segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Tapiri Ecumênico e Inter-Religioso, em Belém, aborda justiça climática, democracia e direito à vida



A abertura do Tapiri Ecumênico e Inter-Religioso, nesta quarta-feira, 12 de novembro, em Belém (PA), foi marcada pela primeira mesa de debates, coordenada pelo padre Dário Bossi, assessor da Comissão Episcopal para a Ação Socio Transformadora da CNBB, sobre o tema “Justiça climática, democracia e direito à vida: diálogos inter-religiosos por justiça socioambiental.”

Durante o encontro, foram apresentados materiais pastorais de apoio para situações de conflito relacionadas à mineração, além da campanha de desinvestimento em empreendimentos de alto impacto. A proposta convida comunidades e instituições de fé a “desempoderar os bancos” e fortalecer os territórios.

A mesa contou com a presença de membros das Comissões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), e de lideranças e articuladores dos territórios amazônicos, o que reforçou o caráter local e participativo do Tapiri como um espaço de convergência entre espiritualidade, território e ação.


Vozes e reflexões pela justiça climática
Dom Vicente Ferreira, presidente da Comissão para a Ecologia Integral e Mineração da CNBB, alertou para as “contradições sistêmicas” e para a manipulação de discursos em torno da sustentabilidade:

“Agora tudo virou ‘verde’ – até a mineração. A economia que mata não pode apresentar-se como solução” (…). Se a ecologia integral não nos convencer a darmos as mãos no diálogo inter-religioso, nada mais vai nos convencer.”

Dom Vicente também destacou o protagonismo das comunidades atingidas:

“A defesa da casa comum parte desde baixo, desde o barro, com os atingidos no centro.”

A bispa Marinez Bassotto, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, destacou a centralidade espiritual da criação e o sentido de pertença amazônico.

“Nós existimos com tudo o que existe. Se não nos dermos conta disso, não vamos existir” (…). Deus não está fora da criação – Ele está na criação. É hora de revermos a imagem que fazemos do Criador.”

Ela também ressaltou que a atuação das igrejas na Amazônia é marcada pela cooperação:

“Nada fazemos sozinhos: nossas ações na Amazônia são sempre em parceria – com a REPAM, Cáritas, Ministério Público, Defensoria, movimentos e outras tradições religiosas.”

O pesquisador Luiz Felipe Lacerda, do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental, apontou a dimensão civilizatória da crise ecológica e a importância do diálogo entre tradições de fé:

“Dessacralizamos a natureza e a transformamos em mercadoria. O diálogo inter-religioso é ferramenta potente para reconectar as pessoas ao sagrado da criação e reparar a democracia.”

Ele destacou quatro agendas convergentes das comunidades de fé: revisão da dívida externa do Sul Global, fortalecimento do Fundo de Perdas e Danos, transição energética justa e sistemas alimentares baseados na agroecologia. Sobre o Acordo de Escazú, foi enfático:

“É uma vergonha o Brasil ainda não ter ratificado o Escazú. Precisamos de um movimento forte para proteger defensores e garantir transparência.”

Já o pastor indígena Josias Caeté trouxe uma leitura ecoteológica e ancestral, ressaltando que o rompimento com os saberes dos povos tradicionais está na raiz da crise socioambiental.

“Precisamos de um novo encontro com a criação, a partir do respeito às cosmologias e à teia da vida”, afirmou.

Confira a transmissão desta quarta-feira na íntegra:

Tapiri: fé, território e compromisso com a Casa Comum
O Tapiri se consolida como um espaço de diálogo, espiritualidade e incidência pública, que reúne comunidades de fé, lideranças tradicionais e organizações sociais em defesa da vida na Amazônia e no planeta.

O evento integra a programação da Cúpula dos Povos rumo à COP30 e acontece de 11 a 16 de novembro de 2025, na Catedral Anglicana de Santa Maria, em Belém (PA). O encontro reúne lideranças de diversas tradições religiosas, povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, movimentos sociais e juventudes do Brasil e de outros países, em busca de alianças por uma ecologia integral e justiça climática.

