terça-feira, 7 de março de 2023

EVANGELHO DO DIA (Mt 23,1-12)

ANO "A" - DIA: 07.03.2023
2ª SEMANA DA QUARESMA (ROXO)

— Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai!
—Lançai para bem longe toda a vossa iniquidade! Criai em vós um novo espírito e um novo coração! (Ez 18,31)
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: 2“Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo.

5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas.

6Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é vosso Guia, Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIOS:
"Não ostente a sua religiosidade, e sim a sustente"

“Naquele tempo, Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: ‘Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de mestre.’” (Lucas 1, 1;5-7)

Meus irmãos e minhas irmãs, o Evangelho de hoje nos traz a realidade sobre a vivência cristã, a vivência religiosa, a nossa religiosidade. E, muitas vezes, Jesus teve de defrontar, teve de travar duros embates contra o perigo da exterioridade, a falta da interioridade, a incoerência dos religiosos do seu tempo, que diziam uma coisa, mas viviam outra completamente diferente.

Eu penso que o ditado popular mais vergonhoso para um cristão é aquele famoso: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, ou seja, “Admire as minhas palavras, mas feche os olhos às minhas obras”; “Aplauda aos meus discursos, mas se envergonhe do meu modo de proceder”— seria terrível para nós, cristãos, viver uma incoerência, viver distantes do Evangelho na prática, no cotidiano da nossa vida, dos nossos relacionamentos.
As pessoas não precisam de ostentação, mas precisam de ver justamente o sustento da nossa espiritualidade

Existe um mal que assola o coração de todo cristão, não apenas dos padres e pregadores, mas de todos os batizados: o mal de ser mestres da vida alheia, conselheiros admiráveis, especialistas em indicar atalhos, mas sem a ferramenta principal, que é a conversão pessoal, o testemunho de vida — eu sei dizer para o outro o que ele deve ou não fazer, mas, muitas vezes, não indico para o meu coração um caminho de conversão de mudança de vida; não proponho a mim mesmo uma mudança radical, uma tomada de atitude.

Nós estamos falando do mal da incoerência: exigentes e intransigentes com a vida do outro, mas complacentes e coniventes com o nosso próprio jeito de viver. Nós somos assim: exigimos do outro o máximo de rigor, a máxima exigência; e já para nós a máxima misericórdia, a máxima complacência.

Somos todos, hoje, chamados a fazer um bom exame de consciência, a partir destas exortações do Evangelho: fazer para aparecer; estampar a Palavra de Deus nas roupas, mas não no coração; “hábito de santo, mas hábitos de pagão” — é o trocadilho aqui das palavras —, o gosto pelas honrarias humanas etc.

É preciso purificar tudo isso dentro de nós, pois o que conta, no final, é a relação que nós vivemos com Deus, por isso, não ostente a sua espiritualidade, a sua religiosidade, mas a sustente até o fim, seja fiel e perseverante. As pessoas não precisam de ostentação, mas precisam de ver justamente o sustento da nossa espiritualidade, da nossa religiosidade, para que elas também creiam que Jesus Cristo é o Senhor.

Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!


Padre Bruno Antônio
Sacerdote da C. Canção Nova


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