quarta-feira, 27 de março de 2024

PROCESSO DA 6ª SOCIAL BRASILEIRA SE CONCLUI E PRODUZ DOCUMENTO COM RESUMO DAS PROPOSTAS SISTEMATIZADAS AO LONGO DE 4 ANOS


No encerramento da 6ª Semana Social Brasileira (SSB) em Brasília–DF, de 20 a 22 de março de 2024, com o tema “Mutirão pela Vida, por Terra, Teto e Trabalho”, os 150 participantes apresentaram uma mensagem que resume as ações realizadas de 2020 a 2024, durante diversas atividades ao longo desse período.

O documento sistematiza o diagnóstico do Brasil vivenciados em todas as regiões, com relatos sobre como se manifestam onde manifestam nos territórios (Terra), na esfera urbana (Teto) e no mundo laboral (Trabalho) e denuncia a economia “que exclui, degrada e mata”.

Neste sentido, a 6ª SSB reafirmou “a participação popular ativa e a democratização do Estado”, a partir da força dos movimentos e organizações populares. Só isto, aponta o documento, é capaz de gerar resistência “ao modelo imposto pelo capital e construindo um projeto popular para o Brasil que queremos e o bem viver dos povos”.

A mensagem recolhe o resultado do trabalho dos grupos e aponta a preocupação com a agenda internacional, em algumas das quais o Brasil está à frente, como o G-20, Cop-30, Brics que acontecerão ao longo de 2024 e 2025.

Como caminho, a 6ª SSB propõe: “fortalecer e incidir para criação de mecanismos e participação popular”, como Peregrinos da Esperança, que conclamam “a todas as pessoas de boa vontade e suas organizações para desenvolver o projeto popular para o Brasil, fruto da escuta e participação no processo da 6ª Semana Social Brasileira”.



Terra Santa, Papa agradece aos pais de duas meninas mortas na guerra: bonito testemunho


No final da Audiência geral desta quarta-feira (27), o Papa Francisco recordou a história de Bassam Aramin e Rami Elhanan, um israelense e um árabe, cujas filhas, de 10 e 13 anos, foram mortas. Após o drama, eles se uniram e seguiram um caminho de reconciliação. O Pontífice: "Eles não olham para a inimizade da guerra, mas para a amizade de dois homens que se querem bem que passaram pela mesma crucificação". Apelo pelo Oriente Médio e pela atormentada Ucrânia que sofre com os bombardeios.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

A história dos dois homens, a presença deles, lado a lado, é um testemunho tangível de que nem tudo está perdido e de que há uma luz para vencer a "escuridão" que domina esta hora do mundo. Bassam Aramin e Rami Elhanan, um israelense e o outro árabe, são "duas pessoas, dois pais" unidos pela maior dor de um pai: perder seu filho. Bassam viu sua filha Abir, de 10 anos, morrer com uma bala de borracha disparada por um soldado israelense; Rami perdeu sua filha Smadar, de 13 anos, em um ataque suicida palestino. Duas tragédias, expressões da violência que assola a Terra Santa; depois disso, os dois homens se encontraram e semearam sua dor no bom terreno da esperança; fazer crescer do mal sofrido frutos de bem e de reconciliação.

A saudação do Papa

Nesta quarta-feira Bassam e Rami estavam presentes na Sala Paulo VI na Audiência geral de quarta-feira, sentados juntos e acompanhados pelo diretor da Livraria Editora Vaticana (LEV), Lorenzo Fazzini. Francisco os recebeu pela manhã, depois os cumprimentou durante as saudações no final da audiência, mas antes quis chamar a atenção do mundo para a história deles: "aqui hoje, nesta audiência, há duas pessoas, dois pais. São os primeiros da fila: um israelense e um árabe", disse ele.

Ambos perderam suas filhas nesta guerra e ambos são amigos; eles não olham para a inimizade da guerra, mas olham para a amizade de dois homens que se querem bem e que passaram pela mesma crucificação.


