terça-feira, 17 de setembro de 2024

São Roberto Belarmino

Roberto Belarmino nasceu em 1542, na cidade de Montepulciano, perto de Siena, na Toscana, Itália. Sua família era nobre, extremamente católica, mas empobrecida; seu pai foi governador da cidade e sua mãe era irmã do futuro Papa Marcelo II, por apenas 22 dias em 1555. Dos 12 filhos, seis foram religiosos.

Roberto nasceu franzino e doente, e com excepcional inteligência. Desde cedo muito estudioso, aprendia com facilidade, gostando de visitar o Santíssimo Sacramento e fazer os jejuns do Advento e da Quaresma. Jovem, já com ótima formação humanística, entrou para a companhia de Jesus em 1560. Em 1563, seus méritos acadêmicos o levaram a ser nomeado professor do Colégio de Florença. No ano seguinte passou a lecionar Retórica no Piemonte.

Em 1566 foi para o colégio de Pádua onde estudou Teologia. Por fim, em 1567 foi enviado pelo superior São Francisco de Borja para Louvain, já conhecido no país como pregador; devia defender a Fé contra os questionamentos luteranos, ensinando também Teologia. Seu preparo havia incluído o conhecimento profundo em Filosofia, Teologia, os Padres da Igreja, São Tomás de Aquino, outros Doutores da Igreja, os Concílios e a História da Igreja. Foi ordenado sacerdote em 1570.

Entre 1576 e 1586 lecionou Apologética, para ensinar a verdadeira Doutrina, no Colégio Romano, convocado pelo Papa Gregório XIII, que estava preocupado com os erros que se espalhavam nos centros universitários. Esta cátedra se chamava Controvérsias, e a compilação das suas aulas deu origem, por ordem dos seus superiores, ao livro "As Controvérsias Cristãs sobre a Fé" (Controversiae), um tratado sobre todas as heresias, e uma das obras teológicas mais consultadas de todos os tempos; seu conteúdo une a sabedoria das ciências terrenas, o conhecimento espiritual e a fé. Este período pós Concílio de Trento (1445-1563), no qual se enquadra o trabalho de Roberto, foi fundamental para a resposta da Igreja à heresia protestante.

De 1588 a 1594 Roberto foi pai espiritual dos alunos jesuítas do colégio Romano, então com cerca de 2.000 estudantes, incluindo São Luís Gonzaga; em 1592 foi nomeado diretor. Também foi por dois anos superior provincial de Nápoles, quando o Papa Clemente VIII o chamou a Roma como seu consultor. Neste período (1597-1598), escreveu o “Catecismo, Breve doutrina Cristã”, com dezenas de edições e traduzido em mais de 50 idiomas. Foi nomeado pelo Papa como teólogo pontifício, consultor do Santo Ofício e reitor do Colégio das Penitenciárias da Basílica de São Pedro.

Em 1599 tornou-se Cardeal e em 1602 arcebispo de Cápua (contra a sua vontade, mas por obediência), destacando-se nas pregações, pelas visitas semanais às paróquias, pela criação de um Conselho Provincial e pela convocação de três sínodos diocesanos. Participou dos conclaves que elegeram os Papas Leão XI (faleceu após 27 dias) e Paulo V, que o chamou ao Vaticano, como membro das Congregações do Santo Ofício, do Índice, dos Ritos, dos Bispos e da Propagação da Fé. Nos seus últimos anos, assumiu ainda cargos diplomáticos na República de Veneza e na Inglaterra, defendendo os direitos da Sé Apostólica. Neste tempo escreveu também muitos livros sobre espiritualidade.

A sua ação como professor, formador, pregador e escritor foi fundamental para combater os males do luteranismo, e pode-se dizer que se a Áustria e Alemanha, por exemplo, ainda mantiveram o Catolicismo, foi em boa parte por sua influência.

Sentindo aproximar-se o fim, pediu dispensa dos seus cargos na Cúria e retirou-se para o Noviciado de Santo André, no Quirinal, Roma, a fim de “esperar o Senhor”. Faleceu aos 17 de setembro de 1621, com 79 anos, surdo e com vários problemas de saúde, que aliás o acompanharam ao longo da vida. É um dos Doutores da Igreja, e o único jesuíta canonizado como cardeal e como bispo, depois de procurar evitar durante toda a vida qualquer honra e dignidade.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A espiritualidade de São Roberto Belarmino está centrada na bondade infinita de Deus, que a todos acolhe e perdoa, se há sinceridade na alma. Destaca também a oração, fonte de união com Deus e portanto de alegria e serenidade. Sua formação jesuítica, com a prática dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, lembra sempre a finitude desta vida, e assim a sua razão de ser e objetivo: a glória de Deus. Tudo o mais é secundário, é caminho; sucesso ou fracasso nas coisas humanas, o único que verdadeiramente importa é servir com amor a Deus, e portanto tudo o que fazemos deve levar somente isto em consideração; é preciso prestarmos atenção ao que fazemos, para corrigir a direção sempre que necessário. Neste sentido, como sempre, a oração, os Sacramentos, e o conhecimento da Verdade são essenciais. A apologética, isto é, a defesa das Verdades da Igreja, enfrenta hoje desafio ainda maior do que nos começos do protestantismo, e muito devemos rezar pela santa formação do clero, em primeiro lugar, e dos fiéis. As universidades, cuja origem foi de iniciativa católica (fato histórico incontestável), atualmente funcionam em grande número como centros de apostasia, mundanismo e idelogias ateias. Se o diabo conseguiu agir no Paraíso Terrestre, não surpreende que aja em qualquer instituição deste mundo, mas isso não significa que necessariamente vá triunfar. Depende da resposta da nossa santidade, pessoal fundamentalmente, e que inclui todos os esforços necessários para combater o mal e a mentira na formação das pessoas, começando em casa, nos colégios, universidades, seminários… Deus nunca deixará de dar as graças necessárias. Mas como agem os católicos, que são pais, professores, sacerdotes, bispos, responsáveis…?

Oração:

Senhor Deus, de sabedoria infinita, e que sempre nos ensinais a Verdade, concedei-nos pela intercessão de São Roberto Belarmino buscarmos, pela oração e aprofundamento no conhecimento da Vossa Doutrina, não nos deixarmos abater pelas doenças, principalmente da alma, mas vivermos coerentemente uma intrépida defesa da Fé, com exemplo e ensino, para assim reavermos por Vossa graça a nobreza da condição humana, decaída pelo pecado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

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