quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Como ser católico na universidade?


Um dos grandes desafios de todo cristão, especialmente para os jovens, é ser testemunha da sua em meio ao mundo. Vivemos hoje uma completa secularização na sociedade, um abandono das práticas religiosas e a valorização do racionalismo e do hedonismo (doutrina que defende que o prazer é o bem supremo do homem). Ideias essas que, aparentemente, são mais atraentes que a proposta do Evangelho: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!” Mt 16, 24

As universidades fazem parte desse cenário, pois, “assim que as universidades se tornaram abertas aos anseios de homens que não mais queriam o conhecimento para permear o solo da liberdade social, mas tão somente para erigir seu poderio político e o de seu partido, tais intentos desviados se coadunaram justamente com a era das ideologias políticas pós-revolução francesa.”*

“A universidade, desde sua origem, tem a única missão (e talvez a mais digna de todas) de investir esforços estruturais e formativos no intelecto individual e coletivo da comunidade; tais esforços se destinam à nobre missão de perscrutar a verdade dos fatos independentemente de onde ela estiver e sob quais adornos figurarem. Após essa primeira exploração e conceituação, sua segunda missão passa a ser a apresentação da verdade à sociedade em forma de princípios compreensíveis e pragmáticos.” * Além, é claro, de serem espaços frequentados majoritariamente por jovens e que tem como objetivo a formação de profissionais para o mercado de trabalho e a produção de conhecimento científico, gerando assim, benefícios à toda a sociedade.

Ainda há uma falsa ideia de que fé e razão são elementos totalmente opostos e que é necessário que se opte por um, e apenas um, desses caminhos. A Igreja vem nos ensinar que a fé e a razão não são antagônicos, ao contrário, “constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”, como afirma João Paulo II em sua encíclica Fides et Ratio (Fé e Razão) de 1998. É perfeitamente possível ter uma vida de fidelidade a Deus e ser um bom profissional ou cientista, mais que possível, é desejado que tudo façamos bem para a glória de Deus.

“As universidades criadas inicialmente pela Igreja Católica, foram uma das maiores contribuições para a humanidade, destacando-se o equívoco de se imaginar que a Idade Média tenha sido um período de trevas, pois as universidades foram luz e não escuridão na vida das pessoas, tanto que existem até hoje.” **

Na história, portanto, sempre houve, por parte da Igreja, um reconhecimento da importância das universidades para a humanidade. Tanto que ela própria é a responsável pela criação dos primeiros cursos superiores na Europa em meados do século XII. Muitos padres, religiosos e religiosas contribuíram para diversas áreas do conhecimento como as Artes, Medicina, Física, Direito, Matemática e tantas outras.

Cenário das Universidades hoje

As universidades, principalmente as públicas, ainda gozam de grande prestígio. Supostamente, lá estão a elite intelectual do país, seria a última instância do conhecimento. Nenhum leigo ousaria colocar em dúvida pesquisas ou artigos científicos produzidos nestes grandes centros do saber.

Apesar do bem que o conhecimento dentro da universidade traz, é preciso tomar cuidado, pois esses espaços têm se mostrado, ao longo das últimas décadas, ambientes hostis para os cristãos. Há implícita ou explicitamente um pensamento hegemônico de caráter progressista que defendem pautas contrárias ao pensamento cristão como: descriminalização do aborto, de drogas, libertinagem sexual, apoio a regimes totalitários, feminismo, ideologia de gênero, desestruturação da família, entre outros.

Não concordar ou criticar qualquer ponto desses já é motivo para represálias de todos os tipos. Essas mesmas pessoas que perseguem, rotulam e não toleram opiniões contrárias as deles, têm o discurso do respeito às minorias, ao diferente, ou seja, essa ideia de respeito não passa de um discurso bonito, mas sem efetividade. O respeito só é praticado com aqueles que pensam igual. Não creio que a maioria da comunidade acadêmica tenha esse tipo de conduta intolerante, mas se trata de um pequeno grupo barulhento.

Sou cristão, o que fazer?

A universidade é para todos, inclusive para nós católicos. Apesar de um cenário como descrito acima, muito nocivo à fé, é preciso encontrar espaços onde essa fé possa ser exercida dentro da Universidade. Momentos como grupo de jovens, grupos de oração, missas… – ainda que muito pontuais e reduzidos, são fundamentais para um abastecimento da vida espiritual.

Além disso, todo universitário católico deve viver os sacramentos e uma vida de oração fora da universidade. Para aqueles que nesse tempo de estudo moram longe de casa, é de muita valia que estudem mais profundamente a Doutrina da Fé Católica, envolvam-se em atividades nas paróquias próximas e, principalmente, cerquem-se de amizades que conduzam a Deus.

Bases sólidas na fé são fundamentais para que os jovens possam discernir sobre todas as informações que recebe. É saber aquilo que serve ou não para si. É aproveitar todas as oportunidades, instruções e conhecimentos que a Universidade tem a propor e rejeitar tudo o que fere o verdadeiro chamado que todos nós temos: viver a santidade independente do local. Em I Tessalonicense 5, 21, diz: “examinai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal.” Afinal… é possível ser santo também dentro das universidades.

São José de Cupertino, padroeiro dos estudantes, rogai por nós!


Raul Cid
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator


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