terça-feira, 27 de setembro de 2022

O Perigo do Sincretismo Religioso


O sincretismo religioso sempre foi um perigo para a fé dos cristãos. Os Papas em muitos documentos alertaram sobre este perigo. Por exemplo, recordando o discurso que São João Paulo II fez aos membros de outras religiões em Assis, o Papa Bento XVI afirmou, em 2006, que: “é importante não esquecer a atenção que então foi dada para que o encontro inter-religioso de oração não se prestasse a interpretações sincretistas, fundadas numa concepção relativista” [1].

Em sua viagem ao Benim (África), em 2011, Bento XVI explicou com clareza que: “o diálogo inter-religioso mal-entendido leva à confusão ou ao sincretismo. Este não é o diálogo que se pretende”.

Por outro lado, a Declaração “Dominus Iesus” (n. 22), aprovada pelo Papa São João Paulo II, explicou sobre a ilusão e o perigo da mentalidade relativista que leva a pensar que “tanto vale uma religião como outra”:

“Com a vinda de Jesus Cristo Salvador, Deus quis que a Igreja por Ele fundada fosse o instrumento de salvação para toda a humanidade (cf. At 17,30-31). (Cf. LG, 17; Enc. Redemptoris missio, n. 11). Esta verdade de fé nada tira ao fato de a Igreja nutrir pelas religiões do mundo um sincero respeito, mas, ao mesmo tempo, exclui de forma radical a mentalidade indiferentista imbuída de um relativismo religioso que leva a pensar que tanto vale uma religião como outra” (Redemptoris missio, n. 36). Se é verdade que os adeptos das outras religiões podem receber a graça divina, também é verdade que objetivamente se encontram numa situação gravemente deficitária, se comparada com a daqueles que na Igreja têm a plenitude dos meios de salvação (Pio XII, Carta Enc. Mystici corporis, Denz., n. 3821). Há que lembrar, todavia, “a todos os filhos da Igreja que a grandeza da sua condição não é para atribuir aos próprios méritos, mas a uma graça especial de Cristo; se não corresponderem a essa graça, por pensamentos, palavras e obras, em vez de se salvarem, incorrerão num juízo mais severo” (LG, 14). Compreende-se, portanto, que, em obediência ao mandato do Senhor (cf. Mt 28,19-20) e como exigência do amor para com todos os homens, a Igreja “anuncia e tem o dever de anunciar constantemente a Cristo, que é ‘o caminho, a verdade e a vida’ (Jo 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou todas as coisas consigo” (Nostra aetate, n. 2)

O Catecismo a Igreja Católica é muito claro quando afirma a necessidade da Igreja católica para a salvação:

“…toda salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é seu Corpo: Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, [o Concílio] ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar” (n.846).

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Apesar dessas palavras tão fortes da Igreja sobre a salvação, há, infelizmente em alguns segmentos da Igreja a tendência perigosa de deixar que as pessoas se salvem “dentro de suas próprias culturas e crenças”, fora da Igreja, voluntariamente. Sobre isso diz o Catecismo: “cabe à Igreja o dever e também o direito sagrado de evangelizar todos os homens” (n. 848), pois a grande ordem de Jesus para a Igreja, em todos os tempos foi esta:

“Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,19-20).

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. 16.Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16,15-16). Foi por isso que milhares de missionários, como São José de Anchieta, e tantos outros, deixaram suas pátrias, para levar esta salvação aos índios.

Portanto, deixar de levar a todos os homens, sejam civilizados ou não, o único Evangelho da salvação e os sacramentos da Igreja católica, seria uma enorme traição a Jesus Cristo. O Catecismo diz que quem não conheceu a Igreja, Cristo e o Evangelho, sem culpa, pode se salvar se viver de acordo com os ditames da consciência (cf. n. 847). Mas que fique bem claro este “sem culpa”.

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De modo especial, o sincretismo religioso é destruidor na celebração da Eucaristia. O Papa Bento XVI, no dia 15 de abril de 2000, falando aos bispos da região Norte do Brasil, criticou o sincretismo religioso no Brasil e pediu que os bispos brasileiros rejeitem “fantasias” na Eucaristia. Ele disse que: “o culto não pode nascer de nossa fantasia”, já que “a verdadeira liturgia pressupõe que Deus responda e nos mostre como podemos adorá-lo”.

A mensagem foi clara: a Igreja não aceita o sincretismo, nem mesmo em regiões distantes e onde a cultura local seja predominante. Bento XVI insistiu que estava preocupado “por tudo o que possa ofuscar o ponto mais original da fé católica” e advertiu para os riscos do sincretismo. A Igreja rejeita que sejam introduzidos ritos tomados de outras religiões na celebração das missas.

Bento XVI disse aos bispos do Norte do Brasil que “os desvios poderiam estar sendo motivados por uma mentalidade ‘incapaz de aceitar a possibilidade de uma verdadeira intervenção divina’. Para ele, a Eucaristia é um ‘dom demasiado grande para suportar ambiguidade e reduções’. ‘Quando na Santa Missa não aparece a figura de Jesus como elemento preeminente, mas uma comunidade atarefada em muitas coisas’, se produz um ‘escurecimento do significado cristão do sacramento’. Que ele (Jesus) seja verdadeiramente o coração do Brasil, de onde venha a força para todos homens e mulheres brasileiros se reconhecerem e ajudarem como irmãos”, completou.





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