terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Ser forma de vida comum me faz experimentar o céu


Deus, em sua infinita bondade, chama cada um de nós a uma vocação específica. No meu caso, Ele me concedeu um carisma e uma maneira própria de viver esse chamado: a forma de vida comum.

O chamado que Deus nos faz é, sem dúvida, um meio de vivenciar o ‘já e o ainda não’. Eu vivo o céu, mas ainda não estou nele.

A partir da nossa vocação, seja ela qual for o Senhor nos proporciona muitas experiências que nos fazem pensar: ‘O céu deve ser assim!’. Isso, pelo menos para mim, me impulsiona a buscar, na radicalidade do meu carisma, a santidade, tendo o céu como objetivo, pois há em meu coração um desejo de plenitude.
A forma de Vida Comum me santifica

Há três anos faço parte dessa história, e a comunidade de vida completa 27 anos desde que os primeiros membros vieram cumprir os desígnios de Deus. Muitas coisas aconteceram nesse tempo. Embora eu não esteja há tanto tempo nessa forma de vida e seja nova nessa vocação, Deus, em sua misericórdia, me fez experimentar a potência do seu amor poderoso ao longo desses poucos anos.

Embora o nosso carisma viva aos moldes de Santa Teresinha no pequeno, no simples e no ordinário, percebo que é aqui que Deus realiza um milagre em minha vida e faz cair por terra todo falso idealismo de santidade no qual eu acreditava. Na minha ignorância, pensei tantas vezes que a santidade consistia em coisas grandiosas: bilocar, ver o céu, ouvir nitidamente Jesus falar comigo, nunca errar, entre tantas outras coisas. Felizmente, tudo isso caiu por terra quando comecei a fazer parte dessa família linda! Minha santidade consiste em buscar amar a Deus no meu cotidiano, e é ao me empenhar verdadeiramente nisso que farei minha experiência de Céu, que serei santa, mesmo com todas as minhas fragilidades.

O melhor de tudo isso é que nunca buscarei a santidade sozinha, mas na presença de muitos irmãos que visam a mesma coisa que eu: o Céu. Um dos momentos que mais aprecio em ser comunidade de vida é quando nos reunimos para rezar juntos em nossa oração comunitária. Sinto que, aqui, vivemos claramente o que nos diz nossa regra de vida: ‘Os irmãos da Forma de Vida Comum devem ser fecundidade espiritual e sustento da vida fraterna em Comunidade’.

Todos estamos unidos no mesmo propósito: amar a Deus, fazê-lo amado e colher as graças disso! Sempre que sinto que minha ‘bateria’ missionária precisa ser carregada, basta esperar pela próxima quarta-feira, pois sei que, em contato com Deus e com meus irmãos, com um coração aberto e decidido, poderei ouvir aquilo que o Senhor deseja me falar.

Se a oração nos une aqui na terra, imagina no Céu?

A partilha de vida me salva

Quando comecei a participar mais ativamente da comunidade, algo me chamava a atenção ao passar perto do refeitório da Comunidade de Vida: eram muitas risadas, tudo parecia motivo de festa e todos exalavam uma profunda alegria. Isso provocou algo no meu coração: por que não viver isso também? Eu era feliz, mas parecia que minha felicidade não era completa.

Ao entrar para essa família, vi a beleza que é ser comunidade e como isso preencheu algo dentro de mim que eu nem sabia que precisava ser preenchido. Há muitos desafios, mas há tanta graça, tanta alegria, que, quando tudo isso é vivido sob o olhar de Deus, nada se torna pesado. Pelo contrário, tudo se transforma em um impulso para amar mais. E é aqui que sou surpreendida: no amor entre os irmãos. Eu sou amada por aquilo que sou não pelo que gostaria de ser ou pelo que finjo ser para o outro. Eu sou amada, e ponto. Da mesma forma, sou chamada a amar meus irmãos por aquilo que eles são, em sua inteireza, sem querer mudá-los. Deus nos ama de forma incondicional; tudo o que preciso fazer é replicar esse amor.

Algo que me sustenta nessa vocação é que, ao olhar para os irmãos, sobretudo aqueles com quem partilho minha vida, posso dizer: ‘Eu tenho uma casa’. E não estou falando de estrutura física, mas de uma família onde posso reclinar minha cabeça, falar o que sinto dividir dores e alegrias. É simplesmente ter um lar!

Como é bom partilhar a vida! Ninguém fica triste quando se é comunidade! Às vezes, quando estou em um momento fraterno com meus irmãos, me vem ao coração: ‘O Céu deve ser assim!’. Isso aqui é uma amostra do Céu.

Confiando na Providência de Deus

Como missionários, dependemos inteiramente da providência de Deus. Ao falar sobre isso com as pessoas, muitas se assustam, imaginando a possibilidade de passar por necessidades. No entanto, acontece justamente o contrário: o Senhor é abundante em tudo e sabe exatamente do que precisamos. Assim, Ele nos surpreende cada vez mais. Um dos meios pelos quais a providência nos alcança é por meio de doações que vêm do CEASA. Recentemente, ao se aproximar o dia em que iríamos pedir as doações, uma irmã, mulher de muita oração, fez sua breve súplica ao Senhor: ‘Quem for ao CEASA, tome café e pé na estrada, com a Providência Santíssima e carretinha cheia! Viva!’

Essa irmã fez um ato de fé e confiança! Pouco tempo depois, os irmãos responsáveis pela busca retornaram com a nossa carretinha cheia não havia espaço para mais nada. Foi uma grande festa quando vimos as doações chegando; todos os que estavam presentes ficaram muito felizes!

Deus é um Pai que não permite que falte nada a seus filhos. Se aqui na terra Ele já nos faz desfrutar de seus bens, como não imaginar que no Céu isso será ainda maior? Lá, eu terei muito, muito mais!

Minha experiência pessoal de Céu

Estamos completando 27 anos dessa forma de vida, e como é bom pertencer a essa grande família! Longe dos meus ideais fantasiados, ser comunidade de vida me faz experimentar o Céu em sua concretude nunca sozinha ou desamparada, mas sempre acompanhada por irmãos que também buscam ter o coração ancorado no Céu, confiando plenamente em um Deus que nunca nos abandona!


Joana D’Arck
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator


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