
Há algo que todo ser humano precisa, ou precisará algum dia; e esse algo é a compaixão. A compaixão é um sentimento em que, quem o porta, “sofre com alguém”, “se coloca no lugar do outro”. Significa uma comunhão, que gera proximidade entre duas pessoas. E por que ela é necessária? Porque somos seres humanos, falhos, em busca (ou que deveríamos estar em busca) de nos aproximarmos e nos parecermos cada dia mais com Cristo Jesus, o Qual, sim: é Perfeito!
Há várias passagens na Bíblia que falam que Jesus teve compaixão conosco. Em Marcos 6,34, passagem da primeira multiplicação dos pães, lemos: “Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas”; em Marcos 8,2, passagem da segunda multiplicação dos pães, lemos: “Tenho compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer”; em Mateus 20,34, passagem da cura dos cegos de Jericó, lemos: “Jesus, cheio de compaixão, tocou-lhes os olhos. Instantaneamente recobraram a vista e puseram-se a segui-lo”. Além disso, em muitas passagens, mesmo não sendo citado com palavras que “Jesus teve compaixão”, muitas ações Dele demostravam este sentimento.
A Segunda Multiplicação dos Pães
Aqui, gostaria de chamar atenção para a passagem da segunda multiplicação dos pães. Em Marcos, 8, iniciando no versículo 2, quando Jesus receia em despedir as pessoas, pois elas ainda não haviam comido nada por muito tempo, os discípulos respondem: “Como poderá alguém fartá-los de pão aqui no deserto?” (Mc 8, 4) – sendo que eles já tinham visto Jesus realizar o milagre da multiplicação dos pães uma primeira vez! A passagem prossegue com: “Mas ele perguntou-lhes: ‘Quantos pães tendes? ’ ‘Sete” – responderam. Mandou então que o povo se assentasse no chão. Tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e entregou-os a seus discípulos, para que os distribuíssem e eles os distribuíram ao povo”. (Mc 8, 5-6)
Ou seja, Jesus aqui demonstra compaixão também para com seus discípulos! Mesmo aparentemente sendo subestimado, Jesus expressa compaixão, e amor, sendo a paciência uma expressão deste amor.
Novamente, Ele realiza a multiplicação dos pães e, através da repetição, Jesus recapitula os discípulos, promovendo o crescimento de sua Fé. Assim é a nossa vida: Não só no campo espiritual, mas em diversas áreas de nossa vida, é através da repetição e constância que vamos aprimorando habilidades e adquirindo virtudes, progredindo assim, em um caminho de santidade.
A Humildade que nos “Tira de Nós Mesmos”
Jesus tem paciência conosco porque conhece a nossa realidade, sofre conosco, espera conosco e persevera conosco. No mundo atual, muitas vezes temos dificuldade de nos compadecermos, de nos colocarmos no lugar do outro, nas suas misérias. E, nem sempre, ao nos compadecermos de alguém, significa que este alguém irá mudar. Nem sempre esta pessoa vai mudar na velocidade que gostaríamos, mas ela precisa de alguém compadecido com ela. Os discípulos, possivelmente não foram velozes e inteligentes como Jesus queria e merecia, mas Jesus perseverou com eles, permaneceu ali. Isso é compaixão. Ou seja, a compaixão, muitas vezes, passa pela nossa capacidade de sermos humildes. Precisamos “sair do nosso tempo”, para “entrar no tempo do outro”.
A Nossa Resposta de Fé
Bendito seja Deus, quando conseguimos progredir na Fé, em nossa caminhada de crescimento em santidade! Assim como os cegos de Jericó, que, após recobrarem a vista, “puseram-se a segui-lo”, devemos também fazê-lo, uma vez que somos alcançados pelo amor poderoso e cheio de compaixão do Senhor. Deus sempre está pronto para nos receber, assim como é exemplificado na passagem do Filho Pródigo: “Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou” (Lucas 15,20). Caso seja esta a sua situação, caro leitor, o Pai te espera! Que possamos receber a graça de “cair em nós mesmos”, e “voltarmos para a casa do Pai”!
A Compaixão é Para Todos Nós
Por fim, caso você se sinta impelido a colocar em prática o sentimento de compaixão, saiba que, em cada momento de sua vida, Deus lhe convida a dar respostas de compaixão! E, diferente das nossas primeiras reações, que, geralmente, tem correlação com nossos instintos carnais, quem executa a compaixão recebe uma Graça Divina! O ambiente onde se está inserido, muda! As reações das pessoas se tornam diferentes, a esperança é propagada, e o Amor de Deus cresce neste mundo!
Que o bom Deus nos abençoe!
Camila Zanetoni Martins
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator
Fonte: www.pantokrator.org.br
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