
Esses dias eu refletia o que ainda me faltava para ser mais santa, para amar mais a Deus e para ter melhores relacionamentos. Cristo Jesus já nos deixou o caminho a ser seguido. Pensando em Seu exemplo, concluí que, muitas vezes, o que mais dificulta nossa aproximação com Deus, somos nós mesmos. A frase de São Josemaria Escrivá: “Senhor, livra-me de mim mesmo”, é realmente de uma extrema sabedoria e pode ser tomada como ponto de partida para uma reflexão acerca da nossa capacidade de amar mais a Deus e a nossos irmãos.
É importante saber que o pecado original deixou sequelas em nossa existência. Todas as pessoas têm uma inclinação para o mal. O nosso batismo apaga o pecado original, mas fica a concupiscência, ou seja, essa inclinação a realizar e querer coisas que nos afastam de Deus. É por isso que, dentre vários exemplos, muitas vezes temos vontade de mentir, brigar, somos tomados pela impaciência e queremos fazer coisas mundanas. Mas Deus nos concedeu tudo o que precisamos para superar e vencer essa inclinação. Em Romanos 5,20 diz: “…Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Deus nos deu os sacramentos como o batismo, a confissão; nos deu a missa, uma vida de piedade. Sendo assim, buscando ter uma vida na graça, é preciso lutar para colocar em prática as boas ações e intenções que o Senhor nos proporciona, mas sem esquecer de ir à luta com Ele, pois é Ele que nos dá a graça do querer e do realizar: “…é Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar” (Filipenses 2,13).
O que eu faço para que o Amor que tenho a Deus aumente ?
Em Efésios 4,22 lemos: “Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras”. Ou seja, temos que ir deixando os nossos velhos hábitos, nossa vida passada, o “homem velho”, o qual impede o desprendimento do nosso eu.
São João da Cruz diz que os três inimigos da alma são o mundo, o demônio e a carne, sendo que a carne, ou seja, a nossa própria vontade, o nosso ego, é aquele inimigo mais difícil, o que mais atrapalha amarmos a Deus. A nossa carne tem desejos contrários a Deus. Não podemos satisfazê-la se ela está contrária à vontade de Deus. Por isso Jesus diz em Mateus 16,24: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.
Para crescer no amor a Deus, temos que nos desprender da nossa própria vontade. Jesus nos dá o exemplo, como em Mateus 26,39, onde Jesus pede ao Pai que não se realize a vontade Dele, mas sim a do Pai: “…Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres”. Assim como Jesus, temos que ter a coragem de pedir ao Pai que se realize a vontade Dele em nossa vida, e não a nossa. E isso vai exigir sacrifício. Assim como para Jesus foi exigente, para nós não seria diferente. Além disso, assim como a maior prova de amor que já existiu foi a morte de Jesus na cruz, a maior prova que você ama alguém também será a sua capacidade de se sacrificar por ela.
“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1,38)
Outro exemplo de uma pessoa que se desprendeu de si, de suas vontades, para fazer a vontade do Pai, foi Maria. Ela também nos ensina que, o que pode fazer com que o nosso amor a Deus cresça, é dizer, com obras e continuamente: “Aqui estou Senhor”. É quando você tem a coragem de dizer a Deus “Eu estou aqui para o que quiseres”. E cada vez mais parecidos com Maria e com Jesus Cristo formos, mais próximos da nossa perfeição estaremos. Mais seremos nós mesmos. E, consequentemente, mais felizes seremos.
Há momentos em que nós só queremos pedir a Deus que nos conceda o que queremos, que realize a obra que tanto almejamos, mas será que temos a coragem de dizer a Deus qual é a Sua vontade para conosco?
“Senhor, livra-me de mim mesmo, do meu orgulho, da minha vaidade, do meu egoísmo. Que o Senhor cresça e que eu diminua”. Este tem que ser o pedido frequente de nossas orações. Nunca podemos achar que somos bons sozinhos. Somos bons porque Deus nos deu esta graça. E para isto, não podemos abandonar a nossa vida de oração. Pois é nesta intimidade diária com Deus que saberemos qual é a vontade do Pai para conosco.
Que o bom Deus nos abençoe.
Camila Zanetoni Martins
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator
Fonte: www.pantokrator.org.br
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