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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O que é a tradição da Igreja?

A Escritura e a Tradição da Igreja são Palavra de Deus, ensinamentos divinos.

Falar da Tradição da Igreja não é falar de simples costumes que se perpetuam na vida da Igreja. Não estamos falando de tradições culturais, mas da Sagrada Tradição. A Sagrada Tradição guarda o depósito de fé da Igreja, que conserva o que Jesus ensinou. Esse depósito de fé é também chamado de Revelação, ou seja, aquilo que Deus ensinou de Si e Seus mistérios aos homens através dos ungidos do povo de Deus na Antiga Aliança (patriarcas, juízes, profetas, autores bíblicos etc) mas, sobretudo através de Cristo, que depois foi ensinado pelos apóstolos, guardado e vivido na Igreja primitiva. Essa verdade revelada está contida na Tradição da Igreja e na Sagrada Escritura, a Bíblia.


A Sagrada Escritura e a Tradição contêm, pois, toda a doutrina revelada; a Tradição chega para nós hoje, sobretudo, através dos símbolos da fé (os credos, como o dos apóstolos e o Niceno-Constantinopolitano), na liturgia e na vida (pregação e santos) da Igreja, nos escritos dos padres e doutores da Igreja que nos primeiros séculos transmitiram a fé. O Magistério da Igreja, sob a assistência do Espírito Santo, conserva e interpreta essa Revelação (cf Jo16, 12-13; Lc 22,32; Jo 21,15).
Tanto a Escritura como a Tradição são Palavra de Deus, isto é, o ensinamento divino, comprovado por milagres e profecias; com a diferença de que a Tradição não foi escrita por aqueles a quem Deus revelou; embora, com o tempo, outras pessoas tenham podido escrevê-la, a fim de a conservarem e transmitirem com maior fidelidade. “Daí resulta que a Igreja, à qual estão confiadas a transmissão e a interpretação da Revelação, ‘não deriva sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência” (CIgC 82).

Palavra de Deus não é só a Bíblia

É importante que o leitor entenda que a Palavra de Deus não é a Bíblia, mas a Bíblia é a Palavra de Deus, porque ela é infalivelmente inspirada. Talvez assuste ouvir isso, mas essa é uma premissa fundamental para entender a fé da Igreja. A Palavra de Deus é o Verbo eterno do Pai que Se encarnou no ventre da Virgem Maria. Portanto, a Palavra eterna é Pessoa Divina e por mais sagrado e inspirado que seja um livro, ele não pode conter toda a Palavra. Por isso mesmo que no final do seu evangelho São João afirma: “Jesus fez muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever” (Jo 21, 25).
Então, muitas coisas que Jesus ensinou não foram escritas, mas foram ensinadas e vividas; e essas coisas constituem a Tradição da Igreja. Por isso diz o Catecismo da Igreja Católica: “Todavia, a fé cristã não é uma ‘religião do Livro’. O cristianismo é a religião da Palavra de Deus, ‘não de um verbo escrito e mudo, mas do Verbo encarnado e vivo’. Para que as Escrituras não permaneçam letra morta, é preciso que Cristo, Palavra eterna de Deus vivo, pelo Espírito Santo nos ‘abra o espírito à compreensão das Escrituras’ Lc 24, 45” (CIgC 108).
Sagrada Tradição

Aliás, a própria Bíblia, ou Sagradas Escrituras, tem o seu berço na Sagrada Tradição. A Tradição inicial, ou seja, a pregação dos apóstolos, é anterior à Sagradas Escrituras e durante muitos anos foi a única regra de fé. Afinal, Jesus mandou: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15), e não “Ide e escrevei livros” (é bom lembrar que na época não existia gráfica, nem caneta, tampouco máquina de datilografar… Computador, menos ainda). Com efeito, a pregação dos apóstolos começou no próprio ano da morte de Cristo (ano 33).

Diversamente, os livros da Sagrada Escritura só começaram a ser escritos a partir do ano 50 até o ano 100; e sobretudo, não foram conhecidos pela Igreja universal, senão no decurso dos primeiros séculos, pois ao princípio, só eram conhecidos pelas Igrejas particulares a que se destinavam. Notável é o testemunho da própria Bíblia em favor da tradição: “Embora tivesse muitas coisas a escrever-vos, não o quis fazer por meio de tinta e papel, pois espero ver-vos e falar-vos de viva voz” (2Jo 12); “Conservai-vos firmes na fé e guardai as tradições que aprendestes, quer pela nossa pregação, quer pela nossa carta” (2Ts 2, 14); ‘O que ouviste da minha boca e de muitas testemunhas, confia-o a outros homens fiéis, capazes de instruir os outros” (2Tm 2,2).

Se entendermos que a Escritura é a única fonte da nossa fé, como fazem os protestantes, somos forçados a achar que nos primeiros anos e séculos, não havia na Igreja fonte alguma de fé, o que é inadmissível, porque equivaleria a dizer que então não havia fé; mais admissível é aceitar uma fonte de fé distinta da Escritura, a saber, a Tradição ou ensino dos apóstolos e seus sucessores.
A Igreja nasceu da Bíblia?

A Bíblia nasceu da Igreja e não a Igreja nasceu da Bíblia. Não se pode saber com certeza que livros contêm na realidade a doutrina de Cristo, nem qual o seu verdadeiro sentido, a não ser pelo ensino da Igreja. Portanto, se não se acredita na assistência de Deus de infalibilidade à Igreja, tampouco se pode acreditar no valor infalível da Bíblia como Palavra de Deus. Não se pode celebrar o fruto negando a existência e o valor da árvore que o gerou. Por isso diz Santo Agostinho: “Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja Católica”.

A Igreja é essa mãe que nos alimenta da graça de Cristo, que nos ensina a fé e por isso diz São Cipriano (séc. III): “Nascemos todos do seu ventre, somos nutridos com seu leite e animados por seu Espírito”.

Autor:  André Botelho

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Conheça alguns dos símbolos históricos do papado

O Anel do Pescador: anel de ouro em que está gravada a Barca de Pedro, símbolo da Igreja, e em volta dela, o nome do papa reinante. A primeira menção documentada ao Anel do Pescador é feita em 1265, em uma carta na qual o papa Clemente IV comenta que já era costume de sucessores de Pedro, bem anteriores a ele, gravar seu nome e a barca em seus documentos com um pouco de cera quente, sobre a qual era pressionado o anel. Quando o papa morre, seu Anel do Pescador é destruído pelo cardeal camerlengo, simbolizando-se o fim da autoridade do papa falecido e impedindo-se que outro venha utilize o anel indevidamente.