Com informações da Repam Brasil

Papa exorta à reflexão para a difusão da Bíblia no ambiente digital


Em discurso à Federação Bíblica Católica, Leão XIV manifesta sua preocupação com a difusão das Escrituras às novas gerações e pergunta: o que significa “acesso patente à Sagrada Escritura” em nosso tempo? Como podemos facilitar esse encontro para aqueles que nunca ouviram a Palavra de Deus ou cujas culturas permanecem intocadas pelo Evangelho?

Vatican News

A difusão das Escrituras foi o tema do discurso do Santo Padre aos membros do Comitê Diretivo da Federação Bíblica Católica, reunidos em Roma. Leão XIV recordou os 60 anos da Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina, Dei Verbum, completados este ano.

Seja no documento conciliar, seja na constituição da Federação, ressalta-se a importância de faciliar a todos os fiéis cristãos o acesso à Sagrada Escritura, de modo a permitir que a Palavra de Deus se torne uma fonte dinâmica de inspiração para todos os âmbitos da vida e da missão da Igreja no mundo de hoje.

Nestes dias de reflexão, o Pontífice encorajou os participantes a examinar a fidelidade pessoal e eclesial a este mandato, que não é outra coisa senão a proclamação do kerygma, o mistério salvífico de nosso Senhor Jesus Cristo.

Ao mesmo tempo, "é essencial garantir a todos os fiéis um fácil acesso à Sagrada Escritura, para que todos possam encontrar o Deus que fala, partilha o seu amor e nos atrai para a plenitude da vida". A este respeito, Leão XIV reforçou que as traduções das Escrituras continuam a ser indispensáveis, e agradeceu o empenho da Federação na promoção da lectio divina e de todas as iniciativas que incentivam a leitura frequente da Bíblia.

Todavia, o Papa recordou que hoje em dia as novas gerações habitam novos ambientes digitais onde a Palavra de Deus é facilmente ofuscada. Novas comunidades encontram-se frequentemente em espaços culturais onde o Evangelho é desconhecido ou distorcido por interesses particulares. Assim, o Santo Padre propôs dois questionamentos: o que significa “acesso patente à Sagrada Escritura” em nosso tempo? Como podemos facilitar esse encontro para aqueles que nunca ouviram a Palavra de Deus ou cujas culturas permanecem intocadas pelo Evangelho?

E fez votos de que essas perguntas inspirem em os membros do Comitê novas formas de divulgação bíblica, capazes de abrir caminhos para as Escrituras, para que a Palavra de Deus possa se enraizar no coração das pessoas e levar todos a viver em sua graça.

E concluiu: "Que a Virgem Maria, Mãe de Deus e ventre pelo qual o Verbo se fez carne, nos ensine a arte de ouvir, nos fortaleça na obediência à sua Palavra e nos guie para magnificar o Senhor".

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EVANGELHO DO DIA (Lc 18,35-43)

ANO "C" - DIA: 17.11.2025
33ª SEMANA DO TEMPO COMUM (BRANCO)
MEMÓRIA DE SANTA ISABEL DA HUNGRIA

- Aleluia, Aleluia, Aleluia.
- Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue, não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
-Glória a vós, Senhor.

35 Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. 36 Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo. 37 Disseram-lhe que Jesus Nazareno estava passando por ali. 38 Então o cego gritou: "Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!" 39 As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse calado. Mas ele gritava mais ainda: "Filho de Davi, tem piedade de mim!" 40 Jesus parou e mandou que levassem o cego até ele. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou: 41 "O que queres que eu faça por ti?" O cego respondeu: "Senhor, eu quero enxergar de novo". 42 Jesus disse: "Enxerga, pois, de novo. A tua fé te salvou". 43 No mesmo instante, o cego começou a ver de novo e seguia Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo deu louvores a Deus.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIOS:
"A segunda vinda de Jesus e o significado do cerco de Jericó"

A espera ativa por Jesus
Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho pedindo esmolas. Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo, e disseram que Jesus Nazareno estava passando por ali. Então o cego gritou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse calado, mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim”. Jesus parou e mandou que levassem o cego até ele. Quando chegou perto, Jesus perguntou: “O que queres que eu faça por ti?” O cego respondeu: “Senhor, eu quero enxergar de novo” (Lucas 18,35-43)

O verdadeiro cerco de Jericó
Jericó é a última etapa antes da chegada a Jerusalém. Estamos tratando, nesses últimos dias, do nosso ano litúrgico, sobre o tema da segunda vinda de Cristo. E uma das formas mais corretas de aguardar o Senhor é justamente preparar a Sua estada.

