Catarina Benincasa nasceu na cidade de Siena (Sena), Itália, 24ª filha de 25 irmãos, em 1347. De família pobre, sua infância foi difícil, com desenvolvimento frágil e doenças recorrentes, sem poder estudar. Mas com sete anos já falava das visões que tinha nos momentos de oração, e fazia rigorosas penitências, desaprovadas pelos pais; quis consagrar sua virgindade a Deus. Aos 15 anos entrou como irmã leiga na Ordem Terceira de Dominicana, continuando a ter êxtases durante as orações contemplativas, o que levou à conversão de centenas de pessoas.
Era a época do chamado “exílio de Avignon” (1305-1376), quando o Papado estava sediado nesta cidade francesa, e não em Roma. Esta situação levou à interferência do governo francês na Igreja, e por fim ao Grande Cisma do Ocidente, que a partir de 1378 produziu dois antipapas, Clemente VII e Bento XII, em oposição ao legítimo pontífice Urbano VI.
Catarina apoiava o verdadeiro Papa, mas inconformada com a triste situação da Igreja e inspirada por Deus, iniciou um movimento para que a vida eclesiástica voltasse à normalidade. Viajou por toda a Itália e outros países, pregando vigorosamente, e, como não sabia escrever, ditava cartas que eram endereçadas a reis, príncipes, governantes católicos, bispos e cardeais. Seu tema principal era a volta do Papado para Roma, mas também a pacificação da Itália, a necessidade de Cruzadas, a reforma da Igreja e a pureza de costumes dos membros do clero, lembrando a estes sua dignidade de “ministros do sangue de Cristo”. Por fim, em 1376 foi a Avignon e conseguiu que o Papa, então Gregório XI, antecessor imediato de Urbano VI, voltasse para Roma, em 1377.
Catarina cuidou também dos enfermos da peste, que chegou a matar um terço de toda a população europeia. Suas pregações eram ouvidas por grandes teólogos que viajavam para receber a profundidade dos seus ensinamentos. Fundou um mosteiro; e ditou muitas e importantes obras, incluindo cartas (das quais se conservam aproximadamente 400), orações e o livro "Diálogo sobre a Divina Providência", uma conversa entre uma alma em ascensão a Deus e o próprio Deus. Seus escritos têm enorme valor místico, teológico e histórico.
Desde 1375, Catarina portava os estigmas, incruentos, de Cristo, e segundo testemunhas revivia semanalmente a Paixão do Senhor.
Santa Catarina faleceu em 29 de abril de 1380, em consequência de um derrame. É Doutora da Igreja e patrona da Itália com São Francisco de Assis. E também padroeira da Europa, junto com São Bento, os irmãos Santos Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein, judia convertida, morta no campo de concentração de Auschwitz em 1942).
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
A verdadeira sabedoria vem de Deus, e por isso entre os Doutores da Igreja temos intelectuais do porte de São Tomás de Aquino mas também Santa Catarina de Sena, que pouco estudou e não sabia escrever. Algumas obras se tornam mais destacadas por causa da fragilidade de quem as pratica; assim, não chama tanto a atenção como cruzado São Luís, rei de França, na guerra contra os muçulmanos, quanto a jovem Joana d’Arc comandando os exércitos franceses na Guerra dos Cem Anos. Deus escolhe o que é fraco no mundo para confundir os fortes (cf. 1Cor 27,29)… e deixar claro que é o Seu poder que conduz o mundo. A extraordinária atividade de Santa Catarina de Sena, quando os grandes da época se debatiam, perdidos em controvérsia, é um grito do Senhor contra a prepotência humana. Neste sentido, particularmente ao clero – como hoje – foi fundamental a advertência para a retomada da pureza dos costumes e da consciência da sua alta vocação. Santa Catarina acreditava que a saúde do rebanho dependia da conversão e do bom exemplo dos pastores, o que vale para todas as fases da História. Somos todos chamados à grandeza da vida em Cristo e com Cristo, e por isso ela proclamava: “Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes! Se vocês fossem o que deveriam ser, incendiariam toda a Itália!”, isto é, com o fogo do Espírito Santo, com o assumirmos a nossa identidade de Imagem e Semelhança de Deus. Não fomos criados para a mediocridade, particularmente a espiritual, nem para os mesquinhos interesses mundanos. Somos filhos do Rei dos reis, e nossa grandeza está exatamente em servi-Lo no amor e cuidado ao próximo – seja isto efetivado no doar de um pão ou na admoestação a um Papa.
Oração:
Senhor Deus, cuja infinita bondade guia com sabedoria os rumos da História, tirando sempre o Bem ainda que dos maiores erros humanos, concedei-nos por intercessão de Santa Catarina de Sena a graça de Vos deixar agir em nós conforme Vos agrada, para podermos ser estigma de caridade na vida dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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