A Férula: espécie de bastão em forma de cruz, que representa o governo universal do papa. O pontífice a usa no lugar do báculo pastoral dos bispos e dos abades mitrados, que, lembrando o cajado de um pastor, simboliza a autoridade na diocese ou na abadia.


A Cadeira Gestatória ou Sédia Gestatória: trono papal portátil, carregado por doze homens chamados sediários ou palafreneiros, vestidos de vermelho com ornamentos dourados, e acompanhada por dois assistentes que levavam os flabelos, grandes leques de pena de avestruz que remontam ao século IV. Os flabelos eram usados pelos reis da antiguidade para afastar os insetos e passaram a representar a sua autoridade. A referência mais antiga à Sédia Gestatória é do ano 521. Foi abolida pelo papa São João XXIII.


O Pálio Pontifício: fita circular usada pelo papa sobre os paramentos litúrgicos, na missa ou em outras cerimônias, da qual descem duas faixas de 30cm cada, uma por sobre o peito e a outra pelas costas. Ornado com seis pequenas cruzes vermelhas, recorda o Preciosíssimo Sangue de Cristo e é preso por três agulhas que evocam os pregos com que Jesus foi crucificado. Os arcebispos usam um pálio mais simples.


O Fanon ou Fano: pequena capa de ombros, como dupla murça ou camalha de seda branca com listras douradas. É reservado ao papa nas missas pontificais e representa o escudo da fé que protege a Igreja. É de uso exclusivo do sumo pontífice. As faixas verticais do fanon, de cor dourada, representam a unidade e a indissolubilidade da Igreja latina e oriental.


O Manto: capa larga, originalmente vermelha, que passou a acompanhar as cores litúrgicas. O manto é bem maior do que o papa, que, ao sentar-se no trono, coloca seus pés sobre ele enquanto os assistentes o espraiam sobre os degraus do trono. A primeira referência ao uso do manto pontifício aparece em “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, escrita no século XIII.


O Umbráculo: guarda-chuva dourado e vermelha que os papas usavam para se proteger do sol. Passou a ser símbolo da vacância do papado e hoje é usado no escudo de armas do cardeal camerlengo, que administra a Igreja entre a morte de um papa e a entronização do seguinte.

Autor: Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Esta é a forma de ganhar indulgências durante o Ano Jubilar

O site ACI informou na última quinta-feira (03/09/15) as maneiras de lucrar indulgências no Ano da Misericórdia. Segundo a notícia, o Papa Francisco em sua carta divulgada durante esta semana por ocasião do Ano da Misericórdia, explicou as formas pelas quais os fiéis poderão obter a indulgência durante este jubileu, em Roma ou em qualquer parte do mundo e inclusive nas prisões. O Santo Padre também explica o modo através do qual os doentes e idosos devem proceder para ganhar esta graça.

Em qualquer dos seguintes casos que se mencionam para obter a indulgência se deve cumprir primeiro com as condições habituais: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre.

1- Os fiéis “são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão”.

2- “Estabeleço igualmente que se possa obter a indulgência nos Santuários onde se abrir a Porta da Misericórdia e nas igrejas que tradicionalmente são identificadas como jubilares. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a misericórdia”.

O Pontífice disse ainda que “será necessário acompanhar estas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro.

3- O Papa Francisco assinala ainda que “todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras de misericórdia corporais e espirituais pessoalmente obterá sem dúvida a indulgência jubilar.

“Daqui o compromisso a viver de misericórdia para alcançar a graça do perdão completo e exaustivo pela força do amor do Pai que não exclui ninguém. Será, portanto, uma indulgência jubilar plena, fruto do próprio evento que é celebrado e vivido com fé, esperança e caridade”, ressalta o Papa.

4- Sobre os doentes e as pessoas idosas que não podem sair de casa, o Pontífice afirma que para eles “será de grande ajuda viver a enfermidade e o sofrimento como experiência de proximidade ao Senhor que no mistério da sua paixão, morte e ressurreição indica a via mestra para dar sentido à dor e à solidão”.

“Viver com fé e esperança jubilosa este momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa Missa e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será para eles o modo de obter a indulgência jubilar”.

5- Sobre os detentos, o Santo Padre explica que “nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também transformar as grades em experiência de liberdade”.

6- Indulgência para os falecidos: “assim como os recordamos na celebração eucarística, também podemos, no grande mistério da comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraçá-los na beatitude sem fim”.

domingo, 28 de junho de 2015

A Missa: parte por parte


A missa é o culto mais sublime que oferecemos ao Senhor. Nós não vamos à missa somente para pedir, mas também para louvar, agradecer e adorar a Deus. A desculpa de que rezar em casa é a mesma coisa que ir à missa é por demais pretensiosa! É querer fazer da reza particular algo melhor que a missa, que é celebrada por toda uma comunidade! Assim, vamos à missa para ouvir a Palavra do Senhor e saber o que o Pai fala e propõe para a sua família reunida. Não basta ouvir! Devemos pôr em prática a Palavra de Deus e acertarmos nossas vidas (conversão). O fato de existir pessoas que frequentam a missa, mas não praticam a Palavra jamais deve ser motivo de desculpa para nos esquivarmos de ir à missa; afinal, quem somos nós para julgarmos alguém? Quem deve julgar é Deus! Ao invés de olharmos o que os outros fazem, devemos olhar para o que Cristo faz! É com Ele que devemos nos comparar!

A Divisão da Missa

A missa está dividida em quatro partes bem distintas:

1. 1. Ritos Iniciais

Comentário Introdutório à missa do dia, Canto de Abertura, Acolhida, Antífona de Entrada, Ato Penitencial, Hino de Louvor e Oração Coleta.

2. 2. Rito da palavra

Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura, Aclamação ao Evangelho, Proclamação do Evangelho, Homilia, Profissão de Fé e Oração da Comunidade.

