quarta-feira, 19 de abril de 2023

Santo Expedito


Sabe-se que Expedito era romano e nasceu no século III. Foi senador em Roma, príncipe-consul do Império na Armênia, e chefe militar de 296 a 303, comandando a XII Legião Romana, a Fulminata (“aquela que fulmina como um raio”), uma das mais gloriosas, tendo sido inclusive anteriormente dirigida pelo imperador Marco Aurélio.

O comando desta legião exigia invulgar competência e coragem, na incumbência de guardar as fronteiras orientais romanas contra os bárbaros asiáticos.

Consta que Expedito, como outros comandantes romanos, levava vida devassa. Conheceu a Fé na sua própria Legião, formada em parte por soldados cristãos, um deles, Polieucto de Metilene, mártir em 193. Também o contato com outros povos nas fronteiras lhe facilitou o conhecimento de cristãos. Mesmo reconhecendo a verdade do Cristianismo, Expedito adiava indefinidamente a sua conversão, até que, num sonho, apareceu-lhe um corvo que gritava insistentemente “Cras!”, em Latim, “Amanhã!”; o diabo não queria que ele se batizasse. Mas Expedito, decidindo-se, pisoteou o corvo, respondendo: “Hodie!”, “Hoje!”. Ao acordar, tomou as providências para ser batizado, e ainda liderando a XII, chegou a converter seus soldados.

A conversão desta tropa muito incomodou o imperador Dioclesiano, pois era uma forte influência pró-cristianismo no Império. Assim Expedito foi preso e intimado a abjurar, o que ele recusou. Foi condenado à flagelação romana, 39 chicotadas com o flagrus, que dilacera a pele e provoca hemorragias. E julgou-se indigno de sofrer o mesmo castigo infligido a Jesus pelos soldados romanos… como não mudou de ideia, o decapitaram, em 19 de abril de 303, em Metilene, na Armênia. Seus soldados foram igualmente martirizados, e tais exemplos converteram muitos da região.

Santo Expedito é padroeiro das causas urgentes, dos militares, dos estudantes e dos viajantes.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

"Expedito" talvez não seja o nome verdadeiro deste santo, uma vez que não é necessariamente um nome próprio, e havendo mais de uma versão para que tenha sido atribuído a ele. Mas certamente indica o que de mais fundamental ele nos deixa como exemplo, ou seja, não adiar a nossa conversão, radical e definitiva, a Cristo. Pois não sabemos o dia da nossa morte, e o diabo sempre nos tenta a não levarmos “tão a sério” os compromissos cristãos, visando assim a nossa perdição. A preguiça é um dos sete Pecados Capitais: não uma brincadeira; e ela se manifesta de inúmeras formas sutis, como “rezarei o Rosário – pedido expresso de Nossa Senhora em Fátima, para evitar grandes castigos e salvar muitas almas – mais tarde…”, ou “depois distribuirei aquelas doações”, ou “amanhã visitarei aquele doente”, etc.; nossas obrigações e obras de caridade concreta, oração e ação, ficam sempre adiadas… por qualquer motivo que, de fato, nunca terá a mesma importância ou prioridade. “Hodie!”, “Hoje!”, agora, já! Pois não somos donos do tempo. De resto, qual apaixonado adia o encontro com a amada, ou um serviço, um agrado, que a ela deseja fazer? Amamos, realmente, a Deus? “No entardecer da vida seremos julgados pelo amor” (São João da Cruz); “Tudo aquilo que fizestes a um só destes meus irmãos mais pequenos, a Mim o fizestes” (Mt 25,40). É bom invocar Santo Expedito, com fé e confiança, em situações urgentes e extremas; melhor é imitar o seu exemplo de vida, cumprindo correta e pontualmente nossas obrigações para com Deus e o próximo; começemos, talvez, por invocá-lo na urgência, absoluta, da nossa conversão.

Oração:

Senhor Deus, que na Economia da Salvação não adiais em nada o Bem que nos quereis fazer, concedei-nos pela intercessão de Santo Expedito a consciência claríssima da urgência de Vos servir e amar, para que efetivamente o concretizemos na caridade, rechaçando energicamente o flagelo da preguiça, do comodismo, da indiferença que rasgam a alma, de modo a que o único sangue transbordante de nós seja o do Vinho Consagrado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

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