Penso que seja essa uma contribuição da espiritualidade vivida nos chamados “cercos de Jericó”. Talvez você já tenha participado de algum aí na sua paróquia ou perto de você.

Eu peço perdão aos espertos em teologia espiritual, mas o verdadeiro cerco de Jericó comporta a superação de barreiras interiores acima de tudo. Porque, aprisionados dentro, nós não somos capazes de derrubar nem um tijolinho da muralha que nós devemos enfrentar. Pode acontecer que, nesse percurso, existam ainda barreiras a serem vencidas.

Por isso Jericó representa um passo importante na caminhada de fé que todos nós devemos dar.

A barreira da vontade adoecida
Curar a nossa falta de vontade ou a nossa vontade que está adoecida e paralisada. Por que eu estou dizendo isso? Porque Jesus perguntou para o cego: “O que queres que eu faça por ti?” Jesus não sai distribuindo curas e milagres por aí, sem um envolvimento profundo da pessoa interessada.

Ele questiona aquele cego sobre as disposições que existem dentro dele para receber a graça de Deus.

Podemos curar muita gente, mas essas podem sair dos nossos momentos de oração com várias muletas e dependências, inclusive da oração, da imposição das nossas mãos. Tem gente que, se algum pregador não puser a mão na cabeça dele, parece que não valeu a ida àquele encontro.

Cuidado, cuidado!
É preciso responder a Jesus o propósito que há dentro de nós. Uma vez tocados pela Sua graça, nós devemos manter essa chama viva da fé e levar o Cristo a outras pessoas para que experimentem também o Seu poder salvador. Não façamos com uma multidão que queria calar aquele homem, mas ajudemos as pessoas a chegarem até Jesus.

O cego de Jericó nos ensinou, com a sua fé, a rezar o famoso “Senhor, tem piedade de nós!”. Rezamos isso em cada missa.

Supliquemos a bondade de Deus que nos quer pessoas livres e portadoras da Sua presença no mundo.

Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-Poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Padre Donizete Heleno Ferreira
Sacerdote da C. Canção Nova


Enviou-me para libertar os presos e proclamar o tempo da Misericórdia

A presença viva de Jesus que liberta e transforma

Pegue a Palavra do Senhor em São Lucas 4,18. Sei que vocês a conhecem de cor, mas a Palavra é sempre nova, e nós queremos deixar que ela faça novas coisas na nossa vida. Como falou também o nosso irmão padre Rodrigo: “O Espírito do Senhor está sobre mim”.

Vamos ler juntos: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres”. Mesmo que a tradução possa ser diferente, tomamos posse desta palavra juntos: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar uma boa nova aos pobres. Enviou-me para anunciar a libertação aos presos, a recuperação da vista aos cegos, para dar liberdade aos oprimidos e para anunciar o ano da graça do Senhor”. Amém, irmãos!

A Palavra que revela a identidade de Cristo
Eu queria que nós entendêssemos uma coisa simples, mas vocês sabem que as coisas simples são as mais difíceis de serem compreendidas, porque parecem óbvias, e não damos importância a essa verdade. Esta palavra não fala de nós; ela diz a identidade de Cristo Jesus.

Ele veio ao mundo neste poder, nesta autoridade, como Messias, como ungido esperado desde sempre. Ele é o Senhor, Ele é o nosso Senhor, Ele que age no meio de nós.

Uma experiência na Praça da Sé
Coloco para vocês uma experiência que vivemos tempo atrás lá na Praça da Sé. Estávamos na Praça da Sé evangelizando; de repente, apareceu um cara meio bêbado, borracho como dizem na Venezuela, na Argentina.

E aí, de repente, nós falamos:
— “Você quer que peçamos o Espírito Santo?”
— “Não.”

E ficou bem agressivo.
Aí falamos:
— “Mas você gostaria que orássemos por você?”
— “Ah, sim, sim, sim.”

Quando oramos, ele caiu no repouso do Espírito Santo e ficou lá um tempo. Quando levantou, era totalmente livre de todos os efeitos da bebida.