3. 3. Rito Sacramental

1ª Parte – Oferendas: Canto/Procissão das Oferendas, Orai Irmãos e Irmãs, e Oração Sobre as Oferendas;

2ª Parte – Oração Eucarística: Prefácio, Santo, Consagração e Louvor Final;

3ª Parte – Comunhão: Pai Nosso, Abraço da Paz, Cordeiro de Deus, Canto/Distribuição da Comunhão, Interiorização, Antífona da Comunhão e Oração após a Comunhão.

4. 4. Ritos Finais

Mensagem, Comunicados da Comunidade, Canto de Ação de Graças e Bênção Final.

Posições do Corpo

Os gestos são importantes na liturgia. Nosso corpo também “fala” através dos gestos e atitudes. Durante toda a celebração litúrgica nos gesticulamos, expressando um louvor visível não só a Deus, mas também a todos os homens.

Quando estamos sentados, ficamos em uma posição confortável que favorece a catequese, pois nos dá a satisfação de ouvir evitando o cansaço; também ajuda a meditar sobre a Palavra que está sendo recebida.

Quando ficamos de pé, demonstramos respeito e consideração, indicando prontidão e disposição para obedecer.

Quando nos ajoelhamos ou inclinamos durante a missa, declaramos a nossa adoração sincera a Deus todo-poderoso, indicando homenagem e, principalmente, total submissão a Ele e à sua vontade.

Ao juntarmos as mãos, mostramos confiança e fé em Deus.



1. A missa é ação de graças

A missa também pode ser chamada de eucaristia, ou seja, ação de graças. E a partir da passagem do servo de Abraão pudemos ter uma noção do que é uma oração eucarística ou de ação de graças. Pois bem, esta atitude de ação de graças recebe o nome de berakah em hebraico, que traduzindo-se para o grego originou três outras palavras: euloguia, que traduz-se por bendizer; eucharistia, que significa gratidão pelo dom recebido de graça; e exomologuia, que significa reconhecimento ou confissão.

Diante da riqueza desses significados podemos nos perguntar: quem dá graças a quem? Ou melhor, dizendo, quem dá dons, quem dá bênçãos a quem? Diante dessa pergunta podemos perceber que Deus dá graças a si mesmo, uma vez que sendo uma comunidade perfeita o Pai ama o Filho e se dá por ele e o Filho também se dá ao Pai, e deste amor surge o Espírito Santo. Por sua vez, Deus dá graças ao homem, uma vez que não se poupou nem de dar a si mesmo por nós e em resposta o homem dá graças a Deus, reconhecendo-se criatura e entregando-se ao amor de Deus. Ora, o homem também dá graças ao homem, através da doação ao próximo a exemplo de Deus. Também o homem dá graças à natureza, respeitando-a e tratando-a como criatura do mesmo Criador. O problema ecológico que atravessamos é, sobretudo, um problema eucarístico. A natureza também dá graças ao homem, se respeitada e amada. A natureza dá graças a Deus estando a serviço de seu criador a todo instante.

A partir desta visão da ação de graças começamos a perceber que a Missa não se reduz apenas a uma cerimônia realizada nas Igrejas, ao contrário, a celebração da Eucaristia é a vivência da ação de Deus em nós, sobretudo através da libertação que Ele nos trouxe em seu Filho Jesus. Cristo é a verdadeira e definitiva libertação e aliança, levando à plenitude a libertação do povo judeu do Egito e a aliança realizada aos pés do monte Sinai.

2. A missa é sacrifício

Sacrifício é uma palavra que possui a mesma raiz grega da palavra sacerdócio, que do latim temos sacer-dos, o dom sagrado. O dom sagrado do homem é a vida, pois esta vem de Deus. Por natureza o homem é um sacerdote. Perdeu esta condição por causa do pecado. Sacrifício, então, significa o que é feito sagrado. O homem torna sua vida sagrada quando reconhece que esta é dom de Deus. Jesus Cristo faz justamente isso: na condição de homem reconhece-se como criatura e se entrega totalmente ao Pai, não poupando nem sua própria vida. Jesus nesse momento está representando toda a humanidade. Através de sua morte na cruz dá a chance aos homens e às mulheres de novamente orientarem suas vidas ao Pai assumindo assim sua condição de sacerdotes e sacerdotisas.
Com isso queremos tirar aquela visão negativa de que sacrifício é algo que representa a morte e a dor. Estas coisas são necessárias dentro do mistério da salvação, pois só assim o homem pode reconhecer sua fraqueza e sua condição de criatura.

3. A Missa também é Páscoa

A Páscoa foi a passagem da escravidão do Egito para a liberdade, bem como a aliança selada no monte Sinai entre Deus e o povo hebreu. E diante desses fatos o povo hebreu sempre celebrou essa passagem, através da Páscoa anual, das celebrações da Palavra aos sábados, na sinagoga e diariamente, antes de levantar-se e deitar-se, reconhecendo a experiência de Deus em suas vidas e louvando a Deus pelas experiências pascais vividas ao longo do dia. O povo judeu vivia em atitude de ação de graças, vivendo a todo instante a Páscoa em suas vidas.

Ritos Iniciais

Instrução Geral ao Missal Romano, n.º 24:

“Os ritos iniciais ou as partes que precedem a liturgia da palavra, isto é, cântico de entrada, saudação, ato penitencial, Senhor, Glória e oração da coleta, têm o caráter de exórdio, introdução e preparação. Estes ritos têm por finalidade fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a Palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia”.

1. Comentário Inicial

Este tem por fim introduzir os fiéis ao mistério celebrado. Sua posição correta seria após a saudação do padre, pois ao nos encontrarmos com uma pessoa primeiro a saudamos para depois iniciarmos qualquer atividade com ela.

2. Canto de Entrada

“Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com os ministros, começa o canto de entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros”(IGMR n.25)
Durante o canto de entrada percebemos alguns elementos que compõem o início da missa:

a) O canto

Durante a missa, todas as músicas fazem parte de cada momento. Através da música participamos da missa cantando. A música não é simplesmente acompanhamento ou trilha musical da celebração: a música é também nossa forma de louvarmos a Deus. Daí a importância da participação de toda assembléia durante os cantos.

b) A procissão

O povo de Deus é um povo peregrino, que caminha rumo ao coração do Pai. Todas as procissões têm esse sentido: caminho a se percorrer e objetivo a que se quer chegar.

c) O beijo no altar

Durante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar, ou seja, é no altar que ocorre o mistério eucarístico. O presidente da celebração ao chegar beija o altar, que representa Cristo, em sinal de carinho e reverência por tão sublime lugar.

