sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Prisão de freiras desencadeia protestos contra perseguição na Índia

Freiras vestindo hábitos oram ao lado de noviças na Convenção Bíblica de Indore em Madhya Pradesh, em outubro de 2023. | Anto Akkara


31 de jul de 2025 às 10:11

A prisão de duas freiras acusadas de conversão e tráfico de pessoas no Estado de Chattisgarh, Índia, desencadeou uma onda de protestos.

Os protestos começaram com as prisões em 25 de julho e se intensificaram desde que a libertação das freiras foi adiada. O governo nacionalista hindu do Partido Bharatiya Janata (BJP) que se opõe à fiança para as religiosas.

"Que tipo de justiça é essa?", perguntou ontem (30) o arcebispo maior de Trivandrum, cardeal Baselios mar Cleemis, da Igreja Siro-Malabar, ex-presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Índia (CBCI, na sigla em inglês).

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O cardeal falava ao final de uma marcha de protesto até a Assembleia Legislativa de Kerala em Thiruvananthapuram, exigindo a "libertação imediata" das freiras, que são de Kerala, centro do cristianismo na Índia.

Em 27 de julho, a CBCI expressou "indignação e profunda preocupação com a recente prisão" das freiras na estação ferroviária de Durg, em Chattisgarh. As religiosas foram presas quando chegaram à estação para receber três jovens em seus conventos.

A irmã Preetha Mary e a irmã Vandana Francis pertencem à congregação das Irmãs de Maria Imaculada de Assis. A polícia as acusou de "conversão e tráfico de pessoas", disse a CBCI.

Segundo a CBCI, as freiras foram "submetidas a assédio, falsas acusações e casos fabricados”.

“Elas foram agredidas fisicamente e a prisão ocorreu apesar das cartas de consentimento por escrito emitidas pelos pais de cada mulher acima de 18 anos de idade", disse a conferência episcopal.

"Elementos antinacionais", como "grupos fundamentalistas hindus", estão "rastreando os movimentos das freiras católicas", diz a CBCI.

"Tais incidentes não só ameaçam a modéstia das mulheres, mas também colocam suas vidas em grave perigo”, diz a conferência episcopal. “Essas repetidas ações injustificadas são uma grave violação da Constituição e não podem ser toleradas".

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"É absolutamente chocante e triste que as duas religiosas tenham sido detidas ilegalmente sob falsas acusações de tráfico humano e conversão forçada", disse ontem à CNA, agência em inglês da EWTN, a irmã M. Nirmalini, presidente da ala feminina da Conferência da Índia Religiosa.

"Chocantemente, as acusações foram feitas sem apurar ou verificar os fatos", disse a freira, membro da Congregação Apostólica do Carmelo.

"Toda uma brigada anti-minoria está provocando um frenesi para criar uma narrativa falsa e polarizar as pessoas contra os cristãos e particularmente os tribais", disse Nirmalini. "Isso deve parar imediatamente e os responsáveis e a polícia local devem ser autuados pelas autoridades superiores".

"Algumas congregações pediram aos membros que evitassem hábitos tradicionais em locais públicos para evitar assédio", disse Nirmalini.

"Até o presidente do BJP de Kerala [criticou] a prisão das freiras. No entanto, elas continuam presos por acusações forjadas", disse Cleemis, que junto com uma dúzia de bispos usava fitas pretas no rosto, enquanto centenas de freiras, padres e até não-católicos se uniram ao recente protesto na capital de Kerala.

Rajeev Chandrasekhar, presidente do BJP em Kerala, disse a repórteres em Nova Délhi, capital da Índia: "Nossa principal prioridade é proteger as freiras e garantir a justiça".

"A perseguição das freiras, prendendo-as, é uma vergonha para o país", disse ontem (30) John Brittas, membro católico da câmara alta do Parlamento Indiano, em debate parlamentar.

Protestos continuaram em várias outras cidades de Kerala e em outros lugares, como Bangalore, enquanto as freiras continuam a definhar na prisão.

"Não se pode manter a Constituição indiana como refém”, disse o arcebispo de Thrissur, Andrews Thazhath, em protesto na última terça-feira (29). “Prender freiras por oferecerem emprego a jovens cristãs com o consentimento de seus pais é uma vergonha nacional".


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