Encontro com o Papa
"Obrigado por seu testemunho"

Bassam e Rami são agora os rostos mais conhecidos do Parents Circle Families Forum, uma organização de base de famílias palestinas e israelenses que perderam familiares devido ao conflito na Terra Santa e são movidas pelo desejo de uma paz duradoura. A história deles é contada na íntegra no livro do escritor irlandês Colum McCann, Apeirogon, como o nome de um polígono com um número infinito de lados. Infinitas são as nuances desses testemunhos e o difícil contexto em que amadureceram. Francisco exorta os fiéis a refletirem sobre a história dos dois pais e a olharem para ela como um farol nestes tempos feridos, não deixando de expressar sua gratidão pessoal.

Pensemos no belíssimo testemunho dessas duas pessoas que sofreram em suas filhas a guerra na Terra Santa. Queridos irmãos, obrigado por seu testemunho.

Sala Paulo VI

Apelo pela Ucrânia e pelo Oriente Médio

Nas palavras do Papa, durante a saudação aos fiéis de língua árabe, não faltou a lembrança das "vítimas inocentes das guerras" e a oração para que "Cristo, com a sua Ressurreição, conceda paz e consolação". Um apelo que assume uma forma mais nítida na saudação aos italianos: "Irmãos e irmãs, rezemos pela paz!"

Que o Senhor nos dê paz na martirizada Ucrânia, que está sofrendo tanto com os bombardeios. Também em Israel e na Palestina, que haja paz na Terra Santa. Que o Senhor nos dê a todos a paz como um dom de sua Páscoa.


EVANGELHO DO DIA

ANO "B" - DIA: 27.03.2024
QUARTA FEIRA DA SEMANA SANTA

— Salve, Cristo, Luz da vida, companheiro na partilha!
— Salve, nosso Rei, somente vós tendes compaixão dos nossos erros.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 14 um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15 e disse: “Que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16 E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.

17 No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?” 18 Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos’”.

19 Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. 20 Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. 21 Enquanto comiam, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair”. 22 Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: “Senhor, será que sou eu?”23 Jesus respondeu: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24 O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” 25 Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIOS:
"Prepare-se bem para viver a Páscoa do Senhor"

“Naquele tempo, um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes, e disse: ‘Que me dareis se vos entregar Jesus?’. Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus. Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. Enquanto comiam, Jesus disse: ‘Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair’.” (Mt 26,14-16;19-21)

Muito bem, ao final desta leitura, Judas, incomodado com esta pergunta de Jesus, lança ao Senhor esta indagação: ‘Serei eu, Senhor?’. Hoje é Quarta-feira Santa, hoje é o dia do nosso exame de consciência para a Páscoa. Todos nós vivemos esses dias de preparação para Páscoa, e a Quaresma nos ajudou muito nisso. Quanta gratidão que nós temos de dar a Deus por tudo que Ele fez conosco ao longo desse dias, neste caminho quaresmal, que está se encerrando!

Tem que dizer aqui: quanta gratidão aos nossos sacerdotes que se esforçaram para ouvir as confissões dos fiéis, ao longo destes dias, os chamados “mutirões de confissão” nas paróquias. Seja grato, hoje, ao seu pároco, por exemplo, que tem esse ministério tão lindo da reconciliação e tem dado a vida por amor ao seu povo. Pare de falar mal do seu pároco; reze por ele e agradeça a Deus pelo dom do seu ministério!

Muitos, porém, infelizmente, não se prepararam bem para a Páscoa do Senhor, ou pior, se prepararam ao modo de Judas, procurando uma oportunidade para trair Jesus. E temos de dizer com toda a clareza: quantos cristãos estão, nestes dias, preparando a sua Páscoa de um modo totalmente pagão, planejando a praia, planejando o churrasco, a festa regada, bebedeira, planejando o seu comércio aberto de domingo a domingo, até altas horas, pensando no dinheiro… É o modo Judas de se preparar para a Páscoa do Senhor, pensando mais em si mesmo do que na Paixão de Nosso Senhor.
O chamado de Deus nos convoca a nos prepararmos bem, para vivermos a Páscoa do Senhor

“Feliz a nação cujo Deus é o Senhor”, nos diz a Palavra de Deus, por isso, eu não quero, aqui, de forma nenhuma, rogar nenhuma praga, mas apenas chamar a atenção para todos nós para vergonha que, em certos contextos religiosos, de muitos de nós, muitas vezes, nós deixamos de lado coisas que são essenciais do nosso cristianismo. O chamado de Deus é para todos nós; o chamado de Deus nos convoca a nos prepararmos bem, para vivermos a Páscoa do Senhor.