Por incrível que possa parecer, o local mais importante de uma igreja é o altar, pois ao contrário do que muita gente pensa, as hóstias guardadas no sacrário nunca poderiam estar ali se não houvesse um altar para consagrá-las.

3. Saudação

a) Sinal da Cruz

O presidente da celebração e a assembléia recordam-se por que estão celebrando a missa. É, sobretudo pela graça de Deus, em resposta ao seu amor. Nenhum motivo particular deve sobrepor-se à gratuidade. Pelo sinal da cruz nos lembramos que pela cruz de Cristo nos aproximamos da Santíssima Trindade.

b) Saudação

Retirada na sua maioria dos cumprimentos de Paulo, o presidente da celebração e a assembléia se saúdam. O encontro eucarístico é movido unicamente pelo amor de Deus, mas também é encontro com os irmãos.

4. Ato Penitencial

Após saudar a assembléia presente, o sacerdote convida toda assembléia a, em um momento de silêncio, reconhecer-se pecadora e necessitada da misericórdia de Deus. Após o reconhecimento da necessidade da misericórdia divina, o povo a pede em forma de ato de contrição: Confesso a Deus Todo-Poderoso… Em forma de diálogo por versículos bíblicos: Tende compaixão de nós… Ou em forma de ladainha: Senhor, que viestes salvar… Após, segue-se a absolvição do sacerdote. Tal ato pode ser substituído pela aspersão da água, que nos convida a rememorar-nos o nosso compromisso assumido pelo batismo e através do simbolismo da água pedirmos para sermos purificados.

Cabe aqui dizer, que o “Senhor, tende piedade” não pertence necessariamente ao ato penitencial. Este se dá após a absolvição do padre e é um canto que clama pela piedade de Deus. Daí ser um erro omiti-lo após o ato penitencial quando este é cantando.

5. Hino de Louvor

Espécie de salmo composto pela Igreja, o glória é uma mistura de louvor e súplica, em que a assembléia congregada no Espírito Santo, dirige-se ao Pai e ao Cordeiro. É proclamado nos domingos – exceto os do tempo da quaresma e do advento – e em celebrações especiais, de caráter mais solene. Pode ser cantado, desde que mantenha a letra original e na íntegra.

6. Oração da Coleta

Encerra o rito de entrada e introduz a assembléia na celebração do dia.
“Após o convite do celebrante, todos se conservam em silêncio por alguns instantes, tomando consciência de que estão na presença de Deus e formulando interiormente seus pedidos. Depois o sacerdote diz a oração que se costuma chamar de ‘coleta’, a qual a assembléia dá o seu assentimento com o ‘Amém’ final” (IGMR 32).
Dentro da oração da coleta podemos perceber os seguintes elementos: invocação, pedido e finalidade.

O Rito da Palavra

O Rito da Palavra é a segunda parte da missa, e também a segunda mais importante, ficando atrás, somente do Rito Sacramental, que é o auge de toda celebração.

Iniciamos esta parte sentados, numa posição cômoda que facilita a instrução. Normalmente são feitas três leituras extraídas da Bíblia: em geral um texto do Antigo Testamento, um texto epistolar do Novo Testamento e um texto do Evangelho de Jesus Cristo, respectivamente. Isto, porém, não significa que será sempre assim; às vezes a 1ª leitura cede espaço para um outro texto do Novo Testamento, como o Apocalipse, e a 2ª leitura, para um texto extraído dos Atos dos Apóstolos; é raro acontecer, mas acontece… Fixo mesmo, apenas o Evangelho, que será extraído do livro de Mateus, Marcos, Lucas ou João.

1. 1.Primeira Leitura

Como já dissemos, a primeira leitura costuma a ser extraída do Antigo Testamento.

Isto é feito para demonstrar que já o Antigo Testamento previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o cumpriu (cf. Mt 5,17). De fato, não poucas vezes os evangelistas citam passagens do Antigo Testamento, principalmente dos profetas, provando que Jesus era o Messias que estava para vir.

O leitor deve ler o texto com calma e de forma clara. Por esse motivo, não é recomendável escolher os leitores poucos instantes antes do início da missa, principalmente pessoas que não têm o costume de frequentar aquela comunidade. Quando isso acontece e o “leitor”, na hora da leitura, começa a gaguejar, a cometer erros de leitura e de português, podemos ter a certeza de que, quando ele disser: “Palavra do Senhor”, a resposta da comunidade, “Graças a Deus”, não se referirá aos frutos rendidos pela leitura, mas sim pelo alívio do término de tamanha catástrofe!


Ora, se a fé vem pelo ouvido, como declara o Apóstolo, certamente o leitor deve ser uma pessoa preparada para exercer esse ministério; assim, é interessante que a Equipe de Celebração seja formada, também, por leitores “profissionais”, ou seja, especial e previamente selecionados.

2. 2.Salmo Responsorial

O Salmo Responsorial também é retirado da Bíblia, quase sempre (em 99% dos casos) do livro dos Salmos. Muitas comunidades recitam-no, mas o correto mesmo é cantá-lo… Por isso uma ou outra comunidade possui, além do cantor, um salmista, já que muitas vezes o salmo exige uma certa criatividade e espontaneidade, uma vez que as traduções do hebraico (ou grego) para o português nem sempre conseguem manter a métrica ou a beleza do original.

Assim, quando cantado, acaba lembrando um pouco o canto gregoriano e, em virtude da dificuldade que exige para sua execução, acaba sendo simplesmente – como já dissemos – recitado (perdendo mais ainda sua beleza).

3. 3.Segunda Leitura

Da mesma forma como a primeira leitura tem como costume usar textos do Antigo Testamento, a segunda leitura tem como característica extrair textos do Novo Testamento, das cartas escritas pelos apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas), mais notadamente as escritas por São Paulo.

Esta leitura tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo ensinamento dos Apóstolos dirigido às comunidades cristãs.
A segunda leitura deve ser encerrada de modo idêntico ao da primeira leitura, com o leitor exclamando: “Palavra do Senhor!” e a comunidade respondendo com: “Graças a Deus!”.

