados se afastem desse Sacramento que significa a maior das misericórdias de Deus para conosco – o perdão de nossos pecados, que são o câncer de nossa alma. Fico pensando se um canceroso soubesse que existe o remédio fácil e disponível para a sua cura, mas se recusasse a tomá-lo… Seria uma loucura inexplicável; pois bem, é exatamente assim que fazem aqueles que se afastam deste augusto Sacramento.

Podemos resumir os efeitos espirituais do sacramento da Penitência como se segue:

A reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a graça; volta à amizade e à comunhão com Deus. “Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade” (Cat. R. 2,5,18).

A reconciliação com a Igreja; o Corpo de Cristo onde estão inseridos todos os batizados, e com quem Cristo vai celebrar as bodas eternas na casa do Pai, reintegra o pecador no rebanho de Cristo.

A remissão da pena eterna devida aos pecados mortais concede ao pecador o estado de graça; sem ele, pode o pecador impenitente chegar a uma vida eterna longe de Deus, no estado de vida chamado de inferno; frustração total.

A remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, sequelas do pecado, são as penas temporais devidas aos pecados já perdoados; se não forem cumpridas nesta vida poderão ser cumpridas no Purgatório.


A paz e a serenidade da consciência e a consolação espiritual dá sossego, equilíbrio e felicidade ao cristão; ele não carrega mais o sentimento de culpa que tanto mal faz às pessoas. Os que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa, “podem usufruir da paz e tranqüilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual” (Conc. Trento, DS, 1674). O sacramento da Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira “ressurreição espiritual”, uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus.

O acréscimo de forças espirituais para o combate cristão, são não só perdoa os pescados, como cura a nossa alma e a fortalece na luta contra as paixões desordenadas.

Prof. Felipe Aquino




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São Cirilo de Jerusalém


Cirilo nasceu por volta do ano 315 em Jerusalém ou em seus arredores. Teve um lar cristão, com uma vida financeira confortável, e recebeu uma sólida formação nas Sagradas Escrituras e em matérias humanísticas. Em 348 foi eleito bispo, patriarca de Jerusalém. Enormes foram suas contribuições para o ensinamento da sã Doutrina.

Deixou diversos escritos, como a descoberta da Cruz e da rocha que fechava o Santo Sepulcro, mas os mais famosos deles, sua obra-prima, foram as "Catequeses", que estão entre os mais preciosos tesouros da antiguidade cristã; duas importantes constituições dogmáticas do Concílio Vaticano II, a Lumen Gentium sobre a Igreja, e a Dei Verbum sobre a Revelação Divina, foram inspiradas em seus escritos.

Suas catequeses foram redigidas como parte da preparação dos catecúmenos para o batismo, à qual se dedicou por muitos anos e com muito cuidado. Elas tratam com rigor doutrinal e profundidade, mas de forma simples e direta, temas como o pecado, os Sacramentos, o Credo e outros pontos essenciais da Fé. Constituem-se de uma Introdução, 23 “Aulas Catequéticas”, “Orações Catequéticas” ou “Homilias Catequéticas”, e cinco “Catequeses Mistagógicas”.

As "Aulas Catequéticas", ministradas na Quaresma, instruem sobre os principais tópicos da fé e da prática cristã. Cada aula baseia-se num texto das Escrituras e inclui admoestações contra concepções pagãs, judias e erros heréticos. Elas são de grande importância para o entendimento do método de ensino e das práticas litúrgicas geralmente utilizados na época, provavelmente o seu mais completo registro sobrevivente. As "Catequeses Mistagógicas", ministradas durante a semana de Páscoa para os que haviam recebido o batismo (neófitos), têm este nome por tratarem dos "mistérios" , ou seja, os Sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia.

O episcopado de Cirilo, entre 350 e 386, sofreu interrupções por conta das perseguições arianas, num total de 16 anos. A heresia ariana negava a divindade de Jesus. Foi exilado pela primeira vez em 357, pelo bispo ariano Acácio de Cesareia da Palestina, que pretendia que a sede de Jerusalém fosse submetida à sua: convocou um concílio, sem a presença de Cirilo, acusando-o formalmente de vender propriedades da Igreja para ajudar os pobres, e lhe impôs um retiro forçado na cidade de Tarso, na Cilícia. Mas em 359 o concílio episcopal de Selêucia reinstalou Cirilo e depôs Acácio. Foi expulso pela segunda vez em 360, por causa das pressões de Acácio sobre o imperador filo-ariano, Constâncio. Retornou com a morte do soberano. Em 367 o imperador ariano Valente o condenou ao mais longo – 11 anos – e cruel exílio, encerrado definitivamente quando Graciano assumiu o trono em 378. Assim, em 381, Cirilo pôde participar do II Concílio Ecumênico de Constantinopla, que o confirmou na sede de Jerusalém, e quando foi proclamado o Credo Niceno-Constantinopolitano, que explicitava e corrigia em definitivo o erro ariano.

