segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Por que a Igreja é denominada Católica?

Entenda porque a Santa Igreja, esposa de Cristo, é chamada de “católica”, em mais um artigo de Rodrigo Santos da série sobre o Catecismo.
22 janeiro 2024.

Basílica de Nazaré. Foto: comshalom

O nome da Igreja, que foi se consolidando ao longo dos séculos, como citamos em matérias anteriores, expressa, além de sua identidade, também sua missão, enfim, sua razão de ser. É Igreja, porque é comunidade de discípulos, filhos de Deus, família de Deus. Essa comunidade santa é também católica, que significa universal, para todos os povos, raças, línguas e nações.

Essa compreensão, hoje tão consolidada, não se formalizou sem tensões, mesmo entre os apóstolos, fiéis da primeira hora. Alguns, com percepção ainda limitada da obra messiânica de Cristo, acreditavam que a salvação, a redenção era apenas para os judeus. Um grande visionário dessa catolicidade da Igreja foi apóstolo Paulo, conhecido como apóstolo dos gentios (pagãos). Leia o que diz o Catecismo:

“A palavra ‘católico’ significa ‘universal’ no sentido de ‘segundo a totalidade’ ou ‘segundo a integridade’. A Igreja é católica num duplo sentido: É católica porque Cristo está presente nela: ‘onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja Católica’. Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça, o que implica que ela receba d’Ele a ‘plenitude dos meios de salvação’ que Ele quis: confissão de fé reta e completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e sê-lo-á sempre até ao dia da Parusia” (CIC 830).


Continua ainda o documento: “É católica, porque Cristo a enviou em missão à universalidade do gênero humano: Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus. Por isso, permanecendo uno e único, este povo está destinado a estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou a natureza humana na unidade e decidiu enfim reunir na unidade os seus filhos dispersos […]. Este carácter de universalidade que adorna o povo de Deus é dom do próprio Senhor. Graças a tal dom, a Igreja Católica tende a recapitular, eficaz e perpetuamente, a humanidade inteira, com todos os bens que ela contém, sob Cristo Cabeça, na unidade do Seu Espírito” (CIC 831).


Essa universalidade da Igreja se comunica na particularidade de cada povo, raça, língua e nação. A narrativa do Evangelho não diz: “E o verbo de Deus se fez judeu…” Isso seria diminuir, empobrecer o fenômeno da encarnação. O texto bíblico sugere propósitos bem mais elevados e diz: ”E o verbo de Deus se fez carne (homem) e veio habitar entre nós” (Jo 1,14). A encarnação de Cristo universalizou os beneficiados da promessa.

O Apostolo Paulo não era um homem de meias medidas, conhecia as leis de seu povo, entretanto, após ser envolvido pela Boa Nova de Cristo, mesmo sendo um judeu conservador, tornou-se um grande missionário. Foi ainda mais longe do que os demais apóstolos, pois recebeu de Cristo a missão de anunciar a Boa Nova a todos os povos, e não apenas aos judeus. Veja o que o Catecismo diz:

“Todos os homens são chamados […] à unidade católica do povo de Deus; de vários modos a ela pertencem, ou para ela estão ordenados, tanto os fiéis católicos como os outros que também acreditam em Cristo e, finalmente, todos os homens sem exceção, que a graça de Deus chama à salvação. Estão plenamente incorporados na sociedade que é a Igreja aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, aceitam toda a sua organização e todos os meios de salvação nela instituídos, e que, além disso, pelos laços da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão, estão unidos no todo visível da Igreja, com Cristo que a dirige por meio do Sumo Pontífice e dos bispos. Mas a incorporação não garante a salvação àquele que, por não perseverar na caridade, está no seio da Igreja ‘de corpo’, mas não ‘de coração’” (CIC 836-837).

Esse entendimento sugere que, como batizados, como membros da Igreja Católica, jamais devemos arrefecer diante do mandato missionário de Jesus: “Ide por todo mundo e a todos pregai o evangelho” (Mc 16,15). O mandato missionário é um dom batismal. Que Deus, então, nos ajude a abraçar essa feliz vocação, fortalecendo a universalidade da Igreja.
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