4. 4.Canto De Aclamação Ao Evangelho

Feito o comentário ao Evangelho, a assembléia a se põe de pé, para aclamar as palavras de Jesus. O Canto de Aclamação tem como característica distintiva a palavra “Aleluia”, um termo hebraico que significa “louvai o Senhor”. Na verdade, estamos felizes em poder ouvir as palavras de Jesus e estamos saudando-O como fizeram as multidões quando Ele adentrou Jerusalém no domingo de Ramos.
Percebemos, assim, que o Canto de Aclamação, da mesma forma que o Hino de Louvor, não pode ser cantado sem alegria, sem vida. Seria como se não confiássemos Naquele que dá a vida e que vem até nós para pregar a palavra da Salvação. O Canto deve ser tirado do lecionário, pois se identifica com a leitura do dia, por isso não se pode colocar qualquer música como aclamação, não basta que tenha a palavra aleluia.

Comprovando este nosso ponto de vista está o fato de que durante o tempo da Quaresma e do Advento, tempos de preparação para a alegria maior, também a palavra “Aleluia” não aparece no Canto de Aclamação ao Evangelho.

5.5.Evangelho

Antes de iniciar a leitura do Evangelho, se estiver sendo feito uso de incenso, o sacerdote ou o diácono (depende de quem for ler o texto), incensará a Bíblia e, logo a seguir, iniciará a leitura do texto.

O texto do Evangelho é sempre retirado dos livros canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e jamais pode ser omitido. É falta gravíssima não proceder a leitura do Evangelho ou substituí-lo pela leitura de qualquer outro texto, inclusive bíblico.







Ao encerrar a leitura do Evangelho, o sacerdote ou diácono profere a expressão: “Palavra da Salvação!” e toda a comunidade glorifica ao Senhor, dizendo: “Glória a vós, Senhor!”. Neste momento, o sacerdote ou diácono, em sinal de veneração à Palavra de Deus, beija a Bíblia (rezando em silêncio: “Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados”) e todo o povo pode voltar a se sentar.

6.6.Homilia

A homilia nos recorda o Sermão da Montanha, quando Jesus subiu o Monte das Oliveiras para ensinar todo o povo reunido. Observe-se que o altar já se encontra, em relação aos bancos onde estão os fiéis, em ponto mais alto, aludindo claramente a esse episódio.

Da mesma forma como Jesus ensinava com autoridade, após sua ascensão, a Igreja recebeu a incumbência de pregar a todos os povos e ensinar-lhes a observar tudo aquilo que Cristo pregou. A autoridade de Cristo foi, portanto, passada à Igreja.

A homilia é o momento em que o sacerdote, como homem de Deus, traz para o presente aquela palavra pregada por Cristo há dois mil anos. Neste momento, devemos dar ouvidos aos ensinamentos do sacerdote, que são os mesmos ensinamentos de Cristo, pois foi o próprio Cristo que disse: “Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10,16). Logo, toda a comunidade deve prestar atenção às palavras do sacerdote.

A homilia é obrigatória aos domingos e nas solenidades da Igreja. Nos demais dias, ela também é recomendável, mas não obrigatória.

7.7.Profissão De Fé (Credo)

Encerrada a homilia, todos ficam de pé para recitar o Credo. Este nada mais é do que um resumo da fé católica, que nos distingue das demais religiões. É como que um juramento público, como nos lembra o PE Luiz Cechinatto.

Embora existam outros Credos católicos, expressando uma única e mesma verdade de fé, durante a missa costuma-se a recitar o Símbolo dos Apóstolos, oriundo do séc. I, ou o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, do séc. IV. O primeiro é mais curto, mais simples; o segundo, redigido para eliminar certas heresias a respeito da divindade de Cristo, é mais longo, mais completo. Na prática, usa-se o segundo nas grandes solenidades da Igreja.

8.8.Oração Da Comunidade

A Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis, como também é conhecida, marca o último ato do Rito da Palavra. Nela toda a comunidade apresenta suas súplicas ao Senhor e intercede por todos os homens.

Alguns pedidos não devem ser esquecidos pela comunidade:

As necessidades da Igreja
As autoridades públicas
A paz e a salvação do mundo inteiro
As necessidades da Comunidade Local

A introdução e o encerramento da Oração da Comunidade devem ser feitas pelo sacerdote. Quando possível, devem ser feitos espontaneamente. As preces podem ser feitas pelo comentarista, mas o ideal é que sejam feitas pela equipe de Liturgia, ou ainda pelos próprios fiéis. Cada prece deve terminar com expressões como: “Rezemos ao Senhor”, entre outras, para que a comunidade possa responder com: “Senhor, escutai a nossa prece” ou “Ouvi-nos, Senhor”

Quando o sacerdote conclui a Oração da Comunidade, dizendo, por exemplo: “Atendei-nos, ó Deus, em vosso amor de Pai, pois vos pedimos em nome de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso”. a assembléia encerra com um: “Amém!”.

Rito Sacramental

Na liturgia eucarística atingimos o ponto alto da celebração. Durante ela a Igreja irá tornar presente o sacrifício que Cristo fez para nossa salvação. Não se trata de outro sacrifício, mas sim de trazer à nossa realidade a salvação que Deus nos deu. Durante esta parte a Igreja eleva ao Pai, por Cristo, sua oferta e Cristo dá-se como oferta por nós ao Pai, trazendo-nos graças e bênçãos para nossas vidas.

É durante a liturgia eucarística que podemos entender a missa como uma ceia, pois afinal de contas nela podemos enxergar todos os elementos que compõem uma: temos a mesa – mais propriamente a mesa da Palavra e a mesa do pão. Temos o pão e o vinho, ou seja, o alimento sólido e líquido presentes em qualquer ceia. Tudo conforme o espírito da ceia pascal judaica, em que Cristo instituiu a eucaristia.

E de fato, a Eucaristia no início da Igreja era celebrada em uma ceia fraterna. Porém foram ocorrendo alguns abusos, como Paulo os sinaliza na Primeira Carta aos Coríntios. Aos poucos foi sendo inserida a celebração da palavra de Deus antes da ceia fraterna e da consagração. Já no século II a liturgia da Missa apresentava o esquema que possui hoje em dia.