E só falava:
— “O barulho é doido! O barulho é louco! O barulho é louco!”

Perguntamos:
— “Que barulho?”

Ele disse:
— “Aquele Senhor de branco que apareceu era cheio de luz. Ele me olhou e me disse: ‘Levanta-te’.”

Ele se levantou livre de todas as consequências do álcool e foi embora feliz, porque sentiu que aquele Senhor Jesus veio para libertar os oprimidos, veio para curar os enfermos, e ele experimentou isso concretamente na sua vida.

A Palavra é presença
Aquilo que nós precisamos continuamente acolher não é apenas uma palavra — é uma presença, a presença do Senhor.

Ele é quem evangeliza, Ele é quem cura, Ele é quem liberta. Jesus Cristo é vivo. Ele está no meio de nós. Ele age no meio de nós.

Ele quer encontrar as portas abertas do nosso coração. E Ele nos diz: “Quem tem sede venha e beba; do seu coração jorrarão rios de água viva”.

Autor: Padre João Henrique

Santa Isabel da Hungria

Isabel era princesa na Hungria, foi rainha na Alemanha, e se fez santa na Terra e para o Céu.

Nasceu no ano de 1207, e desde então já foi prometida em casamento para o duque Ludwig da Turíngia, na Alemanha. Cresceu e foi educada junto com o futuro marido. Ele a amava sinceramente, e a apoiava nas suas iniciativas de espiritualidade. Porém a sogra e demais parentes do esposo tinham ciúmes e procuraram prejudicá-la por quase toda a sua curta vida.

Embora em nada descuidando do seu papel de esposa e mãe, o que mais caracterizou Isabel foi a sua vida de espiritualidade e particular caridade aos pobres. Como a eles dedicava não só o próprio serviço, pessoalmente lavando-os, alimentando-os e vestindo-os, mas também utilizava dinheiro para as suas necessidades, a sogra tentou indispor Ludwig, alegando que Isabel esbanjava as riquezas da coroa. Numa ocasião, saindo ela com alimentos para distribuir aos necessitados, ele a questionou e ela disse que só levava rosas – esquecendo ser inverno – e, ao abrir a sacola, de fato apareceram rosas.

De outra vez, a sogra o avisou de que Isabel estava a cuidando de um leproso no seu próprio quarto, mas ao entrar Ludwig encontrou sobre o leito Cristo crucificado, em quem o leproso se transformara.

Apesar das dificuldades, o casamento foi muito feliz. Ludwig porém faleceu de peste, na Itália, quando ia para as cruzadas na Terra Santa. Então a sogra e parentes do marido a expulsaram da corte com os filhos, pretextando de que ela esbanjava os bens da família, quando Isabel, por causa de um período de carência de víveres na região, sustentou pelos cofres públicos a centenas de pobres.

Acolhida finalmente, sem nada mais ter, no Convento Cisterciense de Ktizingen, onde uma sua tia era abadessa, Isabel decidiu confiar a seus parentes a educação dos filhos, Hermano, Sofia e Gertrudes, e tomou o hábito da Ordem Terceira de São Francisco.

Confrontados por companheiros de Ludwig nas cruzadas, os seus irmãos, os príncipes, arrependeram-se, pedindo perdão a Isabel e restituindo-lhe os bens. Ela porém preferiu viver na pobreza, numa modesta residência em Marburg, onde, com o valor da sua herança, mandou construir um hospital. Morreu em 1231, aos 24 anos: foi noiva aos 14, mãe aos 15 e viúva aos 20. Por causa dos milagres ocorridos no seu túmulo, foi canonizada já em 1235, e declarada padroeira da Ordem Terceira Franciscana.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santa Isabel foi tão especial quanto singular foi a sua vida, curta e responsável. Desde nova demonstrou extraordinária espiritualidade, que a levou a ser a única soberana recusando-se a usar a coroa na cerimônia de casamento, dentro da igreja, alegando que não poderia usar objeto tão precioso e símbolo da realeza diante de Cristo, nosso Rei coroado de espinhos. De origem real, sua maior nobreza foi a santidade, que partilhava com outras pessoas da família (Santa Edwiges, Santa Inês da Boêmia, etc.), manifesta especialmente na caridade com os pobres. Dela disse o Papa Bento XVI: “E como tinha descoberto realmente a Deus, e Cristo não era para ela uma figura distante, mas o Senhor e o Irmão da sua vida, encontrou a partir de Deus o ser humano, imagem de Deus. Essa é também a razão porque quis e pôde levar aos homens a justiça e o amor divinos. Só quem encontra a Deus pode também ser autenticamente humano”. (Da homilia na igreja de Santa Isabel da Hungria de Munique, 2 de dezembro de 1981).