No contexto do Evangelho, Judas foi o único que se preparou para a Páscoa, porque foi Jesus quem teve de pedir aos discípulos para ir atrás de um lugar, de uma casa para preparar a ceia, os discípulos não tiveram iniciativa. E Judas foi o único que se preparou para a Páscoa, mas ele fez isso de um modo demoníaco, Judas profanou a Ceia Sagrada, e os seus preparativos foram um culto ao maligno porque foram uma preparação para a traição de Jesus.

Que o Senhor nos livre deste mal; que o Senhor nos livre desta maldição!

Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da C. Canção Nova


Para viver bem a Semana Santa


Os antigos a chamavam de “Semana Maior”, por ser a celebração mais importante do Ano Litúrgico, que nos leva a contemplar o mistério da Redenção da humanidade: Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. O bom católico sabe que deve celebrá-la com profundo respeito, meditação, oração e contemplação do grande mistério de amor de Deus por nós. Cada função litúrgica deve ser assistida e participada com devoção e ação de graças a Deus. Não podemos transformar a Semana Santa numa semana de lazer, na praia, no campo ou no turismo secular.

Antes de tudo é preciso fazer uma boa Confissão para poder celebrar dignamente os santos mistérios desta Grande Semana. Ela começa no Domingo de Ramos, que nos leva a meditar e reviver – não apenas mera recordação – a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. A Igreja recorda os louvores da multidão cobrindo os caminhos para a passagem de Jesus, com ramos proclamando: “Hosana ao Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor” (Lc 19, 38 – MT 21, 9). Seguir a Cristo por entre os hosanas deste domingo e estar disposto a acompanhá-lo ao Calvário. O verdadeiro seguidor do Salvador é um defensor da fé e não um traidor de Jesus, como foram aqueles que o saudaram e, logo em seguida, pediram sua condenação. O apelo da Igreja é este: “Acorda, cristão, sois soldado de Cristo, estás unido a Ele e deves caminhar com Ele rumo à Paixão e Ressurreição”. Esta deve ser a disposição de quem deseja celebrar bem a Semana Santa.

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Na Quinta-feira Santa celebramos a Instituição do Sacramento da Eucaristia, a instituição do Sacerdócio, e a grande lição de Jesus: “Amai-vos uns aos outros”. Na Missa que o Bispo celebra com o seu clero, benze os Santos Óleos:

1. Óleo do Crisma – Uma mistura de óleo e bálsamo, significando a plenitude do Espírito Santo; o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo”. Este óleo é usado também no sacramento da ordenação sacerdotal. Sua cor é dourada.

2. Óleo dos Catecúmenos – são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças. Significa a libertação do Mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.

3. Óleo dos Enfermos – É usado no sacramento da Unção dos Enfermos. Sua cor é roxa.

Na Missa da Ceia do Senhor, comemoramos a Última Ceia, em que Jesus instituiu o Sacerdócio católico, a Sagrada Eucaristia, e dá a grande lição do amor no “lava-pés”. No final da Missa, faz-se a “Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento” do altar-mor da igreja para uma capela, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda à noite. Este é o dia da Eucaristia, em que, de modo especial, todos devem comungar bem e adorar os Senhor na Eucaristia.

Na Sexta Feira Santa celebramos Sua Paixão e Morte. O silêncio, o jejum e a oração devem marcar este dia que, não deve ser vivido em clima de luto, mas de profundo respeito diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos. Às 15 horas, horário em que Jesus foi morto, celebramos a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística. É a hora de se unir à Virgem Dolorosa, adorar Jesus em sua Cruz e acompanhá-lo até sua sepultura. Em alguns lugares se faz a celebração “Sermão das Sete Palavras” de Jesus na Cruz. À noite nas paróquias faz-se as encenações da Paixão de Jesus Cristo com o Sermão da Descida da Cruz e em seguida a Procissão do Enterro, levando o caixão com a imagem do Senhor morto. Participando com devoção dessas celebrações, estamos participando bem da Semana Santa.