Após essa lembrança de que a Missa também é uma ceia, podemos nos questionar sobre o sentido de uma ceia, desde o cafezinho oferecido ao visitante até o mais requintado jantar diplomático. Uma ceia significa, entre outros: festa, encontro, união, amor, comunhão, comemoração, homenagem, amizade, presença, confraternização, diálogo, ou seja, vida. Aplicando esses aspectos a Missa, entenderemos o seu significado, principalmente quando vemos que é o próprio Deus que se dá em alimento. Vemos que a Missa também é um convívio no Senhor.

A liturgia eucarística divide-se em: apresentação das oferendas, oração eucarística e rito da comunhão.

1. Apresentação das Oferendas

Apesar de conhecida como ofertório, esta parte da Missa é apenas uma apresentação dos dons que serão ofertados junto com o Cristo durante a consagração. Devido ao fato de maioria das Missas essa parte ser cantada não podemos ver o que acontece durante esse momento. Conhecendo esses aspectos poderemos dar mais sentido à celebração.

Analisemos inicialmente os elementos do ofertório: o pão o vinho e a água. O que significam? De fato foram os elementos utilizados por Cristo na última ceia, mas eles possuem todo um significado especial:

1) o pão e o vinho representam a vida do homem, o que ele é, uma vez que ninguém vive sem comer nem beber;

2) representam também o que o homem faz, pois ninguém vai à roça colher pão nem na fonte buscar vinho;

3) em Cristo o pão e o vinho adquirem um novo significado, tornando-se o Corpo e o Sangue de Cristo. Como podemos ver, o que o homem é, e o que o homem faz adquirem um novo sentido em Jesus Cristo.

E a água? Durante a apresentação das oferendas, o sacerdote mergulha algumas gotas de água no vinho. E o porquê disso? Sabemos que no tempo de Jesus os judeus bebiam vinho diluído em um pouco de água, e certamente Cristo também devia fazê-lo, pois era verdadeiramente homem. Por outro lado, a água quando misturada ao vinho adquire a cor e o sabor deste. Ora, as gotas de água representam a humanidade que se transforma quando diluída em Cristo.

Os tempos da preparação das oferendas:

a) Preparação do altar

“Em primeiro lugar prepara-se o altar ou a mesa do Senhor, que é o centro de toda liturgia eucarística, colocando-se nele o corporal, o purificatório, o cálice e o missal, a não ser que se prepare na credência”(IGMR 49).

b) Procissão das oferendas

Neste momento, trazem-se os dons em forma de procissão. Lembrando que o pão e o vinho representam o que é o homem e o que ele faz, esta procissão deve revestir-se do sentimento de doação, ao invés de ser apenas uma entrega da água e do vinho ao sacerdote.

c) Apresentação das oferendas a Deus

O sacerdote apresenta a Deus as oferendas através da fórmula: Bendito sejais… e o povo aclama: Bendito seja Deus para sempre! Este momento passa despercebido da maioria das pessoas devido ao canto do ofertório. O ideal seria que todo o povo participasse desse momento, sendo o canto usado apenas durante a procissão e a coleta fosse feita sem as pessoas saírem de seus locais. O canto não é proibido, mas deve procurar durar exatamente o tempo da apresentação das oferendas, para que o sacerdote não fique esperando para dar prosseguimento à celebração.

d) A coleta do ofertório

Já nas sinagogas hebraicas, após a celebração da Palavra de Deus, as pessoas costumavam deixar alguma oferta para auxiliar as pessoas pobres. E de fato, este momento do ofertório só tem sentido se reflete nossa atitude interior de dispormos os nossos dons em favor do próximo. Aqui, o que importa não é a quantidade, mas sim o nosso desejo de assim como Cristo, nos darmos pelo próximo. Representa o nosso desejo de aos poucos, deixarmos de celebrar a eucaristia para nos tornarmos eucaristia.

e) O lavar as mãos

Após o sacerdote apresentar as oferendas ele lava suas mãos. Antigamente, quando as pessoas traziam os elementos da celebração de suas casas, este gesto tinha caráter utilitário, pois após pegar os produtos do campo era necessário que lavasse as mãos. Hoje em dia este gesto representa a atitude, por parte do sacerdote, de tornar-se puro para celebrar dignamente a eucaristia.

f) O Orai Irmãos…

Agora o sacerdote convida toda assembléia a unir suas orações à ação de graças do sacerdote.

g) Oração sobre as Oferendas

Esta oração coleta os motivos da ação de graças e lança no que segue, ou seja, a oração eucarística. Sempre muito rica, deve ser acompanhada com muita atenção e confirmada com o nosso amém!

2. A Oração Eucarística

É na oração eucarística em que atingimos o ponto alto da celebração. Nela, através de Cristo que se dá por nós, mergulhamos no mistério da Santíssima Trindade, mistério da nossa salvação:
“A oração eucarística é o centro e ápice de toda celebração, é prece de ação de graças e santificação. O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração e na ação de graças e o associa à prece que dirige a Deus Pai por Jesus Cristo em nome de toda comunidade. O sentido desta oração é que toda a assembléia se una com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício” (IGMR 54).

a) Prefácio

Após o diálogo introdutório, o prefácio possui a função de introduzir a assembléia na grande ação de graças que se dá a partir deste ponto. Existem inúmeros prefácios, abordando sobre os mais diversos temas: a vida dos santos, Nossa Senhora, Páscoa etc.

b) O Santo

É a primeira grande aclamação da assembléia a Deus Pai em Jesus Cristo. O correto é que seja sempre cantado, levando-se em conta a maior fidelidade possível à letra da oração original.

c) A invocação do Espírito Santo

Através dele Cristo realizou sua ação quando presente na história e a realiza nos tempos atuais. A Igreja nasce do espírito Santo, que transforma o pão e o vinho. A Igreja tem sua força na Eucaristia.

d) A consagração

Deve ser toda acompanhada por nós. É reprovável o hábito de permanecer-se de cabeça baixa durante esse momento. Reprovável ainda é qualquer tipo de manifestação quando o sacerdote ergue a hóstia, pois este é um momento sublime e de profunda adoração. Nesse momento o mistério do amor do Pai é renovado em nós. Cristo dá-se por nós ao Pai trazendo graças para nossos corações. Daí ser esse um momento de profundo silêncio.

e) Preces e intercessões

Reconhecendo a ação de Cristo pelo Espírito Santo em nós, a Igreja pede a graça de abrir-se a ela, tornando-se uma só unidade. Pede para que o papa e seus auxiliares sejam capazes de levar o Espírito Santo a todos. Pede pelos fiéis que já se foram e pede a graça de, a exemplo de Nossa Senhora e dos santos, os fiéis possam chegar ao Reino para todos preparados pelo Pai.

f) Doxologia Final

É uma espécie de resumo de toda a oração eucarística, em que o sacerdote tendo o Corpo e Sangue de Cristo em suas mãos louva ao Pai e toda assembléia responde com um grande “amém”, que confirma tudo aquilo que ela viveu. O sacerdote a diz sozinho.

