Ser pai ou mãe é uma das maiores dádivas que o Pai concedeu ao homem. Porém, essa dádiva é recheada de desafios e, somente com a graça de Deus é possível vencer cada obstáculo. Vivemos em uma época secularizada, na qual os valores e os princípios se perderam. O que é certo? O que é errado? Quais são os valores que devemos ensinar aos nossos filhos? São perguntas que se não estivermos ancorados na Cruz de Cristo, dificilmente conseguiremos responder.
Educar um filho, formar o caráter de um cidadão não é algo simples e fácil. Infelizmente, muitos pais presumem que criar um ser humano é algo similar a uma receita de bolo, basta seguir o passo a passo que tudo dará certo. Buscam apenas alimentar, pagar uma “boa escola”, vestir e ofertar algum tipo de lazer. Doce ilusão! É preciso muito mais que isso. É preciso compreender a missão, a vocação que nos foi dada. A missão de sermos anjos, protetores, formadores da nova geração de adoradores, padres, freiras, missionários, maridos, esposas, celibatários, servos de Deus.
Compreendendo as bênçãos e a missão da paternidade e da maternidade
As bênçãos da paternidade transcendem a racionalidade humana! A exemplo disso, é a promessa que Deus deu a Abraão: uma descendência incontável, assim como as estrelas do céu (Genesis 15,5). Veja! O Senhor prometeu a Abraão uma descendência numerosa, grande e magnânime. A prova disso está no livro de Lucas 3,34, no qual podemos identificar Abraão presente na genealogia de Cristo. Ou seja, a promessa do Altíssimo a Abraão foi percursora, direta ao plano salvífico de Deus. Ao pararmos para refletir quão valiosa foi a promessa de Abraão e consequentemente a sua descendência, podemos compreender o tamanho da responsabilidade que temos em nossas mãos como pais: somos percursores das gerações que continuarão a propagar a salvação até o retorno do nosso Senhor Jesus. Que missão! Que honra! Que bênção!
Pais e Mães em ordem de batalha
Ao entendermos a dimensão da missão que nos foi dada, passamos a compreender que a educação dos nossos filhos é algo regido não apenas pelo mundo terreno, mas fortemente pelo mundo espiritual. Pois, se há uma coisa que o inimigo não desiste, é de impedir que o evangelho, e consequentemente a salvação, cheguem às almas que necessitam de Deus. Meus irmãos, não quero aqui criar um roteiro sensacionalista e valorizar as artimanhas do adversário, entretanto é preciso tomarmos consciência de que o mundo espiritual existe, quer queiramos ou não. Então, precisamos entender que estamos em uma guerra, e nas batalhas só vencem aqueles que estão em posição de combate.
Homens, assumam a posição de cabeça dos seus lares, mostrem aos seus filhos a honra de serem providentes e protetores; a honra de amarem suas esposas, seus filhos, suas famílias e de serem capazes de se entregarem à morte por elas, assim como Jesus se entregou na cruz por todos nós. Mulheres, assumam a posição de corpo do seus lares, mostrem aos seus filhos a honra de ser o sustentáculo de um lar, de serem as pernas que conduzem a cabeça ao destino, de serem as guardiãs e a expressão terrena do amor de Cristo. Mesmo os irmãos viúvos ou por qualquer outro motivo não vivam o matrimônio com os pais ou mães de seus filhos, precisam assumir essa posição. Assumam e não se arrependerão. Ainda que seja mais difícil, porém a graça de Deus é tão grande que nos deu São José e a Virgem Santíssima como pais espirituais e eles estarão com cada irmão que luta essa guerra sozinho.
Revestidos de Deus e da Igreja.
“Instrua a criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não há de se afastar” (Provérbios 22,6). Esse, sem dúvida, é um dos versículos sobre ensinamento aos filhos mais conhecidos da bíblia. Talvez alguém possa dizer que já faz isso, que já ensina o seu filho o caminho que ele deve seguir. Todavia, quero lhe convidar a aprofundarmos um pouco mais a reflexão sobre esse versículo. Muitos de nós somos catequizados, crismados, temos uma história com a igreja e com Deus. Olhar esses atributos e entender que esse é o caminho que devemos mostrar aos nossos filhos, não está errado. Contudo, é preciso muito mais que apenas mostrar o caminho, precisamos ensiná-lo. Somos agraciados grandemente por pertencermos a uma Igreja fundada por Cristo e que através dos seus sacramentos nos conduzem a uma vida com Jesus. Porém, infelizmente muitos pais tradicionalizaram a vivência e a fé católica entregando aos seus filhos um script de vida. Entenda! Não estamos falando aqui da Tradição da Igreja, um dos 3 pilares que sustentam a doutrina e a fé católica, e sim, de uma ação que rouba o sentido do catolicismo e a integridade da fé dos nossos filhos.
Batiza-se por tradição, catequiza-se por tradição, crisma-se por tradição, casa-se por tradição, tornando-se pessoas por muitas vezes super presentes na Igreja, mas completamente vazias dela e de Cristo. Uma realidade triste e que tem se tornado cada vez mais comum entre os pais de hoje: católicos por tradição.
É preciso que façamos uma autoanálise e vejamos o que temos ensinado aos nossos filhos. Temos ensinado que os sacramentos nos levam a um caminho de salvação mas não a garantem? Temos ensinado que é preciso conversão? Que é preciso uma vida de oração e intimidade com Deus? Temos ensinado que O Pai não é algo abstrato, mas real? Temos ajudado os nossos filhos a viverem as suas experiências particulares com Deus e a aprenderem dEle a depender? Temos sido exemplos e temos conduzido os nossos filhos ao Amor Poderoso? É preciso que ao passarmos a fé que aprendemos dos nossos pais aos nossos filhos, passemos-a na íntegra. Para isso, é imprescindível que nos revistamos da Igreja e de Deus, que intensifiquemos a nossa relação com o Eterno. Afinal, alguém só é capaz de dar aquilo que tem. Desse modo, peçamos a intercessão de São Luís Martin, Santa Zélia Martin, São José e Nossa Senhora, que eles nos eduquem como pais, nos conduzam a um caminho de intimidade com o Senhor e de verdadeira vivência com a Igreja. Vivendo a religião e não a religiosidade.
Denis Dias
Postulante na Comunidade Católica Pantokrator
Fonte: www.pantokrator.org.br
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