Oração:

Deus, nosso Pai, Santa Isabel foi um conforto para os pobres e defensora dos desesperados. A ninguém negava sua caridade e o apoio nas horas difíceis. Colocou a serviço dos necessitados todas as suas riquezas. Transformai também o nosso interior, para que sejamos luz para o mundo de hoje, como Santa Isabel o foi para o seu tempo. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Na COP30, diálogo socioambiental pela Paz: “não mais domínio, mas relação respeitosa com todos os seres”


O diálogo é o instrumento que nos permite avançar na construção social. Daí a importância do Painel “Diálogo socioambiental pela Paz: adaptação e transição justa”, realizado na Zona Azul da COP30 na manhã do dia 13 de novembro de 2025.

Diálogo entre diversos atores sociais
Um diálogo entre a Igreja católica, representada pelo arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ultirch Steiner, o diretor do Departamento de Ecologia Integral da Conferência Episcopal Espanhola, padre Eduardo Agosta, e a secretária da Pontifícia Comissão para América Latina, Emilce Cuda, a universidade, com a presença de Juliano Assunção, do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e os empresários Ana Cabral, presidenta de Sigma Lithium, e José Luis Manzano, presidente de Integral Capital.

Se faz necessário reconhecer que as mudanças climáticas são um sinal de que temos perdido relação com a verdadeira essência da humanidade, em palavras do presidente da Fundação para a Equidade nos Mercados Ambientais, Patricio Lombardi, organizador do evento. Ele, que fez um chamado escutar, refletir, nos reconectar, destacou a importância do Acordo de Paris e sua relação com Laudato si´, incidindo no Artigo 12 do acordo, que demanda “cooperar para tomar medidas, conforme apropriado, para ampliar a educação, a formação, a sensibilização do público, a participação do público e o acesso do público a informação sobre as mudanças climáticas, reconhecendo a importância dessas etapas para ampliar as ações previstas”.

Um painel, como o realizado, possibilita o diálogo social, fundamento da Doutrina Social da Igreja, segundo salientou Emilce Cuda. A secretária da PCAL. Ela recordou as palavras de Papa Leão XIV, que diz que “para desarmar as palavras, para chegar à paz, temos que dialogar”. Daí a necessidade de desarmar as palavras como única forma de resolver o conflito, que a teóloga argentina considera a base do diálogo social, que “não é um diálogo entre amigos, é um diálogo entre representantes de partes organizadas de uma sociedade para poder chegar a um acordo que sempre é aberto, negociado”, uma necessidade diante da situação social e ambiental atual que “está em risco de chegar a um ponto crítico”.
Diálogo sem escuta é imposição


O cardeal Steiner partiu da ideia de que “diálogo é sempre uma escuta”, fazendo um chamado a “sermos escutadores, escutadoras, para podermos devagar ir percebendo qual é a razão de fundo que nos move e que nos dá horizonte da compreensão da nossa vida, mas também da nossa fé”. Por isso, “diálogo sem escuta não é diálogo, é imposição de ideologias ou de ideias”, algo que demanda se ouvir, porque “é na escuta que a esperança se faz presente, é no ouvir que a esperança vai devagarinho surgindo no horizonte das nossas compreensões”.

O cardeal, inspirado em Romano Guardini, refletiu sobre a dimensão relacional, a necessidade de estar a serviço, se superar a atitude de posse. Ele refletiu sobre as relações com o meio ambiente, apostando na “obrigação de levantar a bandeira da esperança para que essas relações possam ser mais condizentes com o que pede a própria natureza”. Frente a isso, “outra modalidade de saber, que não observa, mas analisa, já não se emerge no objeto, mas o agarra e o destrói”. O cardeal Steiner demanda uma ética “não mais do domínio, mas de uma relação condizente, respeitosa com todos os seres”.

