
A diocese de Parintins (AM) incentivou em 2024 a realização de um projeto de inclusão social e eclesial de pessoas com deficiência auditiva por meio da iniciativa “Capacitar para Engajar”, desenvolvida na Escola de Áudio Comunicação. O projeto, que contou com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), da Campanha da Fraternidade, teve como objetivo principal estimular o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a formação de intérpretes com foco pastoral, favorecendo a inserção de deficientes auditivos nas atividades religiosas.

A iniciativa surgiu devido ao crescente número de pessoas com deficiência auditiva na região, destacando-se como referência na educação inclusiva. Desde a criação da Pastoral dos Surdos, em 2019, a diocese tem intensificado seus esforços para ampliar a participação desse público na vida comunitária e religiosa. Segundo a coordenação do projeto, a proposta está alinhada com a reflexão do Papa Bento XVI na Encíclica Caritas in Veritate, que destaca a importância da fraternidade para a verdadeira inclusão social.
Cursos e capacitação
O projeto ofertou dois cursos: um básico de Libras, voltado para familiares, lideranças eclesiais e catequistas, e outro específico para intérpretes. As aulas foram realizadas na Escola Pe. Paulo Manna, tanto presencialmente quanto de forma remota, beneficiando também moradores de Maués. O projeto também promeveu a produção de materiais didáticos em Libras e uma aula inaugural no auditório da escola para todos os participantes.
Impacto social e eclesial
A iniciativa beneficiou diretamente mais de mil pessoas entre homens, mulheres, crianças, adolescentes e jovens. Entre os objetivos específicos estavam a capacitação de novos intérpretes para ampliar a inclusão na Igreja; a captação de mais voluntários para a Pastoral dos Surdos; a mobilização de familiares e amigos de deficientes auditivos para participação em atividades missionárias; e fomentação da cultura da inclusão e da participação social.

Para a implementação do projeto, a diocese de Parintins contou com o apoio do Comitê Gestor do FNS, que destinou um valor que foi usado para a aquisição de equipamentos de informática, instalação de internet, produção de materiais pedagógicos e emissão de certificados. Em contrapartida, a diocese arcou com custos adicionais, como energia elétrica, infraestrutura da Escola Pe. Paulo Manna e apoio pedagógico.
O encerramento do curso aconteceu em dezembro de 2024 com a entrega dos certificados e o envio dos novos intérpretes para contribuir com a inclusão social e pastoral dos deficientes auditivos. Com essa iniciativa, a diocese de Parintins reafirmou seu compromisso com a inclusão e o fortalecimento da fraternidade na comunidade, promovendo a inserção efetiva dos deficientes auditivos na Igreja e na sociedade.

O bispo de Parintins, dom José Albuquerque, salientou que sem a ajuda do Fundo Nacional de Solidariedade não seria possível comprar os equipamentos e nem favorecer os cursos. “Quando se fala em fraternidade aqui nós entendemos que as relações devem se estender a todos, incluindo aqueles que são portadores de necessidades especiais, no caso da pessoa surda, então é óbvio que esses também precisam fazer parte de tudo aquilo que nós vivenciamos, de modo especial na comunidade cristã”, disse.
“E nós temos um número significativos de pessoas surdas, crianças, jovens e adultos no nosso país e aqui na nossa diocese não é diferente, então é claro que para que a fraternidade aconteça é necessário que todos sejam também acolhidos como iguais, como semelhantes, então para que haja não só comunicação, mas uma verdadeira comunhão, entrosamento, uma participação ativa, nós também precisamos saber nos comunicarmos com as pessoas surdas, por isso que esses cursos são importantes porque quanto mais pessoas compreenderem e estiverem ajudando de forma voluntária será possível também acompanhar as pessoas surdas para receber o sacramento, para poder participar das atividades das pastorais, para poder participar das atividades da igreja, então é claro que nós não podemos dizer que a inclusão social é algo à parte ou algo acessório, pelo contrário, nós temos que ter na nossa comunidade essa perspectiva inclusiva: não só apenas aos surdos, mas todos aqueles que precisam de uma atenção especial”, finalizou dom Albuquerque.
Fonte: www.cnbb.org.br
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