sexta-feira, 31 de maio de 2019

Morte de Frei Damião completa 22 anos; Memorial em Guarabira lembra trajetória do capuchinho

Uma decisão do Papa Francisco deixou Frei Damião de Bozzano mais perto da beatificação.

Frei Damião celebrando a Santa Missa

A morte de Frei Damião, considerado santo pelos nordestinos, completa 22 anos nesta sexta-feira (31). O religioso nasceu na Itália, em 1898, e veio morar no Brasil em 1931, após ter concluído os estudos e optado pela vida religiosa em sua terra natal. Ele morreu no Real Hospital Português, em Recife (PE), no dia 31 de maio de 1997, aos 98 anos de idade.

Frei Damião viveu 66 anos no Brasil, onde percorreu, como fiel filho de São Francisco, as terras nordestinas, pregando, confessando, celebrando a Eucaristia e convidando à conversão e à mudança de vida. Para melhor difundir a mensagem por ele anunciada, escreveu o livro “Em Defesa da Fé”.

Durante esse tempo, morou em Recife (PE), Maceió (AL), no período da Segunda Guerra Mundial, e em Natal (RN), onde fez parte da primeira Fraternidade, ou seja, do primeiro grupo de frades que residiram na capital potiguar. Mas a maior parte do tempo era em andanças de cidade em cidade.

Em suas Santas Missões, ele percorreu praticamente todas as cidades do Sertão do Nordeste. Durante os dias da visita, ele realizava missas, confissões, pregações, procissões e atraía milhares de pessoas vindas de toda a região.

Em face de sua forte ligação com Guarabira e região, foi construído um Memorial em sua homenagem na famosa capital do brejo paraibano. O local tornou-se o maior ponto turístico da cidade recebendo milhares de romeiros a cada ano.

Uma decisão do Papa Francisco deixou Frei Damião de Bozzano mais perto da beatificação. Um decreto do sumo pontífice, editado no Vaticano, reconheceu como venerável o frade capuchinho, que nasceu na Itália e morreu no Recife. O decreto do Papa Francisco reconhece para a comunidade da Igreja Católica que Frei Damião exerceu, em grau heróico, as virtudes cristãs.


Biografia

Frade capuchinho em Guarabira

Com o nome de batismo de Pio Giannotti, ele era o segundo dos cinco filhos do casal Félix e Maria Giannotti, camponeses italianos de sólida formação cristã e católica. Ainda na Itália, aos 13 anos de idade, ele ingressou no Seminário Seráfico de Camigliano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Aos 17 anos, em julho de 1915, emitiu os primeiros votos, recebendo o nome de Damião, Frei Damião de Bozzano, indicando sua cidade de origem. Em 1918, foi convocado pelo serviço militar para a 1ª Guerra Mundial, interrompendo seus estudos. Ao voltar da guerra, retomou os estudos religiosos.

A Província dos Capuchinhos de Lucca-Itália assumiu a Missão de Pernambuco no ano de 1930, quando aportou em Recife o Frei Félix de Olívola, nomeado Superior da dita Missão. Por seu expresso pedido, Frei Damião deixou a Itália e veio, juntamente com os Freis Inácio de Carrara e Bento de Terrinca, como missionário para o Nordeste do Brasil.
Partiu da cidade de Gênova no navio Conte Rosso, em 28 de maio de 1931, desembarcando no porto do Recife, em Pernambuco, em 17 de junho de 1931. No Brasil, sua primeira residência foi o Convento de Nossa Senhora da Penha, de onde partiu para pregar as Santas Missões, começando pelo Sítio Riacho do Mel, município de Gravatá (PE), a 35 quilômetros da capital.

Doença e MorteEm Guarabira, Frei Damião ao lado de Mons. Nicodemos e do então seminarista, hoje, padre Gaspar Rafael.

Durante muito tempo, Frei Damião sofreu de erisipela, devido à má circulação sanguínea. No ano de 1990, após ter sofrido uma embolia pulmonar, diminuiu o ritmo das Santas Missões, passando apenas para os finais de semana. Na simplicidade de um quarto, na casa que lhe fora construída como enfermaria, viveu seus últimos dias, cercado pelo carinho do seu povo que, aos milhares, vinha ao seu encontro.

Mas, em 1997, sua saúde agravou-se bastante. Foi internado várias vezes no Real Hospital Português do Recife. Ele pregou sua última Santa Missão na cidade de Capoeiras (PE), em fevereiro de 1997. Depois, adoeceu novamente, tendo que ser levado ao Hospital Sara Kubitschek, em Brasília (DF), para que lhe fosse confeccionada uma cadeira ortopédica que o ajudasse a respirar melhor.

Em 12 de maio de 1997, foi novamente internado no Real Hospital Português, na capital pernambucana, mas, fato inusitado, ele em dado momento foi encontrado rezando o rosário com o povo numa das salas do hospital. Fora sua última missão: rezar com o povo o rosário de Nossa Senhora. No dia seguinte, 13 de maio, sofreu um derrame cerebral sendo levado para a UTI. No dia 31 de maio, Frei Damião partiu para a casa do Pai, aos 98 anos de idade, cercado pela oração de seus confrades, da equipe médica que dele cuidara e sob a melodia de cânticos e hinos.

No dia 4 de junho de 1997, o corpo de Frei Damião foi levado em carro aberto até ao Estádio do Arruda, para a missa solene de despedida, presidida pelo arcebispo metropolitano de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, e concelebrada por dezenas de bispos e centenas de padres. Do estádio, em helicóptero, foi transportado para o Convento São Félix de Cantalice, no bairro do Pina, em Recife (PE), onde vivera seus últimos anos de vida. Ali, na capela dedicada a Nossa Senhora das Graças, foi sepultado sob cânticos, aplausos e pétalas de rosas.

Pascom – Pastoral da Comunicação

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