sexta-feira, 11 de março de 2022

Os mártires de ontem e de hoje


No Jubileu do Ano 2000, o Papa João Paulo II lembrava ao mundo cristão que o século XX – “por ter dado ouvidos aos falsos profetas” – gerou mais mártires do que todos os 19 séculos anteriores.

Basta contar os mártires do comunismo, do nazismo, da Revolução bolchevista (1917), da Revolução espanhola (1930), da Guerra dos Cristeros no México (1926), para entender esta triste realidade. Mais o que nunca o sangue dos cristãos fecundou o solo onde foi lançada a semente do Evangelho.

Disse o Papa em Seul na beatificação dos 124 mártires: “Esta história nos fala da importância, da dignidade e da beleza da vocação dos leigos na Igreja”. O Papa beatificou o leigo Paulo Yun Ji-Chung e outros 123 mártires, executados a partir do final do século XVIII. Paulo foi martirizado com um primo por tentar realizar um funeral católico para sua mãe, ignorando os rituais do confucionismo. Todos os novos beatos eram leigos, com exceção de um padre, James Mun-mo, que veio da China. Destaca-se, então, a importância dos leigos que assumem a fé cristã com valentia.

Em sua homilia o Papa destacou que “a vitória dos mártires, o testemunho por eles prestado à força do amor de Deus, continua ainda hoje a dar frutos na Coreia, na Igreja que recebe incentivo do seu sacrifício”.

Em todos os tempos e em todos os lugares, sabemos que a semente do Evangelho lançada na terra, sempre foi regada com o sangue dos mártires para poder geminar. Isto acontece desde Jerusalém, quando o primeiro Apóstolo, São Tiago Maior, foi morto pelo rei Herodes Agripa em 42. E continua ainda hoje, mais do que nunca; basta olhar para o Oriente: Egito, Iraque, Irã, Afeganistão, etc.. e ver a carnificina que hoje se realiza contra os cristãos, sob os olhos meio fechados do mundo.

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“Algum tempo depois que as primeiras sementes de fé foram lançadas nesta terra, os mártires e a comunidade cristã tiveram que escolher entre seguir Jesus ou o mundo. Tinham escutado a advertência do Senhor, ou seja, que o mundo os odiaria por causa d’Ele (cf. Jo 17, 14); sabiam qual era o preço de ser discípulo. Para muitos, isso significou a perseguição e, mais tarde, a fuga para as montanhas, onde formaram aldeias católicas”, lembrou o Papa.

Disse o Papa que hoje nossa fé também é posta à prova pelo mundo, que nos pede “negar a nossa fé”, “diluir as exigências radicais do Evangelho e conformar-nos com o espírito do tempo”. Mas, ele lembrou que os mártires chamam-nos a “colocar Cristo acima de tudo”. “Os mártires levam-nos a perguntar se há algo pelo qual estamos dispostos a morrer”. Ele disse que ia a Coreia para dizer aos jovens “o único Nome que pode nos dar a salvação”: Jesus Cristo.

Os mártires de todos os tempos chegaram à sublime liberdade e alegria de ir ao encontro da morte porque acreditaram na palavra do Senhor, e o colocaram em primeiro lugar. Muitos foram outros mártires no Oriente. Por exemplo, na mesma cidade em que explodiu a terrível bomba atômica na Segunda Guerra Mundial, em 1945, aconteceu o heroico testemunho de numerosos mártires da Fé, que a Igreja comemora no dia 6 de fevereiro: São Paulo Miki e seus 26 companheiros martirizados ali.

Santos Carlos Lwanga e 22 companheiros mártires, foram mortos pelo rei Mwanga, rei de Buganda, hoje Uganda. No domingo de 18/11/2012, a Igreja no Vietnã celebrou a festa dos 117 mártires vietnamitas, cuja canonização teve grande oposição do governo comunista e que se converteu em um símbolo para os fiéis que superaram muitas dificuldades para poder expressar sua fé e, em algumas regiões, ainda sofrem repressão violenta por sua fidelidade a Cristo. Calcula-se que o número de vítimas da perseguição ocorrida entre os séculos XVII e XVIII em várias regiões do Vietnã tenha chegado em 130 mil.

Enfim, onde chega o Evangelho acontece a perseguição e a morte dos fiéis do Senhor, nosso Rei, cujo trono foi a Cruz.

Prof. Felipe Aquino

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