O arcebispo de Manaus refletiu sobre a necessidade de levar em consideração os pobres, aqueles que mais estão sofrendo com as mudanças climática, que no Brasil são os povos indígenas. Diante disso, o presidente do Conselho Indigenista Missionário disse que “nós queremos ser para eles um sinal de esperança”, dado que eles são sinal de esperança em consequência do seu modo harmônico de convivência com o meio ambiente. Por isso, a necessidade de levar em conta que “Jesus nos possibilita um outro modo de relação, que é samaritano, que é fraterno, que é consolador, que é de uma fraternidade universal”.

Necessidade de conversão
O problema climático é algo que goza de convicção científica desde 1987, segundo Eduardo Agosta. Ele mostrou a demora para chegar em decisões políticas, vendo como uma das causas do atual fracasso o fato de não levar em conta o moral e o ético que aparece em Laudato si´. Ele reconhece a existência de soluções técnicas, mas denuncia a falta de vontade política para enfrentar aquilo que não gostamos, dada a necessidade de conversão para alcançar a mudança. Junto com isso, a falta de consciência de pertença a uma fraternidade humana, que habita uma casa comum, com uma dívida climática a pagar.

Para isso demanda abraçar a ecologia integral imanente, superando o pensamento fragmentado, ver o clima como a base de tudo o que coloca em risco a dignidade humana e a vida de muitas pessoas; ver o território como lar e não como recurso; fomentar a transição justa; assumir a opção preferencial pelos pobres, que sofrem a maior parte das consequências das mudanças climáticas. Por isso, Agosta demanda mais alma para assumir de verdade o Acordo de Paris.

A universidade é espaço de avanços científicos, também em tudo o que tem a ver com as mudanças climáticas, um problema a ser tratado de maneira conjunta, segundo Juliano Assunção, dado que ele afeta a todos nós e que demanda uma ajuda para com aqueles que mais sofrem. Daí a necessidade de justiça climática, sobretudo para com os países mais pobres, com quem o Planeta tem uma maior dívida ecológica. Por isso a necessidade de criar meios para que as pessoas consigam viver melhor, defendeu o professor brasileiro.

Todos sentados na mesa do diálogo
O grande desafio é estabelecer diálogos com aqueles que participam na tomada de decisões, com os empresários. Isso, porque segundo lembrou Emilce Cuda, recordando as palavras de Papa Francisco, “não haverá justiça social até que todos não estejam sentados à mesma mesa da tomada de decisões, não para contar seus dramas, mas para decidir”, como único caminho para a paz, que é consequência do diálogo social.

Daí a importância da presença do mundo da empresa no evento. José Luis Manzano recordou o chamado de Papa Francisco aos empresários a assumir sua responsabilidade, a escutar os trabalhadores. Ele refletiu sobre a nova realidade planetária, marcada pela Inteligência Artificial, que demanda um grande consumo energético, que leva a assumir que o que está sendo feito não é suficiente. Uma realidade que demanda uma abordagem integral, com a participação de todos, que leve a incluir essa reflexão nas agendas políticas, como algo que precisa de capital. Para isso, precisa de diálogo, a obrigação de escutar o outro. Junto com o empresário argentino, a empresária brasileira Ana Cabral, que também insistiu no diálogo, uma atitude assumida pela Igreja católica, dada sua liderança moral e seu conhecimento da realidade, da vida das pessoas.

Dialogar da vida das pessoas
Um debate que levou Eduardo Agosta a enfatizar que “a base do diálogo social sempre tem que ser a vida de todas as pessoas”. Isso em uma Amazônia, que Juliano Assunção considera um símbolo, que “nos dá um caminho de convivência, um caminho de diálogo”, algo que faz parte da vida das universidades. Partindo do fato do diálogo ter como base o conflito, José Luis Manzano chamou a encontrar caminhos de unidade, a descobrir a importância do território. É no território onde as ações que são desenvolvidas provocam mudanças que trazem esperança na vida das pessoas, segundo Ana Cabral.

