“A Eucaristia é o pão de cada dia, que se toma como remédio para a nossa fraqueza de cada dia” Santo Agostinho.
São Paulo mostrou seu desapontamento verificando que, apesar da celebração da Eucaristia, havia ainda na comunidade de Corinto “muitos fracos e enfermos e um bom número de mortos” (1Cor 11,30). As primeiras gerações cristãs acreditavam nas curas pela Eucaristia. Por exemplo, S. Cirilo de Alexandria (370-444) disse: “Se apenas o contato com a sua santa carne restituía a vida à matéria já deteriorada, quão grande proveito não haveríamos de tirar da Eucaristia vivificante, quando a recebemos, visto que não é possível que a Vida não faça viver aqueles aos quais ela se infunde”.
São João Crisóstomo (344-407), o grande Patriarca de Constantinopla, convidava os fiéis a “aproximar-se da Eucaristia com fé”, “cada qual com as suas doenças”; e S. Efrém (306-372), doutor da Igreja, exclamava: “Glória ao remédio da vida!”. Na verdade, dizia, Cristo “corta uma parte do seu próprio corpo; aplica-a à ferida, e cura, como a sua carne e o seu sangue, as chagas”.
O Papa Leão XIII disse que na Eucaristia “estão concentradas, com singular riqueza e variedade de milagres, todas as realidades sobrenaturais” (Carta encicl. Mirae Caritatis).
O Concílio de Trento (1565-1583) afirmou: “A Eucaristia é Remédio pelo qual somos livres das falhas cotidianas e preservados dos pecados mortais”. É o próprio Jesus combatendo em nós contra a “concupiscência da carne e soberba da vida”.
Sabemos que a penitência apaga em nós o pecado, mas a tendência ao pecado continua em nós; a Eucaristia contrabalança essa inclinação ao mal e impede que o demônio se apodere de nossa alma.
Pela Eucaristia nos unimos com o “Santo”, e somos nele transformados. Assim como o ferro, no fogo, vai assumindo a sua cor, pela Comunhão vamos assumindo a “imagem e semelhança” do Senhor. Santo Agostinho explicava que o Alimento eucarístico é diferente dos outros; o alimento comum se transforma em nosso corpo; mas na Eucaristia, somos nós transformados no corpo de Cristo.
A Eucaristia é o alimento espiritual de nossa caminhada para Deus, como foi o maná que alimentou o povo de Deus por quarenta anos, a caminho da Terra Prometida. (Ex 8,2-16). Esse maná era apenas uma figura do verdadeiro “pão vivo descido do céu”, que quem comer “viverá eternamente” (Jo 6,51).
No discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, Jesus deixou claro: “Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (v. 53).
Se não temos a vida de Jesus sem a Eucaristia, muito menos poderemos ter a santidade, pois esta é exatamente a consequência da participação na vida divina.
O Papa João Paulo II disse: “Não se trata de alimento em sentido metafórico, mas “a minha carne é, em verdade, uma comida, e o meu sangue é, em verdade, uma bebida” (Jo 6, 55)” (EE, 16).
Através da Comunhão do seu corpo e sangue, Cristo comunica-nos também o seu Santo Espírito. Escreve S. Efrém: “Chamou o pão seu corpo vivo, encheu-o de Si próprio e do seu Espírito. […] E aquele que o come com fé, come Fogo e Espírito. […] Tomai e comei-o todos; e, com ele, comei o Espírito Santo. De fato, é verdadeiramente o meu corpo, e quem o come viverá eternamente” (Homilia IV para a Semana Santa).
Uma das Orações Eucarísticas leva o celebrante a rezar: Fazei que, alimentando-nos do Corpo e Sangue do vosso Filho, cheios do seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito. (Or. Euc. III). Assim, pelo dom do seu corpo e sangue, Cristo aumenta em nós o dom do seu santo Espírito, já infundido em nós no Batismo e recebido como “selo” no sacramento da Confirmação.
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Assim como o corpo não pode ter vida sem comida e sem bebida, da mesma forma a alma não tem a vida eterna sem a Eucaristia, sem o Corpo ressuscitado de Jesus.
No discurso de Jesus há uma promessa maravilhosa: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e eu nele” (56).
Jesus, na última Ceia, insistiu com os discípulos: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tão pouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, essa dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,1-5).
No final Jesus completa dizendo: “Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos”.
Para que pudéssemos, então, “permanecer nele”, Ele, nos deixou a Eucaristia, o maior de todos os milagres do seu amor por nós. O seu próprio Ser nos é dado. É o próprio Jesus ressuscitado que vem a cada um de nós.
Seu Corpo se funde ao nosso, sua Alma se une à nossa, seu Sangue se mistura com o nosso, e sua Divindade se junta à nossa humanidade. Não pode haver união mais íntima e mais intensa na face da terra. É o amado (Jesus) que vai em busca da sua amada (nossa alma) para unir-se a ela. O amor exige a união. E nessa união Ele nos santifica.