3. Rito da Comunhão

A oração eucarística representa a dimensão vertical da Missa, em que nos unimos plenamente a Deus em Cristo. Após alcançarmos a comunhão com Deus Pai, o desencadeamento natural dos fatos é o encontro com os irmãos, uma vez que Cristo é único e é tudo em todos. Este é o momento horizontal da Missa. Tem também esse momento o intuito de preparar-nos ao banquete eucarístico.

a) O Pai-Nosso

É o desfecho natural da oração eucarística. Uma vez que unidos a Cristo e por ele reconciliados com Deus, nada mais oportuno do que dizer: Pai nosso… Esta oração deve ser rezada em grande exaltação, se for cantada, deve seguir exatamente as palavras ditas por Cristo, quando as ensinou aos discípulos. Após o Pai Nosso segue o seu embolismo, ou seja, a continuação do último pensamento da oração. Segue aqui uma observação: o único local em que não dizemos “amém” ao final do Pai Nosso é na Missa, dada a continuidade da oração expressa no embolismo.

b) Oração pela paz

Uma vez reconciliados em Cristo, pedimos que a paz se estenda a todas as pessoas, presentes ou não, para que possam viver em plenitude o mistério de Cristo. Pede-se também a Paz para a Igreja, para que, desse modo, possa continuar sua missão. Esta oração é rezada somente pelo sacerdote.

c) O cumprimento da Paz

É um gesto simbólico, uma saudação pascal. Por ser um gesto simbólico não há a necessidade em sair do local para cumprimentar a todos na Igreja. Se todos tivessem em mente o simbolismo expresso nesse momento não seria necessária a dispersão que o caracteriza na maioria dos casos. Também não é permitido que se cante durante esse momento, uma vez que deveria durar pouco tempo.

d) O Cordeiro de Deus

O sacerdote e a assembléia se preparam em silêncio para a comunhão. Neste momento o padre mergulha um pedaço do pão no vinho, representando a união de Cristo presente por inteiro nas duas espécies. A seguir todos reconhecem sua pequenez diante de Cristo e como o Centurião exclamam: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo. Cristo não nos dá apenas sua palavra, mas dá-se por amor a cada um de nós.

e) A comunhão

Durante esse momento a assembléia dirige-se à mesa eucarística. O canto deve procurar ser um canto de louvor moderado, salientando a doação de Cristo por nós. A comunhão pode ser recebida nas mãos ou na boca, tendo o cuidado de, no primeiro caso, a mão que recebe a hóstia não ser a mesma que a leva a boca. Aqueles que por um motivo ou outro não comungam, por não se encontrarem devidamente preparados (estado de graça santificante) é importante que façam desse momento também um momento de encontro com o Cristo, no que chamamos de Comunhão Espiritual. Após a comunhão segue-se a ação de graças, que pode ser feita em forma de um canto ou pelo silêncio, que dentro da liturgia possui sua linguagem importantíssima. O que não pode é esse momento ser esquecido ou utilizado para conversar com quem está ao nosso lado.

f) Oração após a comunhão

Infelizmente criou-se o mau costume em nossas assembléias de se fazer essa oração após os avisos, como uma espécie de convite apressado para se ir embora. Esta oração liga-se ainda a liturgia eucarística, e é o seu fechamento, pedindo a Deus as graças necessárias para se viver no dia-a-dia tudo que se manifestou perante a assembléia durante a celebração.

Ritos Finais

“O rito de encerramento da Missa consta fundamentalmente de três elementos: a saudação do sacerdote, a bênção, que em certos dias e ocasiões é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo, ou por outra forma mais solene, e a própria despedida, em que se despede a assembléia, afim de que todos voltem ás suas atividades louvando e bendizendo o Senhor com suas boas obras” (IGMR 57).

a) Saudação

Para muitos, este momento é um alívio, está cumprido o preceito dominical. Mas para outros, esta parte é o envio, é o início da transformação do compromisso assumido na Missa em gestos e atitudes concretas. Ouvimos a Palavra de Deus e a aceitamos em nossas vidas. Revivemos a Páscoa de Cristo, assumindo também nós esta passagem da morte para a vida e unimo-nos ao sacrifício de Cristo ao reconhecer nossa vida como dom de Deus e orientando-a em sua direção.

b) AvisosSem demais delongas, este momento é o oportuno para dar-se avisos à comunidade, bem como para as últimas orientações do presidente da celebração.

c) Benção Final

Após, segue-se a bênção do sacerdote e a despedida. Para alguns liturgistas, esse momento é um momento de envio, pois o sacerdote abençoa os fiéis para que estes saiam pelo mundo louvando a Deus com palavras e gestos, contribuindo assim para sua transformação. Vejamos o porquê disso.

d) Despedida

Passando a despedida para o latim ela soa da seguinte forma: “Ite, Missa est”. Traduzindo-se para o português, soa algo como “Ide, tendes uma bênção e uma missão a cumprir”, pois em latim, missa significa missão ou demissão, como também pode significar bênção. Nesse sentido, eucaristia significa bênção, o que não deixa de ser uma realidade, já que através da doação de seu Filho, Deus abençoa toda a humanidade. De posse desta boa-graça dada pelo Pai, os cristãos são re-enviados ao mundo para que se tornem eucaristia, fonte de bênçãos para o próximo. Desse modo a Missa reassume todo seu significado.

Autor: Prof. Felipe Aquino

sábado, 27 de junho de 2015

As bases da Moral Católica

A moral católica é a base do comportamento do cristão, segundo a fé que ele professa recebida de Cristo e dos Apóstolos. No Sermão da Montanha Jesus estabeleceu a “Constituição” do Reino de Deus, e em todo o Evangelho nos ensina a viver conforme a vontade de Deus.