O Sábado Santo é o dia do grande silêncio, o dia do repouso do Senhor, da Soledade (solidão dolorosa) de Maria. A principal celebração é a “Vigília Pascal”, na noite do Sábado Santo. Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal:1 – a benção do fogo novo e do círio pascal; 2 – a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; 3 – a Liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; 4 – a renovação das promessas do Batismo e, por fim, 5 – a Liturgia Eucarística. “A morte foi vencida, as portas do Paraíso estão abertas!” Num duelo admirável a morte lutou contra a vida e o Autor da vida se levanta triunfador da morte. Terminou o combate da luz com as trevas, combate místico de Cristo contra Satanás. Após as trevas brilhará o sol da Ressurreição!

Nada, pois, mais necessário do que viver com intensidade estes dias sagrados e abrir os corações às inspirações divinas.

Prof. Felipe Aquino




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Santa Lídia, comerciante de púrpura


O que se sabe sobre Santa Lídia está no livro dos Atos dos Apóstolos 16, 14-40. Morava em Filipos, a principal cidade da Macedônia, um porto no Mar Egeu e uma colônia romana. Mas nascera em Tiatira, uma cidade da região chamada Lídia, na parte ocidental da Grécia. Por isso, alguns crêem que Lídia não seria o seu nome, mas um apelido recebido dos filipenses – "a lídia" (como "a samaritana", por exemplo). Era prosélita, ou seja, pagã (não judaica) que tinha se convertido ao judaísmo. Isto indica que já buscava a Verdade, ao deixar as crenças gregas politeístas e abraçando o judaísmo monoteísta. E, ao ouvir a pregação de São Paulo, converteu-se ao Catolicismo.

Tiatira era conhecida pela lucrativa indústria de tingimento e comércio de púrpura, no século I. A existência de fabricantes de corante tanto em Tiatira como em Filipos é comprovada por inscrições de descobertas arqueológicas. É possível que Lídia tivesse mudado para Filipos, onde conheceu Paulo, por causa do seu trabalho com púrpura.

Pela descrição de São Lucas, que a conheceu pessoalmente, Lídia era uma mulher rica por ser comerciante de púrpura, dona do próprio comércio e chefe de família, algo incomum para as mulheres da época (aparentemente, ela dirigia a própria casa, e portanto possivelmente era viúva ou solteira. Sua família incluiria parentes e provavelmente escravos ou servos).

Entende-se que Lídia era rica porque roupas na cor púrpura eram usadas somente por reis, rainhas e pessoas da nobreza. O corante é extraído de várias fontes, a mais cara sendo os moluscos marinhos do gênero Murex e abundantes no Mar Mediterrâneo. Segundo Marcial, poeta romano do século I, um manto da mais fina púrpura de Tiro, outro centro fabricante dessa substância, chegava a custar 10.000 sestércios, ou 2.500 denários, o equivalente ao salário de 2.500 dias de um trabalhador.

Entre os anos 50 e 53, os apóstolos Paulo, Silas, Timóteo e Lucas foram a Filipos como missionários. Esperaram o sábado para irem à procura de judeus que provavelmente se reuniriam para ler a Escritura. Saíram da cidade, na qual provavelmente não havia muitas sinagogas, já que o imperador Cláudio estabelecera a política de expulsar os judeus. Encontraram Lídia com outras mulheres próximo a um rio, onde eles pensaram haver um lugar de oração (cf. At 16,13).

Depois de batizada, junto com os da sua casa, Lídia pediu veementemente aos Apóstolos que se hospedassem com ela, durante a sua estadia na cidade. E, após serem presos, e milagrosamente libertos pela ação de um terremoto, Paulo e Silas voltaram ainda à sua residência. Depois de confortar os que ali estavam, ou seja, os que formariam a comunidade cristã de Filipos, para a qual São Paulo escreveria mais tarde a Carta aos Filipenses, os Apóstolos foram para a Tessalônica.