São Cirilo de Jerusalém disse que após a Comunhão, somos “Cristóforos”, portadores de Cristo.
“Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). A maneira mais fácil de acolher esse convite amoroso do Senhor é na Eucaristia.
Antes de realizar o milagre da multiplicação dos pães, figura da Eucaristia, Jesus disse aos Apóstolos, olhando a multidão: “não os quero despedir em jejum para que não desfaleçam no caminho” (Mt 15,32). Aquela multidão faminta o seguia há três dias pelo deserto. Agora Ele “multiplica” o seu próprio Corpo para que não desfaleçamos na caminhada dura desta vida até a Casa do Pai. Temos mais necessidade do Pão do Céu do que do pão da terra.
Para estar a nosso lado e ser o nosso remédio e o nosso alimento, Ele deu-se todo a nós, sem reservas; é por isso que nós também temos que nos dar a Ele, também sem reservas, no estado de vida em que estamos, vivendo segundo sua vontade. O amor exige reciprocidade, senão fica inerte.
Na Eucaristia Ele é nosso, como dizia santa Terezinha: “agora Jesus, o Senhor é meu!” No discurso eucarístico Ele deixou claro como os seus discípulos “permaneceriam nele”, para poder dar muito fruto. E fez questão de enfatizar a importância desta união conosco na Eucaristia:
“Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que come a minha carne viverá por mim” (Jo 6,57).
É essencial entender esse “viverá por mim”. Quer dizer, com a Sua presença em nós, Ele “agirá” em nós; Ele será a nossa força; Ele será a nossa paz; Ele será tudo em nós! A nossa miséria será trocada pela Sua força. É aquilo que São Paulo experimentou: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). São Paulo disse: “Jesus Cristo, vossa vida” (Cl 3, 4). Pela Eucaristia Jesus toma posse de nós; torna-nos propriedade sua; devemos, então, entregar-lhe totalmente a nossa vida, sejamos casados ou celibatários, leigos ou clérigos. Assim acontecerá em nós uma nova Encarnação do Verbo que continuará a dar glória ao Pai como quando vivia entre nós.
A menor ação de Jesus era divina, porque era ação do Verbo que governava as suas duas naturezas, humana e divina. A sua natureza humana era submissa ao Verbo. Assim também deve ser com quem Comunga, a vontade humana deve ser serva da vontade do Senhor, guiado pelo Espírito Santo.
Vivendo em nós pela Eucaristia Jesus nos enche com os seus desejos, seus pensamentos, palavras, atos, etc. Ele torna-se em nós uma personalidade divina. Nosso Senhor faz suas as nossas obras e os nossos atos, de modo que eles se tornam divinos, imprimindo-lhes um mérito de valor também divino. Assim nossas obras humanas, sem valor, tornam-se revestidas dos méritos de Cristo. E quanto maior for a nossa união com Ele, tanto mais valor terão nossas obras e tanto maior será a glória que reverterá para nós.
Jesus disse “Eu sou o Pão da Vida” (Jo 6, 35); isto é, Ele, na Eucaristia, é o “sustento e remédio” para a nossa vida.
Quem Comunga vive “por Jesus”, com a Sua Força. Por isso, a piedade sem a Comunhão, é fraca. Com a Eucaristia Jesus carrega o meu fardo pesado; então podemos dizer com S. Paulo “Tudo posso Naquele que me sustenta” (Fil 4,13). Quer dizer, é Ele a nossa força; e Ele age em nós dando-nos a graça de fazermos coisas boas e santas; é Ele que “realiza em nós o querer e o fazer” (Fil 2, 13). São Paulo disse aos filipenses: “Tende os mesmos sentimentos de Cristo” (Fil 2,5); para isto é preciso se alimentar de Jesus; assim teremos os seus sentimentos e desejos.
Recebemos a Vida da Graça no Batismo, e a recuperamos pela Penitência (Confissão) após os pecados, e seu alimento é Jesus na Hóstia Sagrada. Não bastam a oração e a piedade para enfrentar as lutas que o inferno nos prepara, é preciso mais, a Eucaristia.
Quantos são os que se lembram de que Ele está vivo, ressuscitado, verdadeiro, em nossos Sacrários? Ali, “prisioneiro dos nossos Sacrários”, ele o espera com as mãos cheias de graças. O Papa Bento XVI, em sua primeira encíclica, disse que, “Deus nos amou primeiro”, e que, então, amar a Deus e aos irmãos já não é apenas um mandamento, mas uma necessária retribuição de amor de nossa parte.
Resumo da Pregação do dia 02/04/15 – Acampamento de Semana Santa – Canção Nova
Prof. Felipe Aquino
Fonte: cleofas.com.br
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