Tudo isso em uma hermenêutica da totalidade, que Papa Francisco apresentou em Querida Amazônia. Na perspectiva do clima, essa hermenêutica deve nos levar a levar em consideração tudo, a ter uma visão de tudo, segundo o cardeal Steiner. Ele chamou a reparar em “alguns elementos que não transformam o todo e não deixam cuidar do todo”, e disse ver na Querida Amazônia um instrumento que pode nos ajudar muito na questão das mudanças climáticas. Daí seu pedido: “Tirem as mãos da Amazônia. Estão depredando a Amazônia. E não são os Amazônidas. Não são os povos indígenas, não são”.

Por padre Luiz Modino – Regional Norte 1 CNBB – texto e fotos

Papa sobre misticismo: equilíbrio e prudência ao distinguir fenômenos excepcionais dos Servos de Deus


A mística manifestada pela experiência íntima do amor com Deus é reconhecida há séculos pela Igreja. Os eventos excepcionais, porém, disse Leão XIV, "não são condições indispensáveis para reconhecer a santidade de um fiel", mas a "plena e constante conformidade com a vontade de Deus". Por isso a importância de "equilíbrio" e "prudência" para distinguir os fenômenos espirituais autênticos e conforme ao ensinamento da Igreja "das manifestações que podem ser enganosas".

Andressa Collet - Vatican News

A audiência com o Papa Leão XIV nesta quinta-feira (13/11), na Sala Paulo VI, no Vaticano, encerrou as atividades do congresso de quatro dias sobre misticismo na Pontifícia Universidade Urbaniana, organizado pelo Dicastério para as Causas dos Santos. Após os encontros precedentes sobre santidade, dimensão comunitária e martírio, o tema deste ano foi dedicaado à relação entre os fenômenos místicos e a santidade de vida, "uma das dimensões mais belas da experiência de fé", disse o Pontífice logo no início do discurso, ao também agradecer pelo aprofundamento do argumento, uma maneira inclusive para "esclarecer alguns aspectos que requerem discernimento".

A vida mística e a união com Deus

"Seja através da reflexão teológica, seja com a pregação e a catequese, a Igreja reconhece há séculos que no coração da vida mística está a consciência da íntima união de amor com Deus", continuou Leão XIV, um evento de graça que "ultrapassa o mero conhecimento racional, não por mérito de quem a vive, mas por um dom espiritual, que pode se manifestar de diversas maneiras, inclusive com fenômenos até mesmo opostos, como visões luminosas ou escuridões intensas, aflições ou êxtase". Esses eventos excepcionais, porém, complementou o Pontífice, devem permanecer sempre em "comunhão com Deus". E Leão XIV explicou:

“Os fenômenos extraordinários que podem conotar a experiência mística não são condições indispensáveis para reconhecer a santidade de um fiel: se presentes, eles fortalecem as virtudes não como privilégios individuais, mas como ordenados para a edificação de toda a Igreja, corpo místico de Cristo. O que mais importa e deve ser enfatizado no exame dos candidatos à santidade é a sua plena e constante conformidade com a vontade de Deus, revelada nas Escrituras e na Tradição apostólica viva. É importante, portanto, ter equilíbrio: assim como não se deve promover as Causas de Canonização apenas na presença de fenômenos excepcionais, também se deve ter cuidado para não penalizá-las se os mesmos fenômenos caracterizam a vida dos Servos de Deus.”

A audiência com o Papa foi realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano (@Vatican Media)

Além do equilíbrio, prudência para avaliar os fenômenos
Em discurso, o Papa ainda salientou sobre o compromisso constante do "Magistério, da teologia e dos autores espirituais" de fornecer critérios para distinguir os fenômenos espirituais autênticos "das manifestações que podem ser enganosas. Para não cair na ilusão supersticiosa, é preciso avaliar com prudência tais eventos, através de um discernimento humilde e conforme ao ensinamento da Igreja". Enfim, antes da bênção apostólica aos participantes do congresso sobre o misticismo, Leão XIV alertou:

"No centro do discernimento sobre um fiel está a escuta da sua fama de santidade e o exame da sua virtude perfeita, como expressões de comunhão eclesial e íntima união com Deus. Desempenhando esse precioso serviço estão especialmente aqueles como vocês que trabalham no âmbito das Causas de Canonização chamados a imitar os Santos e a cultivar assim a vocação que nos une a todos como batizados, membros vivos do único povo de Deus."