Santa Lídia ajudou decisivamente São Paulo e seus companheiros na missão em Filipos. Foi a primeira mulher a se fazer cristã na Europa, e é uma das primeiras veneradas como santas desde o início do cristianismo. Parece que sua casa tornou-se a primeira Igreja da Europa, e que depois do contato com os Apóstolos abandonou as riquezas e recolheu-se a um lugar de oração. Seu nome aparece em inscrições nas catacumbas. É a padroeira dos tintureiros e comerciantes.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santa Lídia priorizou a riqueza da alma sobre a da matéria, ao acolher prontamente e com alegria a Boa Nova e os seus missionários, como também nós devemos fazer em todos os tempos e lugares. Não era obrigatório que abandonasse seus bens, mas sim que sua vida, transformada pelo Batismo, ficasse mais recolhida em oração – assim como também nós devemos fazer em todos os tempos e lugares. Pois só assim poderemos hospedar Cristo na nossa alma, e efetivar nossos lares como as igrejas domésticas que eles devem ser. Como fez Santa Lídia, a seu tempo e no seu lugar.

Oração:

Senhor, que por pura bondade distribuís para nós as Vossas riquezas infinitas, concedei-nos pela intercessão de Santa Lídia jamais comerciar com as graças que recebemos no nosso Batismo e ao longo da vida, mas nos tornemos ricos na humildade de sempre Vos receber na casa da nossa alma, e assim, Convosco, podermos tingir nossas vidas com a cor das boas obras, para recebermos do Vosso amor a púrpura da realeza celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

terça-feira, 26 de março de 2024

COMISSÃO EPISCOPAL PARA OS TEXTOS LITÚRGICOS OFERECE AJUSTE AO TEXTO DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA DA QUINTA-FEIRA SANTA


A Missa da Ceia do Senhor, celebrada na quinta-feira e que abre o Tríduo Pascal, se reveste de um caráter particularmente especial. Chegado o tempo da recepção da tradução da Terceira Edição Típica do Missal Romano para uso no Brasil, em 2023, a Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos, Cetel, observou a ausência de um trecho na Oração Eucarística I, na Missa da Quinta-feira da Ceia do Senhor.

O trecho ausente na edição foi aprovado pela 49ª Assembleia Geral da CNBB e reconhecido pelo Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. O texto a ser acrescentado, na Missa da Quinta-feira da Ceia do Senhor, após o infra actionem da Oração Eucarística I, página 250, encontra-se abaixo:
Ed. Típica 2023 (p. 250)
Aceitai, ó Pai, com bondade, a oblação dos vossos servos e de toda a vossa família; em memória do dia em que nosso Senhor Jesus Cristo entregou aos seus discípulos o mistério do seu Corpo e do seu Sangue, para que o celebrassem. Dai-nos sempre a vossa paz, livrai- nos da condenação eterna e acolhei-nos entre os vossos eleitos.

A Comissão informou, ainda, que as futuras impressões do Missal Romano, inclusive do Missal Solene, já contemplarão a versão atualizada. Reforçou também que a alteração se aplica somente à oração eucarística da missa da ceia do Senhor (Missa da Quinta-feira santa – Lava-pés) e que todas as outras orações eucarísticas permanecem inalteradas.

“Desejamos que o Tríduo Pascal enriqueça e suscite em todos a força do Mistério Eucarístico, “sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo” (SC, 47).

Violência do narcotráfico em Rosário, o Papa: investigar a corrupção e lavagem de dinheiro


Francisco envia uma mensagem de vídeo aos cidadãos e instituições da cidade argentina que há semanas é palco de assassinatos e outros crimes cometidos por traficantes de drogas. Apelo do Pontífice à Igreja para que acompanhe as famílias das vítimas, os doentes, os presos e aqueles que vivem a chaga da dependência.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco enviou uma mensagem de vídeo, nesta terça-feira, 26 de março, aos cidadãos e instituições de Rosário, a terceira maior cidade da Argentina e a mais populosa da província de Santa Fé.