Para quem vive pela fé, a moral cristã não é uma cadeia, antes, um caminho de vida plena e de felicidade. Deus não nos teria deixado um Código de Moral se isto não fosse imprescindível para sermos felizes. As leis morais podem ser comparadas as setas de trânsito que guiam os motoristas, especialmente em estradas perigosas, de muitas curvas, neblinas e lombadas. Se o motorista as desrespeitar, poderá pagar com a própria vida e com as dos outros.

Mas para crer nisto e viver com alegria a Moral é preciso ter fé; acreditar em Deus e no seu amor por nós; e acreditar na Igreja católica como porta voz de Jesus Cristo.

Cristo nos fala pelo Evangelho e pela Igreja. Ele a instituiu sobre Pedro e os Apóstolos para ser a nossa Mãe, guia e mestra.

Jesus disse aos Apóstolos: “Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou.” (Lc 10,16)

Cristo concedeu à Igreja parte de sua infalibilidade em matéria de doutrina: fé e moral, porque isto é necessário para a nossa salvação, e instituiu a Igreja para nos levar à salvação. Por isso, Cristo não pode deixar que a Igreja erre em coisas essenciais à nossa salvação. O Concílio Vaticano II disse que “a Igreja é o sacramento universal da salvação” (LG,4).

É por Ela que Jesus continua a salvar os homens de todos os tempos e lugares, através dos Sacramentos e da Verdade que ensina. São Paulo disse à São Timóteo que “a Igreja é a coluna e o fundamento (alicerce) da verdade” (1Tm 3,15) e que Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade (1Tm 2,4). Essa “verdade que salva” Deus confiou à Igreja para guardar cuidadosamente, e ela faz isto há vinte séculos. Enfrentou muitas heresias e cismas, muitas críticas dos homens e mulheres sem fé, especialmente em nossos dias, mas a Igreja não trai Jesus Cristo.

Cristo está permanentemente na Igreja – “Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20) – e ela sabe que embora os seus filhos sejam pecadores, ela não pode errar o caminho da salvação e da verdade.

Na última Ceia o Senhor prometeu à Igreja (Cristo e os Apóstolos), no Cenáculo, que ela conheceria a verdade plena.

“Ainda tenho muitas coisas para lhes dizer, mas vocês não estão preparados para ouvir agora; mas quando vier o Espírito Santo, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,12-13).

Ao longo dos vinte séculos o Espírito Santo foi ensinando à Igreja esta verdade, através dos Santos, dos Papas, dos Santos Padres…






Se Cristo não concedesse à Igreja a infalibilidade em termos de doutrina (fé e moral) de nada valeria ter-lhe confiado o Evangelho, pois os homens o interpretam de muitas maneiras diferentes, e criaram muitas outras “igrejas”, sem o Seu consentimento, para aplicarem a verdade conforme o “seu” entendimento, e não conforme o entendimento da Igreja deixada por Cristo. A multiplicação das milhares de igrejas cristãs e de seitas, é a consequência do esfacelamento da única Verdade que Jesus confiou ao Sagrado Magistério da Igreja (Papa e Bispos em comunhão com ele) para guardar e ensinar a todos os povos.

Além de confiar à Igreja a Verdade eterna, Cristo lhe garantiu a Vitória contra todos os seus inimigos. Disse a Pedro: “As portas do inferno jamais a vencerão.” (Mt 16,17)

Já se passaram vinte séculos, inúmeras perseguições (Império Romano, Nazismo, Comunismo, Fascismo, Ateísmo,…) e a Igreja continua mais firme e forte do que nunca. Quanto mais é perseguida, mais se fortalece; quanto mais apanha, mais corajosa fica.

Tertuliano, um dos escritores da Igreja do terceiro século, escreveu ao imperador romano da época, que perseguia os cristãos, dizendo que não adiantava persegui-los e matá-los, porque “o sangue dos mártires seria semente de novos cristãos”.

O Império Romano desabou, o Comunismo sucumbiu, o Nazismo acabou… mas a Igreja continua mais firme do que nunca. Nenhum chefe de Estado têm tantos embaixadores (Núncios Apostólicos) em outros países como o Vaticano; são cerca de 180.

O mundo chama hoje a Igreja Católica de obscurantista, retrógrada, etc., por ela ser fiel a Jesus; mas ela não se curva diante do pecado do mundo moderno, da mesma forma que não se curvou diante dos carrascos dos seus mártires.

A Igreja não busca a glória dos homens, mas somente a glória de Deus, por isso não se intimida e não desanima diante das ameaças dos infiéis. Ainda que ela fique sozinha, não negará a verdade do seu Senhor.

A Moral Católica não muda ao sabor da vontade dos homens e nem com o passar do tempo, porque a Verdade não muda, seja ela qual for. O teorema de Pitágoras e o princípio do empuxo, de Arquimedes, são os mesmos que esses gregos descobriram vários séculos antes de Cristo. A verdade que foi revogada, nunca foi verdade; pois a verdade de fato não pode mudar. Cristo não nos deixou uma moral transitória, passageira, provisória; não, Ele nos deixou uma Verdade eterna. Ele mesmo é a Verdade.

Os cristãos precisam entender que as questões morais não dependem da “opinião da maioria” e nem se altera com os “avanços” científicos. A moral é que deve dizer quais descobertas da Ciência são válidas para o progresso do homem, e não o contrário. Uma lei moral não se torna lícita só porque é aprovada pelo Governo ou pelo Parlamento.

Muitas vezes a confusão moral e os erros são cometidos por causa de uma incompreensão insuficiente dessas questões. A Igreja, de sua parte, examina com profundidade as questões morais, olhando não apenas o conforto do homem, mas, principalmente a sua dignidade humana.

Diante das leis que não estão de acordo com a Moral católica, os fiéis precisam se manifestar com viva voz; porque se ficarmos calados e submissos, em breve poderemos ter em nosso país muitas leis imorais. Já aprovaram o divórcio, a manipulação e a morte de embriões (vidas humanas!), e em breve poderão aprovar o aborto e a eutanásia. O Papa Leão XIII disse que “a audácia dos maus se alimenta da covardia e omissão dos bons”.

Não podemos mais viver um catolicismo de sacristia; a maioria do povo brasileiro é católico (cerca de 75%) e tem direito de viver em um país com leis católicas; mas isto só acontecerá se fizermos isto acontecer. Jesus já tinha avisado que “os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz”.

Autor: Prof. Felipe Aquino