São Cirilo morreu em 386, provavelmente no dia 18 de março, com 71 anos. Foi proclamado Doutor da Igreja.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Ide ao mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas (Mc 16,15).” Esta é uma ordem explícita de Jesus, Ressuscitado, aos Apóstolos. A catequese é uma obrigação e a maior caridade que se pode fazer, pois muitas almas não chegam a Deus simplesmente porque não há quem lhes transmita a Verdade (cf. Rm 10,14-17). É preciso difundir a Fé pelo exemplo e pela palavra, em harmonia e coerência, mas se a nossa imperfeição muitas vezes atrapalha os bons exemplos, a palavra de Deus está sempre certa (incluindo a advertência sobre estas falhas no exemplo). Não se pode pretender – o que seria imemso pecado! – levar os outros a Deus sem nos esforçarmos ao máximo para sermos os primeiros a viver o que vamos pregar, mas mesmo Cristo (cf. Mt 23,3) orientou a que se seguisse a lei de Deus, mesmo que os fariseus, que a ensinavam, não a cumprisse. Essencial é sempre pregar, quando conveniente ou não – cf. 2Tm 4,1-7 –, pois, como admoesta São Paulo, virão tempos em que os homens não suportarão a Boa Nova da Verdade e buscarão mestres que ensinem segundo as paixões das suas próprias fantasias, a tarefa pastoral mais importante no tempo de São Cirilo era catequizar os pagãos; mas as palavras de São Paulo parecem escritas especialmente para os nossos dias, e, infelizmente, não apenas para outros, mas primeiramente para os católicos, dentre os quais há quem pensa poder “escolher” só alguns pontos da Doutrina e não seguir o resto. Agir de acordo com a própria consciência é um direito, mas é questão de simples honestidade, intelectual e espiritual, assumir que não se é católico, quando não se quer seguir – ou mesmo conhecer de verdade – o ensinamento de Deus e da Igreja. Conhecer a Fé não exige uma titulação acadêmica em Teologia, mas interesse e empenho sinceros de saber o Catecismo e nele sempre mais se aprofundar, dentro das possibilidades de cada um. Não se pode amar o que não se conhece; e não conhecer corretamente a Deus e o que Ele ensina, talvez por desinteresse ou comodismo, é já um caminho de escolher não amá-Lo.

Oração:

Senhor Deus, que Vos fizestes Verbo, Encarnado para escrever a salvação em nossos corações, concedei-nos por intercessão de São Cirilo ouvir com amor e atenção a Vossa Palavra, guardá-La na alma e proclamá-La por nossas vozes e ações, sendo como dizia este santo “portadores de Cristo”, de modo a termos nossos nomes grafados no Livro da Vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

domingo, 17 de março de 2024

CNBB INICIA A FASE DE SENSIBILIZAÇÃO PARA A IMPLEMENTAR UMA POLÍTICA DE PROTEÇÃO E COMPLIANCE


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deu o pontapé inicial nesta semana, dia 14 de março, durante reunião do seu Conselho Permanente, à fase de sensibilização para a implementação da sua Política de Proteção e Compliance. A formação, cujo título é “Compliance: um caminho ético e decisivo na caminhada sinodal”, foi conduzida por um grupo de especialistas que está implementando a política de Compliance na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná e no grupo Marista.

Participaram desta primeira etapa da implementação de uma Política de Proteção e Compliance na CNBB, os bispos que integram o Conselho Permanente (membros da presidência, presidentes de seus 19 regionais, das Comissões Episcopais e representantes dos organismos vinculados e do povo de Deus). Foram especialmente convidados para participar desta formação, os secretários-executivos dos regionais da CNBB.

De acordo com o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, trata-se de uma primeira sensibilização para o tema da Compliance que parte, num primeiro momento, da atenção e cuidado da proteção das crianças, adolescentes e vulneráveis nos ambientes da CNBB – sede, regionais e organismos vinculados – e vai avançar para outros temas que integram uma política de Compliance mais ampla.
Conteúdos da formação em Compliance

A formação buscou esclarecer o que é Compliance. Trata-se, segundo o conceito apresentado, como a estrutura implementada para mitigar o risco de sanções, perdas financeiras ou danos à reputação e imagem sofridos como resultado de falhas no cumprimento de aplicações de leis, regulamentações, normas e procedimentos, código de conduta e das boas práticas impostas pelos órgãos reguladores aplicáveis à organização.