Nas últimas semanas, episódios de violência e assassinatos cometidos por traficantes de drogas se intensificaram em Rosário. Na metrópole às margens do grande rio Paraná, já sitiada por traficantes de drogas há anos, as autoridades endureceram as condições de detenção e as buscas pelos chefes, e as gangues responderam matando civis aleatoriamente nas ruas. Como aconteceu com dois taxistas, um motorista de ônibus e um frentista mortos a tiros quando estavam em serviço. Além disso, houve tiroteios contra instituições, prisões e delegacias. Uma ferocidade que paralisou a cidade, onde escolas e universidades estão fechadas, não se veem veículos nas estradas, o sistema de coleta de lixo interrompeu o seu funcionamento e até os hospitais reduziram suas atividades. O governo enviou forças federais e anunciou a criação de um Comitê de Crise.

Nesse contexto, o Papa intervém com uma mensagem de vídeo de sete minutos, gravado em seu estúdio na Casa Santa Marta, que começa com uma citação do Evangelho de Mateus: "Felizes os que promovem a paz". "Num momento de crise, como os vividos pela cidade de Rosário, entendemos a necessidade da presença das forças de segurança para trazer tranquilidade à comunidade. No entanto, sabemos que no caminho para a paz devem ser seguidas respostas complexas e integrais, com a colaboração de todas as instituições que constituem a vida de uma sociedade. É necessário fortalecer a comunidade. Cada povo tem dentro de si as ferramentas para superar o que ameaça a sua integridade, a vida dos seus filhos mais frágeis. Nenhuma pessoa de boa vontade pode sentir-se ou ficar excluída da grande tarefa de fazer com que Rosário seja um lugar onde todos possam sentir-se irmãos", afirma o Papa.

Sem a cumplicidade de um setor do poder político, judicial, econômico, financeiro e policial, não seria possível chegar à situação em que se encontra a cidade de Rosário. É necessário "revalorizar a política, que «é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum».

Segundo o Papa, "todos os setores políticos são chamados a percorrer o grande caminho do consenso e do diálogo para gerar leis e políticas públicas que acompanhem um processo de recuperação do tecido social. A alternância de administrações deve apoiar a continuidade dos processos de mudança. Precisamos trabalhar não só na oferta, mas também na procura de drogas, através de políticas de prevenção e assistência. O silêncio do Estado neste campo torna natural e facilita a promoção do consumo e do comércio de drogas".

Num contexto como este, é necessário que o sistema democrático zele pela institucionalidade da justiça, para que esta seja independente para investigar as redes de corrupção e lavagem de dinheiro que favorecem o avanço do tráfico de drogas. Cada membro do poder judiciário é responsável por manter a sua integridade, que começa com a retidão do seu coração. Da mesma forma, devemos agradecer a todos aqueles homens e mulheres que, por meio do seu compromisso silencioso com a justiça, muitas vezes colocam suas vidas em risco pelo bem comum num contexto desumanizado.

De acordo com Francisco, "o empresário é uma figura fundamental de toda boa economia: não há boa economia sem um bom empresário". "Infelizmente, não há economia ruim sem a cumplicidade de parte do setor privado. Portanto, o setor empresarial tem uma grande tarefa pela frente, não apenas impedindo a cumplicidade nos negócios com organizações mafiosas, mas também se engajando socialmente", diz o Papa no vídeo.

Como em todo sistema mafioso os pobres são o material “descartável”, convido-os a fazer e unir esforços para que o Estado e as instituições intermediárias possam oferecer espaços comunitários em bairros vulneráveis. E também possam criar condições para que crianças, adolescentes e jovens tenham um desenvolvimento humano integral para um futuro melhor do que tiveram seus pais e avós.

Todos nós - instituições sociais, civis e religiosas - devemos nos unir para fazer o que fazemos de melhor: criar comunidade. Todos podemos colaborar e participar de espaços esportivos, educacionais e comunitários. O medo sempre isola, o medo paralisa. Você não deve ter medo de se envolver com outras pessoas para ser uma resposta pacífica e inspiradora.