Leão XIV com o cardeal Semeraro, o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos (@Vatican Media)

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EVANGELHO DO DIA (Lc 17,26-37)


ANO "C" - DIA: 14.11.2025
32ª SEMANA DO TEMPO COMUM (VERDE)

- Aleluia, Aleluia, Aleluia.
- Levantai vossa cabeça e olhai, pois, a vossa redenção se aproxima!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
-Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 26 "Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem. 27 Eles comiam, bebiam, casavam-se e se davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. Então chegou o dilúvio e fez morrer todos eles. 28 Acontecerá como nos dias de Ló: comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam. 29 Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, Deus fez chover fogo e enxofre do céu e fez morrer todos. 30 O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado. 31 Nesse dia, quem estiver no terraço, não desça para apanhar os bens que estão em sua casa. E quem estiver nos campos não volte para trás. 32 Lembrai-vos da mulher de Ló. 33 Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem a perde, vai conservá-la. 34 Eu vos digo: nessa noite, dois estarão numa cama; um será tomado e o outro será deixado. 35 Duas mulheres estarão moendo juntas; uma será tomada e a outra será deixada. 36 Dois homens estarão no campo; um será levado e o outro será deixado". 37 Os discípulos perguntaram: "Senhor, onde acontecerá isso?" Jesus respondeu: "Onde estiver o cadáver, aí se reunirão os abutres".

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIOS:
"O tempo é curto! Faça escolhas acertadas para viver melhor"

A dinâmica da conclusão e a realidade eterna
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem. Eles comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então, chegou o dilúvio e fez morrer todos eles (Lucas 17,26-37)

Meus irmãos e minhas irmãs, nós estamos nos encaminhando para a conclusão do nosso calendário litúrgico e também, por que não dizer, do nosso ano litúrgico. Estamos no mês de novembro, vivendo, agora, a conclusão desse nosso calendário litúrgico.

É certo que as leituras tendem a nos colocar na dinâmica da conclusão da nossa existência, que não é de nenhuma forma uma existência destinada a essa realidade terrena. Por isso que o aceno a um estilo de vida pautado em comer, beber, casar, não é por nada um ideal a ser alcançado.

Memento mori e a plenitude de vida
Os monges, todas as noites, repetem o chamado memento mori, ou seja, “recorda-te que vais morrer”, como uma munição, um chacoalhão à própria consciência de que a vida precisa ser vivida de uma forma plena e cheia de sentido.

O Retiro da Boa Morte
Também Dom Bosco, na sua espiritualidade, ensinava aos jovens o chamado Retiro da Boa Morte, prática que, inclusive, a Canção Nova adotou dentro da sua espiritualidade.

Uma revisão geral, seja na vida espiritual, seja na organização das coisas, dos bens, das nossas obrigações.

Sabendo que podemos morrer amanhã, fazemos o retiro da boa morte. Colocamos a casa em ordem, seja a casa interna, mas também a casa externa.

Para o cristão, saber da morte não deve ser nunca uma coisa angustiante, mas um choque de realidade para que faça sempre escolhas acertadas, que não danifiquem a própria vida nem a vida dos outros.

Se nós soubéssemos que teríamos um ano de vida, certamente, muitas coisas sairiam das nossas prioridades.

Se fossem seis meses, talvez coisas essenciais estariam presentes na nossa vida. Se fosse apenas um mês ainda mais, ou se nos restasse apenas um dia, desde o amanhecer, nós já valorizaríamos cada segundo da nossa vida, cada abraço, cada sorriso, cada gesto de amor.

Padre Donizete Heleno Ferreira
Sacerdote da C. Canção Nova



Uma ofensa, nós perdoaríamos muito mais fácil, e não jogaríamos essa coisa para dentro do nosso coração. Ou seja, o Evangelho de hoje deve nos interrogar mais profundamente sobre as consequências dos nossos atos. Para assim repensarmos muitas atitudes que nós estamos tendo e possamos mudar o rumo da nossa vida.

O tempo é curto. Convertamo-nos!

Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-Poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!