De acordo com o padre da arquidiocese de Londrina (PR) e um dos responsáveis pela formação em Compliance, José Rafael Solano Durán, é o próprio Evangelho que coloca para todos a necessidade de sermos honestos, claros e transparentes no trabalho e na gestão das organizações.

“Em primeiro lugar, é importante destacar que a política de Compliance está na contramão de um mundo perverso e corrupto onde se pagam propinas e se mente. Em segundo lugar, ela veio para ficar. Tem a ver com transparência, atuação ética, honestidade, coerência e se atentar aos aspectos legais e morais. Não é o Serasa, mas a Compliance é o que nos dá garantia para que a transparência e a verdade sejam estabelecidas nas organizações”, disse.

Canal de Escuta

Dentro de uma Política de Proteção e Compliance, a organização estabelece os temas e legislações que comporão o código de conduta a ser observado pelo conjunto de pessoas que integram a organização, incluindo os fornecedores, e os explicita num processo de comunicação, de modo que a informação seja compartilhada por todos.

A Compliance estabelece ainda um Canal de Escuta, composto por pessoas que são de fora da organização destdinadas a receber as denuncias que precisam ser resguardadas sob a garantia de proteção do anonimato. Os responsáveis pela escuta encaminham as questões para a direção da organização e para as comissões de ética apurarem e darem os encaminhamentos necessários.





EVANGELHO DO DIA (Jo 12,20-33)

ANO "B" - DIA: 17.03.2024
5º DOMINGO DA QUARESMA (ROXO)

Havia alguns gregos entre os que tinham subida a Jerusalém para adorar durante a festa. Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e disseram: «Senhor, queremos ver Jesus». Filipe conversou com André, e os dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade, vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem não faz conta de sua vida neste mundo, há de guardá-la para a vida eterna. Se alguém quer me servir, siga-me, e onde eu estiver, estará também aquele que me serve. Se alguém me serve, meu Pai o honrará.

»Sinto agora grande angústia. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora’? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai glorifica o teu nome!» Veio, então, uma voz do céu: «Eu já o glorifiquei, e o glorificarei de novo». A multidão que ali estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um anjo que falou com ele». Jesus respondeu: «Esta voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por vossa causa. É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, e quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim». Ele falava assim para indicar de que morte iria morrer.

COMENTÁRIOS:
«Se alguém quer me servir, siga-me»

Fr. Vimal MSUSAI(Ranchi, Jharkhand, India)

Hoje escutamos uma passagem evangélica cujas palavras —da mão do discípulo amado— deveram transmitir uma forte coragem no caminho da fé durante as perseguições que sofreram os primeiros cristãos. Naqueles dias das festas judias, alguns gregos foram a Jerusalém para prestar culto e quiseram ver Jesus. Pediram ajuda aos discípulos.

“Ver Jesus” não significa simplesmente olhar para ele, coisa que provavelmente pretendiam aqueles gregos. “Ver Jesus” é entrar totalmente em seu modo de pensar; significa entender porque Ele tinha que sofrer e morrer para ressuscitar. Como o grão de trigo, Jesus Cristo tem que deixar tudo, inclusive sua própria vida, para poder trazer vida para Ele e para muitos outros.

Se não captamos isto como o núcleo da vida de Cristo, então não o vemos realmente. Em palavras de são Atanásio, só podemos ver Jesus através da morte mediante a Cruz com a qual Ele traz muitos frutos para todos os séculos. “Ver Jesus” quer dizer render-se diante de uma não merecida morte que traz os dons da fé e da salvação para a humanidade (cf. Jn 12,25-26). Mahatma Gandhi reflete a mesma ideia dizendo que «o melhor caminho para se encontrar com si mesmo é perder-se no serviço aos demais».

As palavras de Jesus lembram aos seus discípulos que devem seguir seus passos, inclusive até a morte. O grão, realmente não more, ele se transforma em algo completamente novo: raízes, folhas e frutos (a Páscoa). De maneira similar, a lagarta deixa de ser lagarta para se transformar em algo diferente-e ao mesmo tempo— frequentemente muito mais bonito (uma borboleta).

E, se nós queremos “ver Jesus”, temos que andar seu caminho. «Se alguém me serve, que me siga, e onde eu estiver, ali estará também meu servidor» (Jn 12,26). Isto supõe percorrer com Jesus Cristo e com Maria todo o caminho do Calvário, onde quer que esteja cada um de nós. Jesus, que deixou todas as coisas por nós, nos chama a estar com Ele todo o percurso, imitando sua entrega e procurando que se cumpra a vontade de seu Pai.

