quarta-feira, 25 de abril de 2018

A beleza do ser padre!


“Eu não merecia não, e ainda não mereço! Ser divulgador do céu, não merecia nem mereço! Reconheço que há milhões muito mais santos do que eu, mas Teu amor me escolheu! Escondeste o Teu tesouro neste cofre que sou eu! Acontece que de barro eu sou! Sou quebradiço meu Senhor; por causa disso, meu Senhor, concerta o que eu quebrar, perdoa se eu errar, corrigi se eu falhar, mas não me deixes me afastar do Teu chamado! ”

O texto acima exposto nos traz um trecho da música Cantiga de Sacerdote, composição do querido Pe. Zezinho. Esta canção, de essência vocacional, revela-nos o quão bela é a vocação sacerdotal, pois ela tem um valor significativo para a vida da Igreja e para a vida do mundo. Afirmo isto, pois a vocação ao sacerdócio se traduz e expressa-se no serviço oblativo e desinteressado a todos, sem exceção. Mesmo sem merecer, o sacerdote é um homem escolhido pelo o amor de Deus para consumir-se em doação por todos os homens e mulheres, principalmente os mais feridos e afastados da misericórdia de Deus. Sendo assim, a beleza do ser padre, está no valor tão sublime, daquele que é sacerdote, agir na pessoa do próprio Jesus Cristo! É presença do Senhor crucificado e ressuscitado no meio do mundo! Ou seja, traz em si a possibilidade (pelo poder da ordenação sacerdotal) de ser outro Cristo, de divulgar o céu e o grande amor de Deus pelo mundo!

O sacerdote tem um valor peculiar, pois é o cofre no qual está guardado o tesouro da graça de Deus; assim, de fato, todo padre é o amor do coração de Jesus! Em nossas comunidades cristãs, às vezes, tão desanimadas e tristes, o padre deve ser sinal de luz e de fé que serve, cuida e acolhe. Em nossa atual sociedade, cansada e desanimada pelos problemas psicológicos, espirituais, morais e políticos, o sacerdote se torna importante pois vive de Esperança (Jesus) e é sinal desta mesma Esperança. Anunciar Jesus Cristo é o que de mais precioso o sacerdote faz! Este anunciar precisa ser não somente com palavras, mas com a vida, com os gestos, as ações! Com o sentir e o pensar! Com o olhar e o falar!

O padre, como ser humano, está sujeito a erros, a falhas, pois é barro, é quebradiço (como diz a canção). Mas, é um homem que tem a certeza que foi chamado pelo Senhor Jesus para ser sinal de amor e misericórdia (quando acolhe alguém na direção espiritual ou na confissão sacramental), acolhe, cura e dá descanso (quando concede a unção dos enfermos a um moribundo), traz a presença real de Jesus Cristo à terra (quando celebra a Santa Eucaristia), concede a benção de Deus para dois que desejam ser uma só carne (quando assiste o matrimônio), concede a alegria a alguém de tornar-se filho de Deus e de participar da vida do céu (quando celebra o Batismo). Sendo um outro Cristo e agindo na pessoa do mesmo Cristo, o sacerdote aplica a si mesmo o que o próprio Jesus disse: “Eu sou o Bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas” (Jo 10, 14-15). Esta é a certeza que faz com que o sacerdote precise de oração constante, de estar na presença do seu Senhor e Mestre clamando que jamais possa se afastar do chamado a ser serviço amoroso e esperançoso onde quer que esteja.

Contudo, o sacerdote descobre o seu verdadeiro valor e encontra sua verdadeira felicidade quando, de fato, encontra a Deus na oração. E, quais são as formas mais práticas que revelem que o sacerdote encontrou a Deus: primeiro ele quer ficar cada dia menor (é humilde e sabe que sem Deus nada pode), procura ver Deus cada dia maior no coração de cada pessoa, ele também reconhece suas fraquezas de modo que todo dia pede perdão a Deus e do fundo do seu coração se entrega ao Senhor e nele confia, o seu coração não consegue calar, de modo que vai aos outros testemunhar o quanto é bom viver de Esperança, quando vive de verdade o verbo amar pede perdão e perdoa e, mesmo sendo quebradiço, luta para não mais pecar.

Resumindo, ser padre e a beleza de ser padre consiste em ter a consciência que tinha o grande profeta João Batista quando referia-se a Jesus: Não sou a luz! Mas, conheço quem dela veio! Sou somente um religioso. A verdade não sou eu e também não sou o Caminho, sou apenas uma seta, apenas um profeta. O valor sacerdotal está em adquirir a consciência constante: “Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17, 10).

Padre Daniel Lima
Reitor do Seminário São José


Fonte: www.diocesedeguarabira.com.br

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