De dificuldades para o nascimento a uma doença que quase impediu sua ordenação, padre Jonas teve vários momentos de enfermidade ao longo da vida, sempre vividos com fé
Catarina Jatobá
Da Redação
Monsenhor Jonas em dezembro do ano passado, já em tratamento, celebrando seus 85 anos de vida / Foto: Arquivo Canção Nova
Com uma vida dedicada à evangelização, mas sendo antes de tudo um ser humano, o fundador da Comunidade Canção Nova, Monsenhor Jonas Abib, também enfrentou momentos de enfermidade, superados com fé.
Neste último ano de vida, o sacerdote tratava um mieloma. A descoberta foi em 2021, durante investigação de uma anemia e alteração nos rins. Um mal estar o levou a ser internado em São Paulo e foi preciso um cateterismo e a colocação de dois stents. Após um mês de internação e uma melhora nos exames, ele foi liberado para continuar o tratamento em casa. No dia 28 de maio, Monsenhor Jonas foi recebido com festa na sede da Canção Nova, em Cachoeira Paulista.
Ao longo do tratamento, com imunidade baixa, enfrentou também episódios de pneumonia. Durante sua enfermidade, viveu o que sempre pregou: “Mesmo enfermo, eu sou guerreiro”. Continuou celebrando a santa missa e pregando de casa, com transmissão pela internet. O que o sacerdote sempre fez para grandes multidões, não exitou em fazer com ousadia para multidões que o acompanhavam agora à distância.
“Senhor, esses meus irmãos e irmãs que não tiveram ainda esse encontro pessoal contigo, dá-lhes essa graça. Eu não era melhor do que ninguém e não sou melhor do que ninguém, eu recebi, foi um presente, Senhor. Dá esse presente para cada um desses meus irmãos e irmãs, que eles se encontrem contigo”, pediu em uma de suas homilias realizadas on-line.
Enfermidades desde o nascimento: os milagres da vida
Desde o nascimento, a vida do padre Jonas foi marcada por milagres. Uma complicação no trabalho de parto não permitia que o bebê nascesse. O próprio sacerdote relatou essa história algumas vezes em suas homilias (confira uma delas aqui) . Sua mãe, Dona Josefa, recorreu à intercessão de Dom Bosco para dar à luz o filho.
Quando tinha apenas dois anos de idade, uma doença séria, o tracoma, ameaçou a saúde dos olhos do pequeno Jonas. A cura da doença veio por meio de uma cirurgia nos dois olhos.
Ano mais tarde, mas ainda como seminarista, no quarto ano de teologia, uma doença misteriosa quase o impediu de ser ordenado. A doença o levou a ser transferido do seminário em São Paulo para Lavrinhas, no Vale do Paraíba, interior paulista. Neste contexto, padre Jonas foi convidado a participar de uma Mariápolis em Lorena, onde viveu forte experiência espiritual, o encontro pessoal com Jesus. Esse grande marco em sua vida o fez encontrar uma nova coragem e persistir na caminhada para sua ordenação sacerdotal. Dedicado, ele conseguiu retornar ao seminário e ser aprovado em todos os exames. Foi ordenado padre no dia 8 de dezembro de 1964 e após esse dia uma melhora inexplicável colocou fim àquela doença.
Desgaste físico e mental
Após anos de entrega ao Reino de Deus, Monsenhor Jonas Abib atravessou um grande desgaste físico e mental. “Acima de tudo, nós somos gente, Senhor. Somos apóstolos, sim, mas antes de sermos apóstolos, nós somos gente”, chegou a dizer em uma de suas pregações.
Em um documentário sobre a história do padre Jonas (https://www.youtube.com/watch?v=3sXi0ldinhg) , testemunhos de pessoas próximas relataram o desgaste físico e emocional que o sacerdote teve ao longo da vida. Isso devido tanto a dificuldades internas quanto a críticas externas ao longo de seu trabalho evangelizador. Mas o grande sofrimento deste tempo, foi o deserto na vida espiritual, própria de quem atravessa uma “noite escura”.
“No tempo da minha enfermidade, como foi o meu relacionamento com Deus? Eu diria terrível. O que mais me fez sofrer na minha enfermidade foi justamente isso: eu era como alguém que buscava no ar, tentando pegar Deus e não conseguia. Eu estava num vazio enorme. Eu nunca parei de rezar: eu rezava o ofício divino, que todos os padres rezam, eu rezava as orações de um bom cristão, eu rezava bastante, inclusive porque não podia fazer outras coisas, mas tudo num vazio, eu não sentia nada”, contou o próprio sacerdote no documentário.
O tempo de dor foi também de muitos frutos, colhidos com oração em favor dos outros. “Na oração eu buscava a fé e consegui coisas maravilhosas para as outras pessoas. Pra mim eu não conseguia nada, mas eu ficava contente: ‘os outros estão sendo beneficiados e Deus está sendo servido’. Então foi uma aventura de fé que eu vivi na minha enfermidade. Foi terrível, foi duro mesmo, mas ao mesmo tempo foi muito lindo. O proveito espiritual que eu tirei dessa experiência não dá para contar”.
O sacerdote se recuperou e no Acampamento Hosana Brasil de 2013 pôde cantar as vitórias de Deus sobre sua vida. Ele reconheceu sua recuperação como graça de Deus.
“Eu espero passar dos 100, mas não sei se passo (…) A vida é caminhar, sou peregrino do amor, vou semear a esperança deste mundo que há de vir e eu não me canso de cantar”, cantarolou o sacerdote no documentário na entrevista concedida para o documentário sobre sua vida.
Fonte: cancaonova.com
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