No final da vídeo-mensagem, o Papa se dirige à Igreja, "Mãe e Samaritana", que é sempre chamada a acompanhar "os familiares das vítimas que perderam a vida por causa da violência", acompanhar "os doentes", "aqueles que vivem a chaga da dependência e suas famílias", aqueles que "se encontram na prisão e precisam de um caminho de reintegração". Acompanhar também "aqueles que vivem em situações de extrema vulnerabilidade".

A paróquia é a Igreja se torna próxima, é a comunidade onde todos podem se sentir amados. Para muitas crianças, adolescentes e jovens vulneráveis, talvez será a única experiência de família que terão a oportunidade de conhecer. Nestes tempos, o amor e a caridade serão o anúncio mais explícito do Evangelho para uma sociedade que se sente ameaçada.

Que a Virgem do Rosário interceda dia e noite por todos os seus filhos, especialmente como as mães costumam fazer, com atenção especial aos mais frágeis.


EVANGELHO DO DIA (Jo 13,21-33.36-38)

ANO "B" - DIA: 26.03.2024
TERÇA FEIRA DA SEMANA SANTA

— Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!
— Salve, ó Rei, obediente ao Pai, vós fostes levado para ser crucificado, como um manso cordeiro é conduzido à matança.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, estando à mesa com seus discípulos, 21 Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. 22 Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando.

23 Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24 Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25 Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, quem é?”

26 Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27 Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que tens a fazer, executa-o depressa”.

28 Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29 Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: ‘Compra o que precisamos para a festa’, ou que desse alguma coisa aos pobres. 30 Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite.

31 Depois que Judas saiu, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32 Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33 Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’”.

36 Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas seguirás mais tarde”. 37 Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!” 38 Respondeu Jesus: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIOS:
"Una-se a Jesus no mistério da Sua Paixão"

Naquele tempo, estando à mesa com seus discípulos, Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando. Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, quem é?” Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que tens a fazer, executa-o depressa”. (João 13,21-26.)

A Palavra nos diz: “Jesus ficou profundamente comovido”. A tradução original dessa palavra ‘’comovido’’, do grego “tarasso”, quer dizer agitado, inquieto, angustiado… São todas expressões que mostram que a Paixão de Jesus não foi algo simbólico, indolor; pelo contrário, Jesus viveu, na carne, o peso da traição de Judas, e Jesus vem sofrendo, pouco a pouco, a Sua Paixão em diversos contextos. Ele, por muitos momentos, ficou profundamente angustiado com a rejeição que sofria.

O Evangelho de hoje ressalta a dor da traição. Pelo gesto de Jesus ter passado o pão embebido no molho diretamente a Judas, dá-nos a entender que este estivesse bem próximo à mesa, quem sabe do outro lado. Dá para imaginar você ter de um lado alguém que reclina no seu peito, alguém em quem você confia, alguém que está disposto a dar a vida por você, mas, ao mesmo tempo, você ter, do outro lado, alguém que está apenas esperando o momento oportuno para traí-lo, para vendê-lo por trinta moedas, apunhalando-o pelas costas?! É dor, é angústia, é sofrimento, é paixão. E nós estamos na Semana Santa para nos unirmos a Jesus no mistério da Sua Paixão. A dor exterior causada pelos soldados Romanos não se compara à dor interior causada por um amigo. Foi assim que Jesus chamou Judas no Getsêmani – “amigo” – quando este Lhe deu o beijo da traição.

A Paixão de Jesus não foi simbólica

Não sei, hoje, onde essa palavra pode tocar você, que talvez esteja ferido pela traição, pela desilusão causada por alguém que você tanto ama. Nessa dor terrível que você está sentindo, Cristo está com você. Isso eu preciso reafirmar: Cristo está ao seu lado, Cristo sofre junto com você, e Ele o alimenta, hoje, com a Sua Paixão redentora, para que você fique livre de todos esses sentimentos ruins. Também Cristo lança uma Palavra de salvação a você que, porventura, tenha traído alguém, tenha traído seus compromissos com Deus, tenha traído o seu sacerdócio, a sua consagração, o seu leito matrimonial, seus filhos, seus pais. Não ponha fim a sua vida, mas chore, hoje, a sua conversão e volte-se para Deus.

Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Pe Donizete Ferreira
Sacerdote da C. Canção Nova