Fonte: evangeli.net

Preparando o coração para uma boa confissão


“Reconciliai-vos com Deus”. Não coloque nada antes do amor de Cristo.

1. Peça a Deus que te a ajude a sentir-se pecador

O arrependimento é uma visita de Deus, um sinal de seu amor. Por isso, antes de aproximar-nos, é importante que oremos com um coração arrependido.

2. Examine sua consciência

Muitas vezes, o pecado se esconde no mais profundo do nosso coração, e muitas vezes, nem nós mesmos somos capazes de enxerga-lo, ou não o chamamos de “pecado”, e sim, de costume, ou coisa que “todo mundo faz”. Examine com atenção a sua consciência. Para isso, pode utilizar os mandamentos, ou as bem-aventuranças.

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As perguntas que temos aqui também poderão te ajudar:

Amarás o Senhor teu Deus com todo o seu coração

• A minha fé em Deus está firme? O que me impede que Deus seja o mais importante para mim? O que faço para fortalecer a minha fé?

• Rezo assiduamente, pela manhã e pela noite? Participo da Eucaristia sobretudo aos domingos? Ofereço a Deus meus trabalhos e minhas preocupações? Me preocupo em estudar e me aprofundar na Palavra de Deus?

• Existem outros deuses que habitam em me coração? Que ídolos tenho construído?

Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado

• Tenho um autêntico amor ao próximo? Abuso de meus irmãos usando-os para meus fins? Trato os outros como gostaria que me tratassem?

• E no seio de minha família? Colabora para que exista a paz, o amor e as boas relações?

• Compartilho o que é meu com os demais? Que tempo, qualidades, dinheiro, ponho de fato, à disposição do próximo? Como me interesso pelas coisas das pessoas que convivem comigo, em minha casa, trabalho, cidade…? Cumpro com minhas obrigações de cidadão?

• Sou prestativo, trabalhador, cuidadoso, comprometido com o trabalho que realizo?

• Cumpro a palavra que dou? Profiro calúnias, mentiras, meias verdades ou pelo contrário, digo sempre o que é justo?

• Me sinto distante de alguém por rinchas, disputas, brigas? Machuquei alguém com piadas ou fisicamente? Sinto-me disposto a promover paz ou a propagar a violência e a vingança?

• Se existem pessoas à minha disposição, tenho me preocupado em dar o melhor de mim mesmo? Ou as tenho usado para os meus próprios propósitos?

• Roubei alguém? Procurei restituir ou reparar esse dano?

Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito

• Me esforço para crescer na vida espiritual? Me esforço para dominar meus vícios e más inclinações? Tenho sido soberbo? Imponho minha vontade acima de tudo passando por cima dos demais?

• Como tenho feito uso do meu tempo, de minhas forças, dos dons que Deus meu deu? Vivo na ociosidade ou na preguiça?

• Tenho procurado colocar sempre minha sexualidade a serviço de um autêntico amor ou pelo contrário tenho usado ela só por diversão?

• Trato sempre de agir com liberdade de consciência de filhos de Deus, ou me sinto preso por algo ou por alguém?

3. Pedir perdão

Depois de haver examinado sua consciência, fique em silêncio pedindo a Deus e a sua Igreja perdão. Pode fazê-lo com suas próprias palavras ou com uma oração:

“Misericórdia Senhor, por Tua bondade, por Tua imensa compaixão apagai a minha culpa, lavai de todo os meus erros, limpai o meu pecado.

Pois eu reconheço minha culpa, tenho sempre a minha frente o pecado, foi contra Ti, contra Ti pequei, cometi a maldade que o entristece.

Te agrada um coração sincero, e o meu interior cheio de sabedoria, então, asperge-me, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais branco que a neve.

Fazei-me ouvir o gozo e a alegria, que se alegrem os ossos quebrantados. Afastai meu pecado de seus olhos, apagai em mim toda a culpa.

Ó Deus, criai em mim um coração puro, firmai-me com um espírito generoso, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim Teu Santo Espírito”.


4. Confissão dos pecados

Aproxime-se do sacramento com confiança. Pode começar com uma saudação normal, ou como preferir.

Depois manifeste com sinceridade as raízes de seus pecados e seu estado de separação com Deus. O sacerdote pode te dar algumas palavras de alento. Depois estabelecer uma obra de penitência. E o convidar para que se reconheça pecador. Pode rezar uma breve oração como esta: “Senhor Jesus, tende piedade de mim, que sou um pecador”.

Finalmente, o sacerdote, em nome de Deus, declarará que foi absolvido de sua culpa.



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